quarta-feira, 29 de outubro de 2014

A ressaca das propostas econômicas


É consenso que esta eleição marcou o ápice da polarização na política recente do Brasil. Os ânimos subiram em ambos os lados, do núcleo da campanha às discussões no Facebook e militantes na rua. No meio desta confusão, muitos temas foram mal abordados e rotulados de forma equivocada. Principalmente os temas relacionados à política econômica. Já uma campanha é um momento marcante para sociedade, boas ideias podem ficar estigmatizadas. Então cabe a nós economistas resgatá-las antes que o estrago seja permanente e nenhum político tenha mais coragem de encampá-las. (Isto também quer dizer que este texto é endereçado a quem não é economista, ou é economista em formação)

Vou começar falando do controle da inflação. Parece óbvia a necessidade de manter a inflação baixa e sob controle, mas a eleição mostrou que esta ideia não está cristalizada na cabeça do eleitor. No discurso eleitoral o governo passou uma ideia de que a inflação está baixa e que combatê-la seria uma estratégia contrária ao desenvolvimento do país. Nada mais equivocado. Uma inflação baixa é uma das condições essenciais para um desenvolvimento equitativo. A inflação é um mecanismo concentrador de renda, pois corrói o poder de compra dos assalariados e de todos que possuem dinheiro à vista. Mais ainda, a perspectiva de alta de inflação traz risco para quem quer comprar ativos denominados em moeda (como títulos da dívida). Isso afeta, por exemplo, a disponibilidade de um banco oferecer um empréstimo.

A campanha governista acusou a oposição de pretender combater a inflação às custas de aumento do desemprego. Por outro lado, a proposta governista seria capaz controlar a inflação sem prejuízo dos empregos (ver link). No entanto, o governo não é capaz de fazer isso. Existem duas ferramentas básicas de controle da inflação, a política fiscal (gastos do governo e arrecadação de impostos) e a política monetária (taxa de juros, compulsório bancário, etc.). Qualquer uma das duas afetam a inflação apenas na medida em que desaquecem o mercado de trabalho. Logo, controlar a inflação sem gerar desemprego é o mesmo que não controlar a inflação. Em teoria uma desinflação poderia ocorrer sem custo de desemprego, com uma autoridade monetária que desfrute de credibilidade (condição 1) num mercado sem rigidez de preços (condição 2). No momento, essas duas condições não são válidas, logo, não rola.

O lado "bom" é que o desemprego sobe apenas quando a inflação está caindo. Quando ela se estabiliza num patamar menor, o emprego volta a um nível “normal” (Boas referências do NBER são esse paper do Ball e esse do Gordon). Ou seja, manter uma inflação baixa não significa ter um desemprego sempre alto mas apenas enquanto a inflação estiver em queda (veja o post do Mauro sobre a taxa de sacrifício). Da mesma forma, ter uma inflação estável e alta não garante emprego de ninguém. Por isso que no longo prazo é sempre melhor ter menos inflação (há um limite pra isso também. Deflação costuma ser ruim, mas esse é um problema remoto). 

Mas e quanto aos outros instrumentos de política econômica? Ao longo dos últimos 4 anos o governo segurou tarifas de setores regulados e reduziu impostos em vários setores, sempre com um olho no bônus gerado pela menor inflação. Mas estas políticas têm efeitos pontuais sobre a inflação e não são capazes de alterar a tendência. Em pouco tempo eles somem. Além do mais, para utilizá-las é preciso ter espaço no orçamento. Não há mais! Há meses o governo não cumpre o superávit primário e nossa dívida está crescendo. Se seguirmos nesse ritmo ela voltará rapidamente a ser um problema (tomara que não cheguemos a isso!). Aí a coisa fica muito pior.

Enfim, não há milagres no controle da inflação. Não deveríamos nos satisfazer com uma taxa estável em 6 ou 6,5%, muito menos tolerar uma taxa ainda maior. Esse ritmo traz custos altos para a sociedade. Como aprendem os alunos de economia no primeiro semestre, há um trade-off e o governo vai ter que escolher. Não dá pra reduzir a inflação sem aumentar o desemprego. É aguardar pra ver.

28 comentários:

  1. Rafael,

    Parabéns pelo post, concordo com muita coisa que você colocou.

    Faço apenas um pequeno comentário. Sobre o seguinte trecho:

    "A Inflação é um mecanismos concentrador de renda, pois corrói o poder de compra dos assalariados (...)".

    Este é o argumento tradicional para combater a inflação. No caso recente da economia brasileira, no entanto, o salário real está crescendo, ou seja, o poder de compra dos assalariados está aumentando (e não diminuindo). A rigor, você pode também analisar o salário mínimo real (deflacionado pelo INPC). Você vai ver que o argumento tradicional não encontra muita força na economia brasileira atual (OK, isso pode não ser sustentável, mas o fato é que até agora não há indícios de perca do poder de compra dos assalariados no Brasil).

    Abs

    Antonio

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    1. mas entre os reajustes há perda no poder de compra das pessoas, não? sem falar no dinheiro na poupança ou em espécie

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    2. Não é verdade isso Antonio. O crescimento do salário real nao quer dizer tudo. Existem os desempregados, os conta-propria. Empregado na estatistica é quem trabalhou na semana anterior...Os pobres sofrem mais "choques" no emprego, e os preços sobem independentemente dos dias que as pessoas nao trabalham.

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    3. É verdade Cláudio Berbel.

      O certo nesta discussão é ignorar os principais indicadores concretos que se tem em mãos para analisar o poder de compra dos assalariados.

      Onde eu estava com a cabeça quando sugeri olhar para o salário real e o salário mínimo real? O grosso da população são os desempregados e os conta própria...

      Você só pode estar de sacanagem!

      ÓBVIO que o salário real não quer dizer tudo, nem sugeri isso, mas quer dizer muito mais do que o que você colocou...

      Abs
      Antonio

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    4. Antônio, pegue o total da população do Brasil, e classifique-as pela fonte de renda primária delas (salário, salário do pai, aposentadoria, bolsa família), considerando também como essas fontes de renda são compostas (por ex, se o trabalhador trabalha para um banco, uma empresa pequena, é profissional liberal, é informal...). Agora pegue qual é o % dessas pessoas que tem reajuste das suas remunerações numa frequência minimamente razoável, digamos 1 ano. Diria que não é muito - trabalhadores de setores fortemente sindicalizados, como bancários e metalúrgicos, alguns poucos funcionários públicos e olhe lá. O resto vai ter reajustado sua remuneração sabe-se lá quando Deus quiser. No longo prazo, a curva pode mostrar crescimento real, mas renda é uma variável a ser calculada por área (recebido ao longo do tempo); mesmo a renda real crescendo ao longo do tempo, quanto maior a inflação e quanto menor a frequência de reajustes, maior o impacto na capacidade de compra das pessoas no cotidiano. E fica óbvio pq o mais pobre sofre mais com isso. Apenas um dos aspectos de porquê apenas olhar crescimento de renda real não fecha a conta toda.

      César

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    5. Viu, eu não tava de sacanagem...mas já que vc usou o termo eu vou aproveitar...

      Quando vc escreve "Este é o argumento tradicional para combater a inflação. No caso recente da economia brasileira, no entanto,..." e "O certo nesta discussão é ignorar os principais indicadores concretos..." , isso evidencia algo bem comum na "lógica" brasileira...O problema é sempre da teoria, que não serve para o "nosso caso", e nunca dá má aplicação ou mau entendimento dessa teoria...

      abs!

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  2. Rafael, tenho a impressão de que inflação alta não-combatida já tem um efeito imediato negativo sobre o nível e/ou qualidade do emprego. No caso da indústria, ou o que restou da indústria de exportação, quando há uma política governamental de valorização real dos salários faz todo diferença se a inflação é de 0% ou 6,5% ao ano. Se o industrial se vê obrigado a ajustar os salários em 2%a.a. em termos reais, no primeiro caso isso significa aumento nominal de 2% nos custos de salários e no segundo aumento nominal de 8,5%. O problema é que o produto da indústria exportadora compete com produtos de países onde o custo nominal aumenta a taxas muito menores, e onde se verificam ganhos de produtividade superiores ao nosso. Este efeito já seria sentido com câmbio constante, mas se torna mais evidente com apreciação real da moeda. Se a indústria fica menos competitiva no mercado internacional, ela seguramente vai reduzir sua produção e força de trabalho que pode, mas somente até certo ponto, ser absorvida pelo setor de serviços.

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    1. Não sei se tenho expertise pra responder essa pergunta. Em teoria, a paridade relativa da taxa de cambio deveria valer e o nosso câmbio deveria desvalorizar na proporção que a nossa inflação é maior que a inflação no outros países. Penso que a questão cambial tem mais a ver com o aumento nos gastos do governo. Mas sinceramente não tenho certeza, nem sei se maus argumentos são realmente uma explicação alternativa a sua.

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  3. Discordo que exista uma taxa de sacrifício para o Brasil. Ninguém está falando em diminuir o nível de preços, apenas a inflação, portanto não podemos falar em rigidez de preços.

    Quando os agentes forem aumentar os preços ao longo de 2015 eles apenas precisam aumentar um pouco menos. Os custos de menu são pagos no brasil todo ano ou duas vezes por ano. As negociações salariais precisam apenas aumentar menos o salário. Basta anunciar com credibilidade e elevar a SELIC que a inflação cai, a taxa de sacrifício é zero.

    "In Prescott we trust"

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    1. Mas você esquece da indexação presente em diversos contratos.

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    2. Eu não vejo indexação para bens de consumo ou bens de capital. No mercado de trabalho existem contratos indexados mas isso não é algo tão rígido e serve mais como referência do que lei de ferro.

      Não me parece um fator relevante, acredito que um modelo com indexação de salários e um pequeno custo fixo de renegociação não vai mostrar uma taxa de sacrifício relevante.

      "In Antoninho we trust"

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  4. Bom texto Rafael. Só acho que é possível combater a inflação sem causar desemprego. Se ocorrer uma diminuição nos gastos do governo, principalmente dos abusos e excessos (senao de todos os gastos), e uma desburocratizaçao e desoneração dos negócios, haveria espaço para o aumento dos investimentos e aumento da crianção de empregos. Os recursos disponíveis seriam utilizados de modo mais eficiente e diminuiriam as barreiras para o surgimento de novos negócios de alto crescimento

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    1. A proposta que você traz à tona, Claudio, não surtirá efeito algum ao meu ver.

      Primeiro porque grande parte dos gastos do governo não podem ser alterados no curto prazo (ver, por exemplo, artigo do Mansueto dessa semana).

      Segundo porque abusos e excessos (caso você identifique os mesmos, pois do jeito que você falou ficou vago demais) representam muito pouco em termos de espaço fiscal que se cria (de novo, ver artigos do Mansueto sobre o assunto).

      Terceiro, mesmo representando pouco, isso é contracionista no curto prazo e, se não vier acompanhado de aumento do investimento, vai gerar algum impacto restritivo no mercado de trabalho (leia-se aumento do desemprego).

      Quarto, mesmo que você desonere no mesmo montante, o impacto final ainda seria contracionista, vide o bom e velho teorema de haavelmo.

      Para sua solução ser viável, ela deve ser feita toda em simultâneo. Mas isso requer uma enorme dose de fé.

      Basicamente, porque requer que o governo eleito seja capaz de desburocratizar uma das economias mais burocráticas do mundo (pior que o Zimbábue), com uma série de interesses formados ao redor dessa situação.

      Como diria Acemoglu, melhorar as instituições passa necessariamente pela identificação de vencedores e perdedores, o que não certamente não é trivial.

      Desculpe, mas sua proposta de policy não me parece que vá vingar. Falta uma pequena dose de realismo na mesma.

      Para sugerir isso, seria melhor sugerir: (i) uma mágica de criação de credibilidade perfeita do BCB; (ii) uma mágina de eliminação das rigidezes da economia brasileira.

      Abs
      Antonio

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    2. Bons pontos antônio. Acho que há ainda outro elemento importante que é a indexação, que está presente em diversos contratos, como aluguéis, reajustes de tarifa, etc. Quando tem indexação a desinflação sem custo vira sonho.

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    3. Realmente minha proposta não é realista hoje, hava visto que o governo do Brasil é o PT, a segunda opção é o PSDB (primo) e o liberalismo não é ensinado a contento em nenhuma escola de economia do Brasil. Mas eu sonho com um país um pouco melhor...A melhor frase do seu texto pra mim foi: "Basicamente, porque requer que o governo eleito seja capaz de desburocratizar uma das economias mais burocráticas do mundo (pior que o Zimbábue), com uma série de interesses formados ao redor dessa situação". Deve-se atacar o problema, as origens, e nao os sintomas...Se grande parte dos gastos do governo não podem ser alterados no curto prazo, é melhor começar a fazer o necessário para poder alterar logo. E o primeiro passo é ter clareza de que isso é essencial. Sem esquecer que ja tivemos congelamento de preços, confisco da poupança, urv, banda diagonal endogena, emenda da reeleiçao, ou seja, querer é poder...
      No mais, talvez eu nao me expressado muito bem. Talvez qualquer ajuste tenha efeitos contracionistas em D+1, e talvez seja o ponto enfatizado no argumento do Rafael. O que eu acho é que isso não é tão relevante, não é o ponto principal da discussão, no sentido de: não pode fazer tal coisa porque senao vai aumentar o desemprego no curtissímo prazo...não tem sentido (vide destruição criativa). Essa lógica assume que o governo, atráves das políticas monetária e fiscal, seja o responsável por "ajustar" o nível de atividade. Eu acho isso uma falácia.

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    4. Quanto a mágica para a criação de credibilidade do BCB, ela existe: Fim do monopolio da moeda...ou o próprio fim do BCB...

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  5. Gente, uma pergunta até bastante boba:

    Quando penso em inflação, é algo que correo o salário dia a dia, mês a mês. Ou seja, todo dia eu estou perdendo um pouquinho do meu bem-estar, comprando menos coisa todo mês. Se a inflação acumulada ao longo do ano foi, sei lá, 10%, se eu ganhar um aumento de 10% no final do ano não necessariamente vou estar sendo recompensado pela perca de bem-estar que ocorreu ao longo do ano inteiro: na minha cabeça, a unica coisa que isso vai estar me garantindo é que pra ano seguinte eu vou ter o mesmo poder de compra do inicio do ano anterior.

    Então aumentos reais de salários não necessariamente indicam melhora no bem-estar, por que a "parter real" do aumento pode ser menor do que a perca de bem-estar referente ao ano passado. Obvio, se for muito grande, ai mais do que compensa, mas existe um ponto de indiferença.

    Faz sentido ?

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    1. Faz. Seu salário real médio ao longo do ano é inferior ao salário real logo após o reajuste. Mas se a inflação estiver estável e seu reajuste vier sempre com base na inflação passada, seu salário médio será constante ao longo do tempo.

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    2. mas seu salário médio será tanto menor quanto maior a inflação e quanto menos frequente o reajuste, esse é apenas um dos aspectos deletérios da inflação, e do porque não devemos apenas pensar em termos reais. Em muitos aspectos faz muita diferença se uma taxa real de 1% é nominalmente 8% com inflação de 7% ou 2% com inflação de 1%...

      César

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    3. perda de bem estar.

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  6. Acho incrível a formação que estão dando aos economistas! Eles saem da universidade sem saber compreender o significado de Modelo. Acham que o Modelo dita o mundo real... O modelo é apenas uma forma simplificada de racionalizar a realidade, por pressuposto é sempre incompleto.

    Rafael, de acordo com os seus comentários, o Plano Real (que foi um plano heterodoxo) não poderia ter ocorrido concorda? Estudam ele pois ele foi capaz de acabar com uma inflação galopante sem ter custos nos níveis das taxas de desemprego. E, duvido que o a autoridade monetária gozasse de credibilidade à época...

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    1. Lucas, não está correto o que você escreveu, a taxa de desemprego cresceu após o Plano Real. Dá uma conferida nos dados.
      Abs,
      André

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    2. Lucas, então o Plano Real não teve trade-offs?

      Abs
      Renato

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    3. De fato acho que o trade-off inflação e desemprego não se aplica ao plano Real. A meu ver o problema vinha da emissão excessiva de moeda para financiar o déficit público. O instrumento da URV ajudou, mas acho que o fundamental ali foi voltar a financiar o déficit com dívida. Note que o FHC já pegou um déficit bem grande. Na medida que o Governo FHC conteve o déficit, conviveu com taxas de desemprego relativamente altas (o que é consistente com o trade-off inflação desemprego).

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    4. André, logo após o Plano Real houve, na verdade, uma queda do desemprego! No médio prazo, as taxas de desemprego aumentaram sim e acredito que isso ocorreu por causa da política de âncora cambial.

      Este caso contraria completamente a teoria da Curva de Phillips, na qual há um trade-off de curto prazo entre inflação e desemprego. Foi justamente o contrário que ocorreu. Como a inflação caiu antes do desemprego começar a aumentar, a ordem causal não pode ser colocada como Plano Real => desemprego => desinflação.

      Renato, houve trade-offs sim (como tudo na vida). Minha pontuação é que foram bem diferentes do que a teoria prevê.

      Concordo com você Rafael. Na minha concepção, o grande mérito do Plano Real foi desindexar parcialmente a economia enquanto se realizava sérias mundaças institucionais, como o Proes, nos Bancos Estaduais e nas "segundas contas-movimento" que desestabilizavam toda a política monetária do país.

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  7. O Lucas tem um ponto.

    A queda da inflação do Plano Real não se deveu ao aumento do desemprego, mas sim à introdução da URV. Bastou o fim da memória inflacionária para que uma política econômica normal pudesse ser implementada.

    Em outras palavras, primeiro você eliminou a inércia. Isso trouxe a inflação para um patamar tratável. Uma vez nesse mundo, foi juro elevado que manteve a inflação sob controle, não permitindo-a acelerar novamente (isso, foi juro alto, que gera cambio apreciado, e não apenas câmbio apreciado que controlou a inflação, como muitos erroneamente colocam por aí).

    Abs
    Antonio

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    1. De novo, quando você reduz drasticamente a emissão de papel moeda e deixa de financiar o déficit com imposto inflacionário, a inflação cai. Mas simultaneamente, a moeda está retomando um papel na economia. Então não creio que o trade-off tenha sido contestado pela estabilização inicial do plano real.

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