sábado, 31 de maio de 2014

O capitalismo gera desigualdade? Uma crítica teórica ao livro do Piketty


Para quem queria uma avaliação mais "teorético-formal" do modelo econômica subjacente às ideias do Piketty em seu livro "Capital in the 21st century",  veja nesse link aqui a excelente crítica de Per Krusell (Stockolm University) e Tony Smith (Yale University). Trechos abaixo:

Relatório da FIFA diz que jogos foram combinados


Longa e detalhada matéria do New York Times sobre relatório da FIFA com extensa evidência de que resultados de amistosos realizados logo antes da Copa na Africa do Sul foram sistematicamente fraudados por uma quadrilha que fatura com as fraudes no mercado de apostas. A agência de inteligência da União Européia diz que entre 2008 e 2011, por exemplo, houve mais de 600 suspeitas, incluindo jogos classificatórios para a copa do mundo e jogos das ligas européias.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Regras vs Discrição no Orçamento da USP



A USP é uma instituição antiga e bem burocrática: comissões, congregações, conselhos, colegiados, ad-referendum... A gente acaba aprendendo um novo vocabulário quando começa a participar de trabalhos administrativos por aqui. É tudo demorado e requer aprovações em múltiplas instâncias. Isso sem falar nos processos em papel.

Fernando Pessoa

Não reparamos que éramos um só,
que cada um de nós era uma ilusão do outro,
e cada um, dentro de si,
o mero eco do seu próprio ser.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Mais sobre privatização de presídios

No post anterior, o Economista X discutiu pontos teóricos a favor da provisão pública de prisões. Confesso que aprendi bastante, e não tinha pensado naqueles argumentos. Mas tem uma hipótese fundamental que não sei se vale para o caso brasileiro: a tecnologia de provisão do serviço é igual nos setores público e privado. Minha discussão abaixo se aplica a qualquer serviço produzido pelo estado, e não unicamente a presídios.

Considere a seguinte situação: você precisa contratar um funcionário para seu presídio. Para isso, é necessário lançar um edital e fazer um concurso. E, uma vez contratada a pessoa, você não consegue mandar embora mesmo estando claro que ele é um picareta. Outro exemplo: toda vez que você vai comprar alguma coisa, precisa fazer uma licitação.

No setor privado não tem nada disso. Ou seja, as funções de produção (pública e privada) não são iguais. Por conta da rigidez do setor público, a função de produção privada é mais eficiente (no sentido produtivo mesmo, isto é, você gera mais produto com a mesma quantidade de insumo).

Dependendo desse gap (se ele mais que compensar as vantagens da provisão pública levantadas no post anterior), pode ser melhor prover o serviço via setor privado.

Tem outra potencial vantagem de produzir no setor privado. Caso haja evidência de que o presídio não vai bem, você sabe quem culpar. No caso público, vira um festival de transferência de culpa. O gestor da prisão diz que o problema é que governo do estado não dá dinheiro e não constrói novos presídios; o governador bota a culpa no governo federal que não transfere recursos; o governo federal devolve a culpa para o estadual por causa do problema de segurança pública, e assim vai.

(Nesse último ponto quero enfatizar que a vantagem é potencial. Não tenho certeza se funciona na prática. Tá cheio de casos por aí de contratações públicas que não são entregues a contento pelo setor privado).

terça-feira, 27 de maio de 2014

Privatização dos Presídios



Recebi esse vídeo de uma defensora pública que é radicalmente contra a privatização (via Parcerias Público-Privadas) dos presídios no Brasil. O país está tateando as PPPs de presídios e o debate é quente.

Eu sou a favor, dada a incapacidade mais do que comprovada do Estado brasileiro de dar conta disso sozinho. Mas acho que o vídeo levanta sim alguns pontos relevantes, que devem ser considerados na hora da modelagem das PPPs. Um exemplo é que a assessoria jurídica não pode ficar a cargo do parceiro privado.

No entanto, o que eu achei mais "interessante" no vídeo foi o argumento de que os presídios brasileiros estão da forma que estão (foto acima, por exemplo) simplesmente por uma "estratégia de marketing do governo neoliberal para justificar e viabilizar a mercantilização dos presos via privatização". Aí já é demais né... Aí a conversa que poderia render bons frutos vai pro brejo.


"USP perde posto de melhor da América Latina" -- ou quem é o anão mais alto?

Matéria da Folha sobre ranking da QS de universidades (um que dá um peso relativamente grande para "reputação") diz que USP perdeu o posto de Top 1 na América Latina -- uma espécie de medalha de prata em um torneio de altura entre anões. Ver matéria aqui e ranking abaixo.

Mas veja o que diz a matéria: "A notícia é ruim para a USP, mas não significa que o ensino superior no Brasil esteja pior de maneira generalizada (ufa!). Ao contrário: neste ano, o Brasil tem seis universidades entre as dez melhores universidades da América Latina - o dobro da avaliação". Yay!!!





Momento Fisk

Sejamos justos: this is a tricky one. 


Me lembrou uma placa onde se traduziu "Revista de Estudos Econômicos" por "Economic Studies Magazine". Ou seja: acontece...

Hat tip to Marcos Fernandes.

Comércio: "Casar com pobre não adianta"


Quando o assunto é acordo de comércio, "casar com pobre não adianta". É o que diz Vera Thorstensen (FGV) sobre a situação brasileira em entrevista sem papas na língua à Carta Capital. Alguns trechos:

Carta Capital: Qual a situação do Brasil em relação aos acordos comerciais?
Vera Thorstensen: Política de comércio externo no Brasil não existe, virou apêndice de uma política industrial inexistente. Você não pode separar política industrial da comercial; como não tem a primeira, a segunda virou um remendo. Sintomas de que as coisas não estão bem: uma exportação que está diminuindo, uma importação que está subindo. O que o Brasil exporta é puramente commoditie para a China. Industrializados, o que conseguia exportar para o mundo não exporta mais, só para o Mercosul porque tem a preferência.
CC: Com quais países o Brasil deve fazer acordo?
VT: Com os grandes, não adianta casar com pobre. Ficar isolado é se afundar cada vez mais. Há o exemplo da Argentina. Para mim, ficar atrelado ao Mercosul é a morte, é afundar o Brasil de vez. Onde estão os problemas da indústria internamente? Falta de competitividade, excesso de impostos, de encargos trabalhistas em comparação com outros países, custos de energia dos mais altos, custos do atraso da infraestrutura. Como sai disso? Enterrar a cabeça no chão como a avestruz não resolve.
CC: E os acordos?
VT: Vamos ver o que está acontecendo com o mundo. Você tem 160 membros na OMC e a negociação parou. Por que? EUA e UE disseram: é muito complicado com 160 países e vamos fazer a “OMC Transatlântica”. Estão criando o TTIP, que é uma OMC transatlântica. O que o americano faz? As regras que tem na OMC já estão estão ultrapassadas, porque desde 1994 não tem negociação. Eles tentaram fazer alguma coisa em Doha, já desistiram e estão jogando tudo na Transatlântica. Há necessidade de criar regras novas de investimento, meio ambiente, de concorrência, trabalhistas, economia e comércio digitais, é tudo novidade e não vai sair na OMC. Os EUA não conseguem fazer isso em Doha porque ela está muito mais preocupada com os países em desenvolvimento. Então chamaram a Comunidade Europeia para a definição de um novo patamar de comércio. E tem propriedade intelectual (querem passar para 90 anos) e aí o pessoal chia, quebra de patentes e a cláusula investidor Estado. Tudo isso.
CC: Há impactos enormes para o Brasil.
VT: Brutais. Propriedade intelectual é um tema sensível para a gente e outro é o problema da cláusula investidor-estado. Leva o investidor estrangeiro aqui no Brasil para julgamento contra o Estado. O investidor tem direito a ressarcimento porque você mudou uma lei. O americano inventou isso por causa do México.
CC: É uma regra do Nafta...
VT: Mas a Austrália já disse que no TTP ela não aceita isso. Você não fazer nada com medo disso, não aceito esse argumento. O Brasil é forte e grande o suficiente. Se a Austrália conseguiu, porque nós não conseguiríamos? Os dois grandes acordos mencionados estão mudando a geopolítica. Não contêm só visão de comércio, há uma visão geopolítica também. O TTP é claramente Estados Unidos dizendo aos países para não ficarem amarrados à China. Eles produzem componentes, a China monta e exporta para o resto do mundo. Portanto a China foi fator para o TTP e o é para o TTIP, porque está tirando todo mercado de produtos industrializados da Europa nos Estados Unidos.
CC: Assim como tira mercado do Brasil na Argentina...
VT: Claro. Então você tem dois acordos novos que são importantes e estão estabelecendo as regras e o Brasil só está na OMC. Há uma proliferação dos acordos regionais e o Brasil está fora. O Mercosul está shrinking, diminuindo. Há um acordo que nem ratificou com a África do Sul e envolve 400 produtos, outro com a Índia envolvendo 460 produtos de cada lado. Desde quando países em desenvolvimento conseguem exportar uns para os outros? Não conseguem, porque produzem as mesmas coisas. Então é dificílimo conseguir algum resultado significativo, esse é que é o problema. O Chile faz com os Estados Unidos porque são muito complementares, os africanos fazem com a UE. Mas Brasil e Índia não sairão desses 460 produtos, o restante é sensível demais. Como é que fica?
Fonte: Carta Capital (entrevista completa aqui)

Dados para Asset Pricing no Brasil



Na literatura de Economia Financeira, mais especificamente na área de Asset Pricing, algumas séries aparecem em quase todos os artigos. São retornos de algumas carteiras de investimento (as mais usuais são empresas divididas por tamanho, book-to-market, retornos passados e liquidez) e os chamados fatores de risco (retornos de algumas carteiras long-short). Um artigo típico da área propõe e/ou testa algum modelo de precificação. Para isso, ele tem que usar essas séries.

Se alguém vai fazer um estudo com foco no mercado americano, todas essas séries estão disponíveis no site do Kenneth French (aqui). Com isso, todos os artigos usam as mesmas séries, o que é muito bom: os estudos ficam comparáveis.

Se alguém vai fazer um estudo com  foco no mercado brasileiro, a coisa é diferente. Pela falta de um benchmark para essas séries, cada pesquisador produz as suas próprias. Acontece que a metodologia para a construção dessas variáveis não é óbvia, já que há vários filtros intermediários, relativamente arbitrários. O que ocorre? Pois é, cada artigo usa um conjunto de variáveis-base diferente, o que dificulta muito a comparação entre estudos, dando até margem para data mining. Para quem trabalha na área, é bem claro a dor de cabeça que isso provoca.

Bom, nesse cenário, nós do Nefin (Núcleo de Economia Financeira da FEA-USP) resolvemos investir um tempo construindo as séries típicas da literatura de Asset Pricing para o mercado brasileiro. Muitos detalhes, bastante discussão, mas acho que conseguimos produzir uma coisa legal. Grosso modo, utilizamos sempre que possível a mesma metodologia do Kenneth French, adaptando-a, no entanto, para o caso brasileiro quando necessário. Por exemplo, aqui para o Brasil, não dá para construir as 25 (5 por 5) carteiras de size e book-to-market que eles constroem para lá. Como aqui temos muito menos empresas que passam por um filtro de liquidez mínima (ao redor de 150 contra as mais de 2.000 de lá), e como em cada carteira temos que ter um número grande o suficiente de empresas para que os choques idiossincráticos se anulem, concluímos que daria para construir no máximo 4 carteiras, 2 por 2, para o Brasil. 

Todos os detalhes da nossa metodologia estão bem descritos no site (ou aqui). Nós criamos uma rotina que irá atualizar todas as séries mensalmente. Gostaríamos de enfatizar que estamos totalmente abertos a sugestões e críticas. Queremos construir um conjunto de variáveis que de fato seja útil para quem trabalha na área no Brasil.

Desta forma, convidamos a todos que se interessam pelo tema a dar uma olhada lá no site, na seção de Dados .  De novo: críticas e comentários são muito bem-vindos.


Alta do juro lá nos EUA

Como nos impacta aqui?

Em geral, as pessoas respondem que as consequências são necessariamente adversas. Mas, como sempre, depende da natureza do choque mexendo com o juro por lá.

Dois possíveis choques:

a) relacionado a notícias de crescimento acima do esperado: aí espera-se que algo bom ocorra com preços de ativos aqui após alta do juro lá.

b) relacionados a: surpresas de inflação desagradáveis lá, surpresas quanto ao grau de hawkishness do formulador de politica monetária lá (mais hawk do que se esperava): aí espera-se que algo ruim ocorra com preços de ativos aqui após alta do juro lá.

Esse estudo do IMF mostra exatamente isso:


sábado, 24 de maio de 2014

Econ & Adm

Trecho de entrevista do professor Paulo Feldmann, do Departamento de Administração da USP:
(...) nós somos um dos únicos países do mundo que tem curso de Administração a nível de graduação. Inclusive, eu dou aula em um deles. Mas, se você pega países como Alemanha e Japão, não existe curso de Administração a nível de graduação. Fulano tem que fazer Economia. Se ele quer trabalhar com empresa, ele faz Economia e depois uma pós-graduação ou um MBA. Na maior parte dos países desenvolvidos é assim. E nós do Brasil criamos o curso de Administração. E fizemos, na minha opinião, uma coisa errada, porque, quando criamos o curso de Administração, separamos o curso de Economia. Eu não sou economista, sou engenheiro, e fiz mestrado e doutorado em Administração - mas eu acho que a parte mais importante na formação de um administrador é a parte de Economia, é a teoria econômica. A principal fundamentação teórica que um administrador deve ter está na Economia. Então, o que acaba acontecendo no Brasil é que não estamos formando bons administradores, pois estamos formando administradores sem uma base de economia, e isso é uma falha grave, na minha opinião. Isso não ocorre em países importantes como a Alemanha e o Japão, por exemplo.

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Piketty vs FT

Não tenho ideia quem está certo. Só estou postando para chamar atenção para o debate.



Link para a matéria do FT aqui. Veja também no Globo.

Resposta do Piketty aqui (em inglês) e aqui (em português).

Movimento que quer mudar o ensino de economia é fruto de incompreensões


Surgiu recentemente na imprensa uma série de artigos sobre uma suposta rebelião internacional de alunos e professores de economia contra o ensino atual da disciplina nos cursos de graduação. O The Guardian, andou publicando uma sequência de artigos sobre (ver, e.g., esse aqui e esse aqui). O assunto já chegou nas páginas das revistas domésticas (ver artigo na revista Exame aqui).

O Mauro publicou um ótimo artigo ontem, aqui neste blog, sobre como mudanças no posicionamento do ferramental estatístico/econométrico dentro da grade curricular talvez permitissem maior contato, ainda na graduação, com a pesquisa feita na fronteira da disciplina, que é essencialmente de natureza aplicada. A ideia é que isso ajudaria a mitigar a insatisfação com o conteúdo de natureza teórica e para alguns imaterial que domina boa parte da "espinha dorsal" de um bom curso de graduação de economia.

A ideia faz todo o sentido. Não por acaso, foi precisamente este ponto que Mankiw -- o professor de Harvard autor de um dos principais livro-textos introdutórios da disciplina -- levantou em seu blog hoje quando considerando a sugestão de um colega sobre o aumento do conteúdo empírico dos cursos de introdução à economia. Diz ele:
Noah Smith says introductory economics needs to be more empirical. I understand his argument, and have some sympathy with it, but I wonder if the substantial change he seems to be proposing is practical. Economists usually do empirical work with statistical tools that most college freshmen have not yet learned. 
We teachers of introductory economics can and should explain where and why economists disagree. That is part of helping students developing their critical thinking skills. But I doubt students are in a position to try to evaluate the competing empirical work that shapes the differing views.
In the end, introductory economics is just that: an introduction to the economist's way of thinking. That means giving students basic concepts--comparative advantage, supply and demand, market efficiency and market failure--that will make them more perceptive readers of the newspaper.

A Revolta dos X-Men
A exigência central do movimento de alunos rebeldes (olha a foto de alguns abaixo para ver porque eu os chamo carinhosamente de "X-Men") demandando um total "shake-up" no ensino da disciplina vai muito além do que um simples aumento do conteúdo empírico do curso. Eles demandam mais pluralidade: teórica, metodológica e interdisciplinar (veja o manifesto mais recente deles aqui)


Por que esse movimento é um grande engano?
Há nas demandas por pluralidade desse movimento, a meu ver, uma tremenda incompreensão. 

"Pluralidade" é uma propriedade sistêmica da estrutura de ensino, e não uma característica de cada unidade-componente dessa estrutura. Com isso eu quero simplesmente dizer que é a floresta que tem que ter diversidade, e não cada árvore. Sim, é verdade que diversidade é desejável porque amplia o conjunto de ideias e o espaço de soluções para problemas que enfrentamos. Mas é um completo non sequitur afirmar que isso só pode existir se os currículos cursos de economia abraçarem toda a diversidade que existe dentro da disciplina e ainda um bom tanto da diversidade entre as disciplinas cuja pesquisa intersecciona com a economia. Até mesmo os X-Men sabem que há muito mais sinergia quando você se agrupa academicamente com like-minded people -- sem que isso impeça a existência de um grupo tão ou mais forte com ideias completamente opostas (no filme, o tal dos mutantes). Além disso, e talvez mais importantemente, já há considerável diversidade no ensino da economia -- taí as escolas heterodoxas espalhadas pelo mundo e a própria existência desse movimento para provar o ponto. É verdade que são poucas, mas lidar com essas coisas faz parte da escolhas que fazemos -- hey, todo mundo gostaria que sua área de pesquisa fosse ubíqua e ensinada em todos os cursos. Mas não é, e a maioria de nós está ok com isso.

O que fazer?
É óbvio que não há problema algum em demandar mudanças no curso. Essas coisas são desejáveis em alguma medida e duvido que exista um único professor de economia que não tenha ao menos um par de sugestões sobre como melhorar o curso e a experiência do aluno médio de graduação com o material ensinado. Entre nós aqui do blog já surgiu inúmeras sugestões: a sugestão do Mauro de adiantar econometria, a criação de áreas de especialização, o aumento de disciplinas "aplicadas", a redução da duração do curso. Mas mudanças em direção à incorporação de várias "abordagens alternativas" que exista enfrenta uma limitação básica que qualquer pessoa que entende o princípio mais fundamental da economia -- o de que existem restrições no mundo que invariavelmente criarão tradeoffs nas escolhas que faremos -- deve ser capaz de compreender, a saber: que não há como acomodar essas demandas sem alongar consideravelmente a duração do curso.  Logo, se a duração está dada e queremos incluir "economia neo-schumpeteriana" e "economia marxista-estruturalista-de-raiz" no currículo, teremos que decidir o que vai  dele ser removido para dar lugar à essas disciplinas (Micro II? História Econômica? Macro I? Matemática Financeira?) e se essas trocas são mesmo desejáveis.

Ainda que decidíssemos que trocar, digamos, Micro I por "economia institucionalista" não é desejável, não se segue daí que essas coisas não mereçam existir e serem ensinadas. Mas o curso de ação mais plausível é que alunos, professores e instituições insatisfeitos com o que é ensinado nos cursos de graduação em economia e convencidos de que o ensino de visões alternativas e de outras metodologias de pesquisa devem fazer parte da caixa de ferramentas do economista, organizem cursos com a estrutura e conteúdo que julgam adequada e suficientemente plural e deixem que o "mercado" (i.e., as pessoas) decida com os pés em que formato de curso votar.

Isso é uma solução mais democrática do que querer convencer "no grito", ou chorando nas colunas de jornal (o Krugman já respondeu aos lamentos dos heterodoxos aqui), que os alunos devam mundialmente serem expostos a abordagens cujas críticas que justificam sua existência o mainstream da profissão já tratou de incorporar.

Dar o peixe ou a vara de pescar? Experimento sobre como o crédito pode reduzir a pobreza


Ter um emprego é importante. Fora a questão óbvia de que isso evita que o sujeito viva em condições de miséria, ter um emprego ajuda, em geral, a dar uma sensação de que contribuímos em alguma medida para a sociedade em que vivemos. Mais do que isso: quando se trata de indivíduos jovens, ter um emprego pode inclusive ajudar a mantê-los longe da atividade criminal; nesse sentido, o emprego ajuda a promover a "paz social". Não é por acaso, portanto, que os governos estão sempre preocupados em crescer e maximizar o nível do emprego -- até mesmo, como parece ser o caso do Brasil, quando isso custa ineficiência alocativa, inflação, isolacionismo comercial e what not.

Mas como criar emprego e renda de populações jovens pouco escolarizados e com baixa qualificação? Um artigo publicado na última edição do Quarterly Journal of Economics dá uma pista nessa direção. 

No artigo intitulado Generating Skilled Self-Employment in Developing Countries: Experimental Evidence from Uganda, Christopher Blattman (Univ. of Columbia), Nathan Fiala (German Institute for Economia Research) e Sebastian Martinez (BID) avaliam o impacto do "Youth Opportunities Program", um programa do governo de Uganda desenhado para ajudar os pobres e os desempregados a se tornarem profissionais autônomos -- em geral no ramo de alfaiataria e carpenteria.

Programa de crédito
O programa funcionou assim. O governo convidou jovens adultos -- homens e mulheres -- a formarem grupos e submeterem propostas de como eles usariam o crédito que o governo concederia para montar um negócio independente. O governo aleatorizou o crédito entre 535 grupos elegíveis a receberem o crédito. Os grupos que foram selecionados receberam cerca de quase R$ 17.000 em média. Isso dava uma média de cerca de R$ 850 por indivíduo. Para você ter uma ideia da dimensão desse dinheiro, isso era mais ou menos equivalente à renda anual deles.

O programa é controverso. Há, mesmo dentro da comunidade acadêmica dessa área, um certo ceticismo com a desejabilidade, digamos assim, de simplesmente dar dinheiro para um grupo de jovens inexperientes e com poucas qualificações. Mas os resultados são surpreendentes.

Uganda?
Algumas informações para para você ter uma ideia melhor do local de implementação desse programa. Uganda está localizado na região leste da África e tem uma população de 30 milhões de pessoas. Seu PIB per capita era de pouco mais de R$ 700 logo antes do início do programa. Essa "foto" contudo não faz jus ao "filme" da região nos últimos anos: a economia de Uganda cresceu 6.5% por ano entre 1990 e 2007, com inflação de menos de 5% e níveis decrescentes de pobreza. Esse crescimento, todavia, está concentrado na região centro-sul do país. 


A região norte, onde o programa foi implementado, tinha elevados níveis de pobreza e analfabetismo -- em 2006, dois terços viviam abaixo da linha de pobreza e praticamente metade iletrados. Essa era uma área que, por décadas, esteve envolvida em uma guerra civil. Em 2006, quando houve um tratado de paz que encerrou um longo conflito entre o governo e o principal grupo de rebeldes no país (o "Exército de Resistência do Senhor" - LRA, acrônimo para "Lord's Resistance Army"), dois terços da população dessa área viviam abaixo da linha de pobreza e praticamente metade eram analfabetas. 

O perfil dos candidados ao programa dá uma ideia mais precisa das condições econômicas das pessoas naquela área: jovens, trabalhadores rurais, com uma média de 8 anos de estudo, ganhando menos de R$ 3 por dia e trabalhando menos de 12 horas por semana. Não há dúvida: a implementação do programa nessa área veio a calhar.

Resultados



O artigo mostra que o programa teve impactos enormes, sobretudo para as mulheres. Analisando o que aconteceu com os participantes do programa dois e quatro anos depois, os autores observaram que houve um aumento substancial e persistente no investimento, trabalho e na renda. 

Alguns números pra dar concretude pra esse resultado. Quatro anos depois, os indivíduos "tratados" tinham estoque de capital 57% maior, rendimentos 38% maiores e trabalhavam 17% mais -- tudo isso em relação ao grupo de controle que não teve acesso a crédito. 

As estimativas dos autores é de que todo o programa, dado os retornos observados, poderia ser repago em menos de 5 anos à uma taxa de juro real de 15% ou 7.3 anos se a taxa fosse de 25\%. Isso é imensamente mais rápido do que o tempo de repagamento (payback) que seria necessário fosse esse um típico programa de microcrédito -- que os autores dizem ser de cerca de 100%.

Limitações
Há algumas limitações como é comum dessas investigações experimentais. A primeira é que a randomização não foi exatamente um sucesso -- o grupo de controle é relativamente mais rico do que o grupo de tratamento. A segunda é que houve também um problema de atrito, já que 18% da amostra não foi encontrada para avaliação posterior de 2 e 4 anos. O programa tem um componente não-monetário cujo efeito não foi devidamente controlado: o requisito de submissão de um plano de negócio acabou provavelmente funcionando como uma espécie de mecanismo de compromisso, sem nada análogo entre os indivíduos no grupo de controle. É difícil saber exatamente o efeito dessas coisas no resultado. Mas a análise é feito com cuidado e rigor (não por acaso está publicado no que é seguramente um dos três principais journals da profissão), de modo que fica difícil acreditar que os resultados qualitativos não sobreviveriam à um desenho ideal com randomização perfeita e inexistência de atrito. Infelizmente, dados -- experimentais ou não -- que permitam uma estratégia "limpinha" de identificação de alguma relação econômica importante têm praticamente a mesma raridade na profissão de que gozam os unicórnios.

Por que isso importa?
A importância desse trabalho não poderia ser maior. 

Sabe-se que que a maior parte das intervenções voltadas para criar empregos em países subdesenvolvidos (programas de trainees, treinamento vocacional etc) e aumentar a renda dos mais pobres (programas de transferência condicional de dinheiro como o Bolsa-Família, Bolsa-Escola e outros do gênero) têm de fato efeitos positivos na redução da pobreza. Mas há pouca evidência de que esse programas tenham efeito sobre emprego e rendimento. 

O trabalho de Blattman, Fiala e Martinez mostra evidência ao nível micro pode ter efeito na renda, na formalização do trabalho e na escolha ocupacional das pessoas e, portanto, em mudanças setoriais mais gerais na economia. Mais importantemente: esse trabalho mostra como as "imperfeições" do mercado de crédito podem impedir o crescimento o econômico ao bloquear iniciativas empreendedoras por conta da dificuldade de financiar os custos fixos que "start-up" um empreendimento possui.

Distribuir renda ou promover o empreendedorismo?


É óbvio que essas coisas não são excludentes. Mas o resultado desse artigo serve para lembrar, sobretudo para os que parecem tão focados em estratégias à la Robin Hood de reduzir a pobreza (porque tirando dos ricos para dar para os pobres via algum esquema de tributação), que outros mecanismos de eliminação da pobreza (não da relativa, que sempre existirá enquanto nascermos diferentes uns dos outros em tantas dimensões, mas da absoluta) podem ser bastante eficientes e talvez merecedores de mais atenção. Talvez isso não aconteça -- e aí vai uma provocação -- porque essas outras portas de saída da pobreza envolvam alguma forma de empreendedorismo e, portanto, a suposta "exploração" de outrem. Infelizmente, a evidência sugere que os lugares onde a criação de negócios é "framed" como exploração são também os lugares onde há mais miséria. Pior para todos.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Pitacos sobre o curso de graduação em Economia


Há algum tempo noto certa frustração dos alunos de Economia com seus cursos de graduação. Não vejo isso só entre meus alunos da USP. Há manifestos de estudantes de diversas partes do mundo pedindo mudanças nos currículos para incorporar abordagens alternativas ao mainstream.

Uma reclamação constante é que a disciplina é muito teórica, com modelos que pouco representam o mundo real. Entretanto, quando olhamos para a pesquisa acadêmica de ponta recente, nota-se que a Economia é, em grande medida, uma disciplina aplicada. Proporcionalmente, poucos pesquisadores se dedicam a teoria pura. E, se você vai apresentar um paper com modelo em um departamento minimamente sério, as pessoas vão sim contestar o realismo de suas hipóteses e se há evidência empírica em favor dos seus resultados.

Já se você tem um paper mais empírico, você provavelmente será bombardeado com perguntas desafiando sua estratégia de identificação, e propondo alguma história alternativa que explique seu resultado. E mesmo que você encontre alguma relação limpa entre duas variáveis, as pessoas vão provavelmente querer algum tipo de evidência sobre o mecanismo que as conecta.

Bom, tudo isso para dizer que a profissão está sim preocupada em explicar fenômenos do mundo real. E isso é bem evidente entre economistas do chamado mainstream: é só olhar as últimas edições dos top journals (AER, QJE, JPE) e contar o número de papers empíricos. Até mesmo Econometrica e Restud, tradicionalmente mais técnicos e teóricos, passaram a publicar mais artigos aplicados recentemente.

No entanto, os alunos de graduação em Economia em geral não têm acesso a essa pesquisa aplicada, o que gera a impressão de que a disciplina é eminentemente teórica e pouco preocupada com o mundo real. Em minha opinião, isso ocorre em parte porque se ensina Econometria no final do curso, quando os alunos estão próximos de formarem.

(Minha análise se baseia no curso da USP, mas imagino que a maioria das escolas brasileiras tenha uma estrutura semelhante. Favor comentar.) 

Por exemplo, quando ensino crescimento econômico na graduação, não consigo ir além de diagramas de dispersão para discutir aplicações empíricas do campo. Há diversas contribuições recentes, que com um pouco de Econometria poderiam ser expostas aos alunos. 

Se Econometria fosse ensinada no segundo ano de Economia (em um curso de 4 anos), as matérias aplicadas do terceiro e quarto anos poderiam abordar essa pesquisa acadêmica recente. Hoje, há diversos papers acadêmicos com mecanismos econômicos bem intuitivos (acessíveis a quem fez bons cursos de Macro e Micro), e evidência empírica utilizando técnicas econométricas tradicionais. Um bom exemplo é o artigo de Acemoglu, Johnson & Robinson (AER, 2002), sobre instituições e desenvolvimento de longo prazo.

E não precisa de muita Econometria para entender boa parte dos papers empíricos produzidos hoje: MQO (e hipóteses que garantem consistência), testes de hipótese, variáveis instrumentais, dados em painel, e talvez um pouco de variáveis dependentes discretas e seleção. Entender essas coisas intuitivamente é mais importante, na minha opinião, do que provar ausência de viés do estimador de MQO.

No entanto, para mover os cursos de Econometria para o segundo ano de Economia, é necessário que cursos de Estatística sejam dados no primeiro ano. Uma vez me disseram que isso não é possível, pois os alunos precisam de Cálculo (que é dado no primeiro ano) antes de fazer Estatística. Discordo: o início de Estatística cobre coisas mais simples, como teoria de probabilidade e Regra de Bayes. Cálculo é importante para variáveis aleatórias contínuas, que em geral são dadas ao final dos cursos de Estatística, quando se espera que os alunos já tenham exposição a conceitos de derivada e integral.

De qualquer forma, disseram-me que essa mudança já foi tentada aqui na USP há alguns anos, e que não deu certo. Há provavelmente alguma coisa errada nessa minha proposta. Só queria entender porquê. 

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Pobres Preços


A Dilma disse que preços controlados são necessários, para conter lucros altos. O Mercadante emendou: isso mesmo, senhores, seguramos uns preços para não pegar na inflação.

Mostras lamentáveis de que esses daí não entendem o básico do básico de economia, a função do sistema de preços, seu papel de mensageiro de escassezes relativas, sua função de promover o encontro de beneficio marginal com custo marginal.

Não dá mais.
X para presidente, Antoninho de vice!!!!

terça-feira, 20 de maio de 2014

Gary passed


No começo deste mês. Pena.

Ainda aprende-se muito lendo as coisas dele. Pelo menos eu aprendi bastante lendo seus papers quando jovem e, mais recentemente, com o livrinho "Economic Theory" -- básico, mas cheio de sacadas interessantes.

Para o Friedman, o Becker fora o mais importante cientista social do pós-guerra. É muita coisa, vindo do Milton.

domingo, 18 de maio de 2014

Lapso lulista


Lula está falando pelos cotovelos ultimamente. Normal e esperado. Estamos nos aproximando de uma eleição cercada de incertezas e riscos para o PT. E Lula é indiscutivelmente o comandante maior do PT e das forças políticas e sociais que rodeiam o petismo. Até por conta disso – mas não apenas por isso – é importante prestar atenção ao que ele diz.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Desigualdade de renda: Quão bom é o livro do Piketty?

Não deve ser mais novidade para ninguém que o livro do economista Thomas Piketty, Capital in the 21st Century, está sendo um sucesso de vendas -- no momento, é o segundo livro mais vendido da Amazon. Tampouco deve ser surpreendente que desde o seu lançamento em inglês, resenhas do livro apareçam diariamente na mídia vindo de vários lugares.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

E se a Alemanha construísse nossas estradas?


Corrupção é um problema grave. Frequentemente encarece o custo das coisas (sobretudo de bens providos pelo Estado como estradas, escolas, tranposição de rios etc); e existe até evidência empírica que corrupção afete a taxa de crescimento da economia (ver artigo do Paolo Mauro sobre isso aqui), sendo muito mais custoso do que pareça à primeira vista.

Econometria sem Economia: o problema do p-value


Dando continuidade ao alerta do Mauro sobre os problemas da Econometria sem Economia...

Você encontra um paper que apresenta uma regressão de Y em X mostrando que o p-valor é 1%. Baseado nisso, o autor conclui que X é significante. Aparentemente, a chance de ele estar enganado é de apenas 1% (erro tipo 1). Aceita-se que X afeta Y. O resultado é intrigante e o paper é publicado.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Por que mais impostos sobre os ricos pode ser uma má ideia?


In the video below, Milton Friedman argues that "government failures" are major sources of poverty.

I am not sure his claims are backed up by hard evidence but they surely beg the question: Will raising taxes on the rich for redistributive purposes really improve economy's distributive outcomes? Or will "government failures" kick in and make income distribution even more unequal?

Correlações espúrias

Os exemplos abaixo mostram porque o R-quadrado de uma regressão não significa muita coisa. E porque Econometria não faz sentido sem Economia.

Correlação entre gastos com ciência/tecnologia e suicídios por enforcamento, estrangulamento e sufocamento nos Estados Unidos = 0.99.












Correlação entre consumo per capita de queijo e mortes causadas por amputamento nos Estados Unidos = -0.97.


Fonte: http://www.tylervigen.com, que contém uma série exemplos tão bizarros como os mostrados acima.

terça-feira, 13 de maio de 2014

"USP pode sair do vermelho cobrando por aulas e por estacionamento"


A jornalista Sabine Righetti, da Folha de São Paulo, escreveu uma matéria em seu blog (Abecedário) sobre a crise financeira da USP. Sabine é especializada na área de educação e seu blog frequentemente discute os problemas da USP. No seu último post (ver post aqui) ela fala do desequilíbrio nas contas da universidade -- o reitor, Marco Zago, já tornou pública, em carta a comunidade, as dificuldades financeiras da universidade; ver matéria, por exemplo, aqui.

Teste interessante



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Bem curioso.


segunda-feira, 12 de maio de 2014

Pesquisa de economista brasileiro sobre evolução de habilidades cognitivas e não cognitivas na infância recebe prestigioso prêmio


Trabalho de Flávio Cunha (Univ. of Pennsylvania) em co-autoria com James Heckman (Univ. of Chicago) e Susanne Schennach (Univ. of Chicago) recebe Medalha Frisch da Econometric Society (ES). A Econometric Society existe desde 1930 e é responsável pela edição de um das mais importantes revistas da área de economia. Sobre o prêmio:

sábado, 10 de maio de 2014

A economia das figurinhas



Não colecionava figurinhas desde que era adolescente. Mas certo domingo o álbum da Copa veio junto com o Estadão, e minha esposa me convenceu a completá-lo para o nosso filho de 5 meses. 

Algumas coisas não mudaram: a troca de figurinhas é uma atividade parecida com o escambo (troca de mercadorias por mercadorias), tipicamente descrita em livros-texto de Macro e Economia Monetária. Nessa situação, é necessário alcançar a tal da "dupla coincidência de desejos" para que haja uma transação. No caso, se você tem uma figurinha repetida do Jordi Alba e quer a do Fernando Gago, precisa achar alguém que tenha uma repetida do Gago e precise da figurinha do Alba.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Para os Arquivos: a Falência Desenvolvimentista


No dia 20 de novembro do ano passado, eu e Renato Fragelli publicamos um artigo no Valor (Os Desenvolvimentistas no Poder) em que argumentávamos que o “experimento desenvolvimentista” que o país tem vivido nos últimos anos tinha sido um retumbante fracasso. “Experimento” no sentido figurado, como um experimento natural: não só todos os atuais formuladores de política econômica são, de uma maneira ou de outra, desenvolvimentistas, como as políticas implementadas são aquelas que esta corrente do pensamento sempre defendeu: políticas industriais agressivas, desvalorização da taxa de câmbio, redução (na marra) da taxa de juros, intervenção estatal na economia, etc., etc.

Por que as mulheres ganham menos do que que os homens? Uma explicação "comportamental"


Há tempos que os economistas estão interessados em entender o porquê das mulheres ganharem menos do que os homens mesmo em ocupações equivalentes -- há uma extensa literatura empírica sobre o tema que data (uma revisão da "1º geração" dessa literatura pode ser vista aqui e aqui; evidência empírica recente pode ser vista aqui e aqui).

A Teoria dos Jogos em ação


Um programa de TV (Japonês) colocou três campeões olímpicos de esgrima para lutar contra 50 esgrimistas amadores. O objetivo era, com a espada, "matar" o oponente -- o que significava furar um pequeno balão no peito do mosqueteiro. Antes de olhar o vídeo (no fim do post), vale a pena perguntar: qual é o resultado previsto pela teoria dos jogos? Será que a teoria acerta?

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Um a menos e um a mais


Nelson Barbosa está dizendo que a inflação em 2015 atingirá 7,5%. Um a menos na lista de Fazendáveis de Dilma II. E mais um na turma de ex-aliados de Dilma I.

As universidades brasileiras deveriam adotar o inglês?


Artigo na The Economist fala sobre pesquisa do British Council e do Departamento de Educação da Universidae de Oxford apontando para um crescimento do inglês como língua de instrução nas universidades de todo o mundo. Trechos do artigo (que pode ser visto aqui):

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Coluna do CESG, no Valor

Estreia essa sexta-feira, no caderno EU&, a minha coluna "A economia como ela é".

Temas variados.

Comentários são bem-vindos.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Preferências sexuais e desenvolvimento econômico


A revista The Economist publicou em sua última edição uma resenha de um estudo cujos resultados sugerem que o que o padrão de beleza feminina que os homens consideram atrativo pode depender das condições econômicas locais (artigo aqui).

Estudantes de economia do mundo, uni-vos!


O The Guardian publicou uma matéria esse fim de semana sobre uma associação de estudantes de economia pedindo por mais pluralidade/interdisciplinaridade (todo mundo sabe que "pluralidade" é codinome pra marxist bollocks). Trechos do artigo:

Divina Coincidência?

Nos modelos macro DSGE com preços rígidos: estabilizar a inflação em patamar baixo significa ao mesmo tempo por o PIB perto do potencial. Isso ficou conhecido como Divina Coincidência. De onde vem? Nesses modelos, a rigidez gera ineficiências: inflação faz subir o preço nominal ótimo, mas tem gente presa ao preço antigo, pela rigidez, claro. Esse distanciamento entre preço ótimo e preço antigo é ruim.  Com baixa inflação, o distanciamento é menor e PIB mais eficiente. Santa coincidência!

sexta-feira, 2 de maio de 2014

O mercado de doação de sangue


Saiu no último número do Journal of Economic Perspectives (JEP) artigo de autoria de  Robert Slonim (Univ. de Sidney), Carmem Wang (Harvard Business School) e Ellen Garbarino (Univ. de Sidney), sobre o mercado de sangue. O artigo, como é a regra das publicações no JEP, é didático e ilustra com uma série de dados como as doações e os "desequilíbrios" entre a oferta e demanda de sangue são influenciados por forças econômicas.

Retrocesso


Nos anos 80 e 90, o reajuste da tabela de desconto do IR pela inflação era item constante da pauta de reivindicações dos sindicalistas. Essa medida típica da agenda do final do século passado ter sido incluída no pacote de bondades anunciado por Dilma no 1º de Maio com objetivo de estancar a queda da presidente nas pesquisas mostra que retrocedemos.