terça-feira, 27 de maio de 2014

Dados para Asset Pricing no Brasil



Na literatura de Economia Financeira, mais especificamente na área de Asset Pricing, algumas séries aparecem em quase todos os artigos. São retornos de algumas carteiras de investimento (as mais usuais são empresas divididas por tamanho, book-to-market, retornos passados e liquidez) e os chamados fatores de risco (retornos de algumas carteiras long-short). Um artigo típico da área propõe e/ou testa algum modelo de precificação. Para isso, ele tem que usar essas séries.

Se alguém vai fazer um estudo com foco no mercado americano, todas essas séries estão disponíveis no site do Kenneth French (aqui). Com isso, todos os artigos usam as mesmas séries, o que é muito bom: os estudos ficam comparáveis.

Se alguém vai fazer um estudo com  foco no mercado brasileiro, a coisa é diferente. Pela falta de um benchmark para essas séries, cada pesquisador produz as suas próprias. Acontece que a metodologia para a construção dessas variáveis não é óbvia, já que há vários filtros intermediários, relativamente arbitrários. O que ocorre? Pois é, cada artigo usa um conjunto de variáveis-base diferente, o que dificulta muito a comparação entre estudos, dando até margem para data mining. Para quem trabalha na área, é bem claro a dor de cabeça que isso provoca.

Bom, nesse cenário, nós do Nefin (Núcleo de Economia Financeira da FEA-USP) resolvemos investir um tempo construindo as séries típicas da literatura de Asset Pricing para o mercado brasileiro. Muitos detalhes, bastante discussão, mas acho que conseguimos produzir uma coisa legal. Grosso modo, utilizamos sempre que possível a mesma metodologia do Kenneth French, adaptando-a, no entanto, para o caso brasileiro quando necessário. Por exemplo, aqui para o Brasil, não dá para construir as 25 (5 por 5) carteiras de size e book-to-market que eles constroem para lá. Como aqui temos muito menos empresas que passam por um filtro de liquidez mínima (ao redor de 150 contra as mais de 2.000 de lá), e como em cada carteira temos que ter um número grande o suficiente de empresas para que os choques idiossincráticos se anulem, concluímos que daria para construir no máximo 4 carteiras, 2 por 2, para o Brasil. 

Todos os detalhes da nossa metodologia estão bem descritos no site (ou aqui). Nós criamos uma rotina que irá atualizar todas as séries mensalmente. Gostaríamos de enfatizar que estamos totalmente abertos a sugestões e críticas. Queremos construir um conjunto de variáveis que de fato seja útil para quem trabalha na área no Brasil.

Desta forma, convidamos a todos que se interessam pelo tema a dar uma olhada lá no site, na seção de Dados .  De novo: críticas e comentários são muito bem-vindos.


2 comentários:

  1. Mas que sucesso! Não sabia que existia isso na FEA!

    ResponderExcluir
  2. Parabéns pelo trabalho! Estou usando a base de dados em minha dissertação de mestrado. Enviei um questionamento, por e-mail, sobre a variável WML. Peço gentilmente que me esclareçam. Obrigado,

    ResponderExcluir