terça-feira, 22 de abril de 2014

Por que Imposto sobre aeronaves é uma má ideia?


O Professor Vladimir Safatle, colunista da Folha, publicou um interessante artigo hoje sobre o fato de que helicópteros, jatos e iates não pagam IPVA (o artigo pode ser visto aqui). Coloco abaixo um trecho:
No entanto, a verdade é uma só: helicópteros, jatos particulares e iates não pagam IPVA porque, no Brasil, os ricos definem as leis que protegerão seus rendimentos e desejos de ostentação. Bem-vindo àquilo que economistas como o francês Thomas Piketty chamam de “capitalismo patrimonial”: um capitalismo construído para quem ganha mais continuar a ganhar mais, a não precisar devolver nada para a sociedade, enquanto quem ganha menos é continuamente espoliado e recebe cada vez menos serviços do Estado.
Se os 20 mil jatos particulares e os 2.000 helicópteros que voam livremente no Brasil pagassem IPVA, teríamos algo em torno de mais R$ 8 bilhões. Esse valor é o equivalente a, por exemplo, dois orçamentos da USP. Ou seja, se aqueles que têm mais capacidade de contribuição simplesmente pagassem para ter seu singelo helicóptero o mesmo que você paga para ter seu carro, poderíamos financiar mais duas universidades com 90 mil alunos estudando gratuitamente.
É uma pena que o Professor Safatle seja, com todo respeito, um analfabeto em economia -- e como ele, infelizmente, centenas de outros que vislubram cargos executivos ou legislativos.

Quem paga os impostos?
Qualquer curso introdutório de economia nos ensina duas coisas fundamentais sobre esse assunto. 

Primeiro, que não importa de quem você cobra (se consumidor ou produtor), o ônus de qualquer imposto sempre é compartilhado por consumidores e produtores. Segundo, que a divisão desse ônus depende de características (estruturais se quiser) do mercado. Se a demanda for elástica (i.e. o volume comprado pelos consumidores é sensível a variações de preço) e a oferta for inelástica (caso provável desse mercado de aeronaves e iates, já que mesmo que o preço duplique os produtores não vão poder aumentar a produção desses bens do dia pra noite), o ônus do imposto extra que Safatle e outros desejam vai recair em grande medida sobre os fornecedores, ferrando em última instância os trabalhadores do setor que não são ricos. Ou seja: mais um exemplo em economia onde as boas intenções, levadas a cabo, se transformarão em ônus para o grupo que os do-gooders querem supostamente proteger: os trabalhadores que sofrem sob os grilhões capitalistas...(oh boy...you gotta love marxist jargon!)

Uma história real ilustrativa
Para quem acha que isso é blá de livro-texto, vale lembrar que foi exatamente isso que aconteceu nos EUA quando o Congresso americano, provavelmente alimentado pela sanha esquerdista bem-intencionada de taxar os ricos, aprovou em 1990 um imposto novo sobre aviões, iates e outros bens de luxo. Viram a meleca que fizeram (imposto em geral leva a níveis menores de atividade, e não deu outra: desemprego...porque afinal das contas não existe almoço grátis!) e em seguida, já em 1993, o Congresso voltou atrás e reduziu/removeu a maior parte desses impostos. Muita criança americana filho de operário que passava o dia montando iate e apertando hélice de aeronave agradeceu a volta do leite e do pão.

É uma pena, e em certo sentido deprimente, que um sujeito que parece saber patavinas de economia se meta a sobre ela falar para uma grande platéia sem se educar minimamente sobre o assunto (é por isso que esse blog não fala de ballet, porque aqui ninguém entende ou sabe dançar esse estilo, imagino). Isso resulta em artigos deseducadores como esse, que triste e invariavelmente acabam fazendo sucesso no meio de outras pessoas de bom coração e bem intencionados mas analfabetos econômicos como ele.

Nota: Abre parêntesis: não estou dizendo que só especialista pode/deve falar, nem NUNCA defenderia isso; Safatle ou qualquer um deve ter o direito de fazê-lo; e eu o de criticá-lo. A distinção é sutil, mas existe e é importante. Fecha parêntesis.

A moleza do coração
Infelizmente, os esquerdinhas -- eu já fui um na adolescência, confesso, por um semestre acho -- não se convenceram ainda de que pra fazer o bem é preciso mais do que boas intenções; é preciso, antes de tudo, entender e respeitar as leis da economia... 

Do mesmo jeito que você não joga um ovo do alto de um prédio esperando nunca coletá-lo ou coletá-lo inteiro no chão, você também não sai modificando, via imposto, os preços dos mercados como se isso fosse um atalho para a prosperidade geral. Não é; e a história econômica desde os tempos feudais sugere que nunca foi em lugar algum e nunca será.

Post Scriptum: Para quem quiser se "alfabetizar" em economia sugiro que comprem e leiam Basic Economics: A Common Sense Guide to the Economy de Thomas Sowell. É acessível, com linguagem clara, muito pouco jargão e rico em exemplos. É baratinho: menos de R$ 50 (nada de baixar PDF de algum site obscuro ou donde for hein, porque depois vai ficar estranho se você reclamar que seus políticos são desonestos...).

71 comentários:

  1. Prezadíssimo sr. "X"
    Li aqui seu post para a galera que não entende nada de nada. Pediram-me que lhe fizesse uma perguntinha boba: por que, tomando seu raciocínio ao pé da letra, não reduzimos, eliminamos, o IPVA sobre todos os veículos?
    Abs.

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    1. O post não era sobre a perversidade do imposto em si mas sobre a distribuição relativa de seu ônus entre consumidores e produtores e como os trbalhadores desses setores seriam provavelmente os prejudicados com a introdução de um imposto.

      Não se reduz o IPVA por razões políticas (é a receita dos agentes públicos e rent seekers no governo) e porque, economicamente, em uma análise de "equilíbrio geral", o efeito líquido disso talvez fosse indesejável (pelo efeito que teria sobre as condições de tráfego e custos de transporte e daí batendo nos preços dos produtos e na renda real) .

      Veja, imposto é necessário. Mas imposto bom (menos distorcivo) é em geral imposto sobre renda e não sobre consumo (exceto o caso de bens "ruins", que geram externaldiades negativas, cujo consumo queremos diminuir -- e.g. cigarro e alcóol.

      É óbvio que um sistema de tributação deve ser progressivo mas como tudo em economia, não há free lunch e no afã de fazer distribuição de renda via taxação, é preciso atentar para os efeitos disso sobre a produção/renda. Numa economia onde as pessoas já entregam 40% do que ganham para o Estado, falar em novo imposto -- mesmo que com a justificativa de corrigir distorções -- deveria sempre merecer todo o escrutínio técnico possível (infelizmente não é assim).

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    2. E 60% dos 8 bilhões iriam para pagar a previdência dos ilustrados professores da USP.

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  2. Respondendo ao anônimo, isso depende da sua hipótese sobre as elasticidades de demanda e oferta de veículos. Se você acha que a oferta é inelástica e a demanda é elástica, o certo, pelo argumento do professor, seria eliminar esses tributos. A minha impressão é que esse não é o caso, então, o argumento não pode ser aplicado para defender esse tipo de mudança política.

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  3. Sergio, se o mercado é competitivo então resta algum ônus aos produtores no longo prazo?

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  4. Interessante foi jogar Thomas Pickett lá no meio, como quem não quer nada, como quem é um estudioso do tema, alguns dias depois de sair matéria sobre ele no New York Times sobre o dito. Será que Safatle, com a preguiça que lhe é peculiar, estudou Pickett mesmo ou apenas leu a resenha do novo mascote-marxista do NYT?

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    1. O comentário ficou ruim: "sobre ele (...) sobre o dito (...)". Comentar prestando atenção no filho estudando dá nisso.

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    2. Mas espera aí, Alexandre, sobre o Piketty, será que o que ocorre não é uma interpretação indevida por parte da mídia (com destaque para o NYT)? Quer dizer, saíram dizendo por aí que o cara é o novo Marx e tal sem provavelmente nem ler direito nenhum dos dois autores, e daí fica nessa de "salvador" para uns e "criminoso" para outros, por motivos majoritariamente emocionais, não?

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    3. Não sei, e não importa. O que apontei foi a incrível "coincidência" do name dropping do cara dias depois de sair um artigo relativamente destacado no NYT. O meu ponto é: Safatle leu o francês, ou só leu o NYT e está lustrando a "cultura" que não tem? Pelo que ele escreveu, apenas um name dropping, ele leu o NYT e só. Meio falácia intelectual, ou não?

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    4. Sim, entendi seu ponto, é que achei estranho o termo "mascote-marxista".
      Muito provável que tenha feito a menção por mero argumento de autoridade, tendo lido, lido mal, ou simplesmente não lido, e daí sim, pode não ter sido muito honesto intelectualmente...

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    5. Capital in the Twenty-First Century (“O Capital no Século 21″), do economista Thomas Piketty, “deve roubar de Por que as nações fracassam e Dessa vez é diferente o título de obra de economia menos lida e mais comentada deste século”, escreveu Luciano Sobral, do blog de economia Drunkeynesian."

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  5. Tem uma visão preocupante no pensamento do Safatle: O imposto sobre cada bem deve ser fixado de modo a reduzir desigualdade social?????????????

    Pra isso serve em parte o imposto de renda e em parte as transferências de renda, e não o imposto sobre rollex ou o imposto sobre chuchu

    Ele conseguiu tornar algo fácil (a idéia de que os ricos pagam menos que deveriam no brasil, por ser chiclê pouca gente discorda ou debate isso) em de difícil defesa.......

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    1. Concordo. Ele levou para questão moral da desigualdade se esquecendo de preceitos econômicos

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  6. Mas para o imposto afetar o emprego o Brasil nao teria que ser um grande produtor de aeronaves?

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    1. Aeronaves dão mais empregos na manutenção do que na construção. A Embraer, pelo que eu saiba, é um grande player na aviação executiva.
      As aeronaves comerciais não seriam taxadas. Já basta a taxação do combustível, que torna o céu brasileiro caríssimo para voar.

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  7. Embora não seja economista, Vladimir Safatle pelo visto está esta por dentro. Até citou Thomas Piketty...


    Sugiro um post sobre o livro do Thomas Piketty. Abraços

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    1. Cá está:
      http://economistax.blogspot.com.br/2014/02/thomas-piketty.html

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    2. Falou-se muito pouco. A Folha publicou uma bíblia do Krguman cometando a bíblia do Piketty

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  8. Se posicionar contra a instituição de qualquer imposto será quase sempre uma boa ideia. Nesse contexto, porém, o argumento usado é meio franquinho na minha opinião. Dado que existe o IPVA para carros, o imposto sobre jatos e helicopteros seria claramente um avanço. Se os produtores dos avioes forem incapazes de aumentar a oferta, isso provavelmente ocorrerá pela falta de mao de obra especializada, o que em certo sentido vai contra a ideia de que o imposto seria "repassado" aos trabalhadores. E tambem nao vejo, a priori, razoes para assumir que a demanda por esses bens seja tao elastica ao preço...

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    1. Claudio,

      O argumento é em certo sentido fraco mesmo. E aí é que está a beleza dele: não precisa ser um argumento "forte" pra destruir o argumento do Prof. Safatle. Algo simples, básico, basta.

      Não consigo ver o avanço em taxar mais coisas (two wrongs dont make one right). É possível fazer um argumento de justeza/equidade, mas isso seria um pedaço pequeno e imaterial da conta relevante a ser feita pra julgar se isso é mesmo algo desejável.

      Por fim, não importa se a demanda é muita ou pouco preço-elástica. O que importa é a elasticidade-preço relativa, e fica difícil argumentar que produtores desses bens (veja quanto tempo leva para produzir um helicóptero na Helibras...) tem mais capacidade de responder a preço do que seus consumidores.

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    2. Instituir um novo imposto que seria supostamente um avanço e as empresas não aumentam a oferta por falta de mão-de-obra? Me explica essa lógica. O repasse aos trabalhadores se dá justamente quando o aumento do preço do bem reduz a demanda e consequentemente a oferta, gerando demissões. Ah, uma aula de micro....

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  9. O artigo do Safatle é triste, mas este parágrafo também é:

    “É uma pena, e em certo sentido deprimente, que um sujeito que sabe patavinas de economia se meta a sobre ela falar sem se educar minimamente sobre o assunto (é por isso que esse blog não fala de ballet, porque aqui ninguém entende ou sabe dançar esse estilo, imagino).”

    Convenhamos, o blog já abordou diversos assuntos que fogem do conhecimento dos autores, cheios de achismos e chutes. (Se não me engano, já cheguei a ler a desculpa de que, bem, “é só um blog”, então pode…)

    Mas o que eu acho triste é essa reação agressiva de alguém que parece se sentir ofendido quando outrem demonstra ignorância sobre economia. Como se economia fosse um assunto sagrado, sobre o qual apenas os entendidos pudessem dar um pitaco.

    Na verdade, é comum ver a mesma reação partindo de especialistas de outras áreas. Os caras se sentem ofendidos! Mas, quando esses mesmos especialistas se aventuram a abordar outros temas, a autocrítica praticamente inexiste. Esse sentimento de importância, embora compreensível, é lamentável.

    Aproveitando, noto que a escrita não parece ser a especialidade de nenhum dos autores deste blog. Felizmente, não vejo ninguém revoltado ao ler textos tão mal-redigidos. (Talvez porque sejam regra na academia…)

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    1. Ele (Anonimo das 20:39) tem razão.

      Sergio, na boa, sem querer dar lição de moral nem nada... Mas as vezes vc escreve as coisas num tom meio agressivo. O que é uma pena, porque vc muitas vezes está certo e poderia ser ouvido por mais gente.
      Outra coisa, não entendo porque vc, e outros autores desse blog gostam tanto de estereotipar a esquerda. Você não acha que convenceria mais pessoas se falasse as coisas em um tom mais neutro, em vez de usar termos como "esquerdinha"?

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    2. Engraçado é ler que, por economia não ser ciência exata, qualquer tipo de besteira deva ser respeitada ("nada é sagrado"). Não é pq a palavra cálculo vem de pedra que devemos voltar a idade dela...

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    3. "Convenhamos, o blog já abordou diversos assuntos que fogem do conhecimento dos autores, cheios de achismos e chutes."

      - Como você sabe? Você agora sabe tudo que a gente leu e anda lendo? Depois falam que os autores são arrogantes...é cada um.

      "Mas o que eu acho triste é essa reação agressiva de alguém que parece se sentir ofendido quando outrem demonstra ignorância sobre economia. Como se economia fosse um assunto sagrado, sobre o qual apenas os entendidos pudessem dar um pitaco."

      - Que reação agressiva meu senhor/minha senhora? E não incomoda a mim nem a ninguém desse blog imagino dar pitaco sobre economia. Mas como economistas em uma universidade pública é nosso papel sempre que possível apontar esses equívocos sobretudo porque o que é publicado na Folha deve ter em geral grande audiência. Ou seja: veja isso como um serviço de utilidade pública. Se você não gosta, paciência. A gente sabe viver com isso numa boa.

      "Na verdade, é comum ver a mesma reação partindo de especialistas de outras áreas. Os caras se sentem ofendidos! Mas, quando esses mesmos especialistas se aventuram a abordar outros temas, a autocrítica praticamente inexiste. Esse sentimento de importância, embora compreensível, é lamentável."

      - Ok, roger that.

      "Aproveitando, noto que a escrita não parece ser a especialidade de nenhum dos autores deste blog. Felizmente, não vejo ninguém revoltado ao ler textos tão mal-redigidos. (Talvez porque sejam regra na academia…)"

      - Se você acha que está up to the task, fique absolutamente à vontade para proofread nossos posts, sugerir mudanças e até mesmo nos enviar suas contribuições bem-redigidas e nos educar sobre como escrever bem. Estou sendo sincero. É só me mandar um email com essas coisas.

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  10. Mas pior que o tom do Sergio, condescendente e arrogante, foi o argumento dele. Primeiro, a análise de incidência não é nada convincente neste caso. O Brasil é um participante menor como consumidor de transporte aéreo privado então a hipótese que me parece mais correta é que a incidência do imposto não recai sobre o produtor neste caso. Segundo, o argumento contra impostos porque impostos-são-do-Demo não é em nada mais inteligente do que a típica beatificação do Safatle. Impostos são necessários e não existe nenhuma razão para acharmos a priori que a introdução de um imposto adicional vai piorar a eficiência da economia. Vamu melhorar, genésio.

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    1. "Mas pior que o tom do Sergio, condescendente e arrogante, foi o argumento dele."

      - Arrogante? Sério? Não vi assim, mas se tão falando é porque talvez tenha sido. Paciência. Linguagem escrita tem esses problemas.

      "O Brasil é um participante menor como consumidor de transporte aéreo privado então a hipótese que me parece mais correta é que a incidência do imposto não recai sobre o produtor neste caso."

      - De fato mas meu argumento se fia meramente nas inclinações relativas da oferta e demanda doméstica dos bens. Em relação ao preço pré-imposto, novo imposto recairá relativamente mais sobre o consumidor só se a demanda for menos elástica do que a oferta.

      "Impostos são necessários e não existe nenhuma razão para acharmos a priori que a introdução de um imposto adicional vai piorar a eficiência da economia. "

      - Ceteris paribus, vai. Mas o efeito numa análise de equilíbrio geral vai mesmo depender de outras coisas, como quase tudo.

      "Vamu melhorar, genésio."

      - Eu nunca penso de outro modo. No caso do blog, por que você não ajuda a melhorar? Sinta-se convidado a contribuir para o blog. Não que seus comentários não ajudem na audiência do blog e na diversão geral (eu confesso que gosto dos seus comentários, tão condescendentes e arrogantes como o meu agora e em outras ocasiões foi, sobre os affairs brasileiros). Mas você claramente seria muito bem vindo a escrever artigos pro blog (em anonimato se quiser) -- e até acho que iria turn out liking more. Bom, fica o convite, que é sincero.

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    2. No longo prazo o "O" anônimo vai ser pós-keynesiano, só ele não tá notando a mudança.

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  11. ... bestificacão do Safatle... (o corretor do meu browser corretamente reconheceu que a palavra que me fucei a usar não eziste, por ora).

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  12. "É uma pena, e em certo sentido deprimente, que um sujeito que sabe patavinas de economia se meta a sobre ela falar sem se educar minimamente sobre o assunto (é por isso que esse blog não fala de ballet, porque aqui ninguém entende ou sabe dançar esse estilo, imagino)."

    Ironicamente, você, que já "se meteu a falar" várias vezes neste blog sobre assuntos que fogem do escopo da ciência econômica, quer limitar a liberdade de opinar sobre Economia àqueles que não são "analfabetos em economia". Você pode deseducar quem quiser falando sobre Psicologia, mas o Safatle NÃO PODE, NÃO DEVE falar sobre Economia.

    E só mais uma coisa: "Não é; nunca foi em lugar algum e nunca será." Amém, Padre Almeida, Amém!!!!!

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    1. "Ironicamente, você, que já "se meteu a falar" várias vezes neste blog sobre assuntos que fogem do escopo da ciência econômica, quer limitar a liberdade de opinar sobre Economia àqueles que não são "analfabetos em economia"."

      - Primeiro: Aponte por favor qual assunto tratado por mim foge do escopo da ciência econômica. Mesmo que você acha um ou outro (o guia aeroportuário?), todo mundo tem liberdade pra postar sobre o que quiser e vocês tem liberdade pra vir aqui e comentarem o que quiserem (com anonimato ainda), afinal somos os detentores da propriedade do blog. Se o "mercado" não gostar do que escrvemos, vamos pagar com audiência. Thats how it works! Segundo: aponte em qual artigo meu eu estou deseducando alguém em psicologia. Se eu o fiz, aceito e até desejo que alguém venha e aponte o erro. Acho que você não entendeu esse ponto. Que fique claro: Eu defendo o direito de qualquer pessoa falar o que quiser sobre economia, mas quero ter o direito de criticar as ideias que tal pessoa expôs.

      "E só mais uma coisa: "Não é; nunca foi em lugar algum e nunca será." Amém, Padre Almeida, Amém!!!!!"

      - Jesus seja louvado meu filho!

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    2. Não entendo como você se outorga tanto o direito de condenar o Safatle por falar sobre Economia na Folha (repito, já que você parece esquecer o que escreveu: "É uma pena, e em certo sentido deprimente, que um sujeito que sabe patavinas de economia se meta a sobre ela falar sem se educar minimamente sobre o assunto" "Isso resulta em artigos deseducadores como esse") quanto o direito de falar sobre o que desejar no EconomistaX.

      E já que você gosta tanto de inglês: Walk the talk, buddy, walk the talk

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    3. "Não entendo como você se outorga tanto o direito de condenar o Safatle por falar sobre Economia na Folha quanto o direito de falar sobre o que desejar no EconomistaX"

      - Leia a Constituição Federal e entenderá (esp. Art. 5º e Art. 220º).

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  13. Opa X,
    Acho que vc falou besteira, com todo o respeito.
    Sua conclusão depende da hipótese de baixa elasticidade da oferta. De onde vc tirou essa hipótese? Há algum dado?
    Mesmo se sua hipótese se sustentar: do pouco que conheco do mercado, helicópteros são (quase) exclusivamente importados. Importados em país de economia pequena (nao altera o preco internacional) com poder de mercado para firmas (cada produtor de helicoptero é representado por uma unica firma no Brasil). O que acontece com a elasticidade da oferta?
    Em último caso, os produtores de helicópteros arcarão com o ônus do imposto (os funcionarios especialmente), mas eles estao em outro pais que não o Brasil. Literalmente, foda-se.
    A não ser que vc tenha outros dados seu artigo não se sustenta.
    Abraços

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    1. Suponha que seja tudo importado. Isso não muda meu argumetno. Desde que eles não sejam comprados pelo Ebay e entregues pela FedeX, haverá uma "indústria" local de importação desses bens ocupando pessoas. E esse segmento vai arcar com a maior parte do ônus tributário de um novo imposto desde que mais elástico do que a demanda. É um argumento teórico sobre a distribuição do ônus porque um imposto vai levar à redução da atividade (de produção/importação) anyways (a menos que ou a demanda ou a oferta seja perfeitamente inelática, o que não deve ser o caso).

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    2. E acredito que a maior parte dos empregos da área está na manutenção e não na produção, o que torna o seu argumento inválido. (de outro anônimo)

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    3. "E acredito que a maior parte dos empregos da área está na manutenção e não na produção, o que torna o seu argumento inválido. (de outro anônimo)"

      - Ok mas o emprego nesses áreas estão positivamente correlacionados ao longo do tempo -- ou se se vende menos aeronave, o emprego no setor de manutenção não se altera? Além disso, "menor parte" não significa zero.

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    4. Tem um anonimo lá em cima falando que em mercado competitivo o ônus a longo prazo é sempre do consumidor, isso não me parece errado.

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    5. No longo prazo estaremos todos mortos. Mas como o "longo prazo" dos consuimidores é sempre menos longo que o dos produtores (rico vive mais), o anonimo tá certo.

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  14. Sérgio,
    Gosto bastante da proposta do blog e acompanho-o. No post de hoje, por exemplo, estou de acordo com toda a teoria explicada: sim, haverá perda de empregos e maior ineficiência na economia, ainda que talvez seja o caso limite. Mesmo assim, acho uma boa colocar imposto nesses bens, da mesma forma que há para carros, mesmo que gere mais ineficiência para esses setores – que sem sei são importantes no país. A discussão de imposto, e a teoria mostra que ele gera distorções, está mais ligada à procura por mais equidade do que eficiência econômica, sempre dentro de certos limites. Em suma, no fim, a questão do imposto é política, mas não quer dizer que não haja limites econômicos para isso.
    No mais, a pernosticidade e o tom mais agressivo eram casos isolados, mas aumentaram nos últimos posts. Está começando a aparecer com textos da com carga “pesada”- mais cheios de polêmicas e argumentos “ad homini” do que outra coisa –, do tipo Rodrigo Constantino, Reinaldo Azedo e demais. Todos temos preferências políticas; não concordar com ultraliberais ou conservadores não faz de mim, necessariamente, comunista – a não ser para os primeiros. A verdade é que o intuito do blog é bom, vcs são pessoas que sabem muito, é uma ferramenta para ver a teoria por trás dos fatos e notícias. Naturalmente, dúvidas vão aparecer, discordâncias também, mas acho que manter um tom menos agressivo deve contribuir mais, em vários sentidos, do que o contrário.
    abs

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    1. Não vi nada de "ad hominem" no post. Tem traulitada no Safatle, mas o argumento do Sergio rebate a proposição do Safatle. O fato de haver traulitadas não necessariamente tornam o argumento "ad hominem".

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    2. Obrigado pelo feedback.

      Posts "técnicos", na linha "olha a teoria por trás das coisas", consomem tempo e não dá pra fazer mais do que um por mês dado que isso não é nossa atividade-fim. Talvez nesses períodos acabam aparecendo coisas mais opinativas com um tom menos sóbrio. É praticamente inevitável. De modo que fatalmente existirão posts nos quais estaremos despidos da cátedra e mais vestidos de seres humanos normais que somos que se exalta e às vezes, por puro chiste, adota um tom mais agressivo/machista. A gente espera que a audiência entenda isso e leia as coisas descontado esses trechos que soam inadequados ou agressivos. Pq quase certamente "we dont mean that".

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  15. Vc tem razao, gente com diploma totalmente ignorante, como o autor desse post patetico. Acho q vc devia estudar um pouco mais. Ate o sfatle conhece coisas de economia q vc nao.
    Adam smith

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    1. Sweetheart, se você não for claro e apontar precisamente aonde está a ignorância/patetice do post, fica difícil debater. Xingar é fácil e qualquer um faz. Fico no aguardo. Bjinho no ombro.

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  16. Este post é tão ruim que corre o risco de virar meme.

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    1. Sweetheart, se você não for claro e apontar precisamente aonde está a ruindade do post, fica difícil debater. Criticar é fácil e qualquer um faz. Fico no aguardo. Bjinho no ombro.

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  17. Pense um pouco em questões como: externalidades negativas das aeronaves, equidade entre donos de meio de transporte individual terrestre e proprietários de aeronaves, incentivos ao transporte individual, aeroporto como bem rival, defesa setorial do emprego e rent-seeking. Muita coisa interessante a ser analisada. Pense antes de postar.

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    1. Pensei. Mantenho tudo o que disse. Foi uma análise marshalliana.

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  18. Até a análise lacaniana do Saflate tá melhor.

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  19. Por que a demanda pelos bens suntuários é tão elástica? Apesar de não serem bens de primeira necessidade, não faz sentido: os dispostos a pagar milhões neles estariam também aptos a completar alguns outros milhares..

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  20. E se a "bill" viesse acompanhada de um dispositivo exigindo que os estados que optarem por taxar aeronaves e embarcações compensassem com desonerações outros setores? Seria uma boa oportunidade de avançar no princípio da equidade (mais ricos pagam mais, a não ser que esse princípio tenha sido abolido pela causa liberal) e desonerar setores com mais externalidades positivas, não?
    "Vamu melhorar, genésio" [cit.].

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  21. "imposto bom (menos distorcivo) é em geral imposto sobre renda e não sobre consumo"

    Mein fiecking gott. You have no right to say that Mantega or Safatle are clueless about economics. Sério.

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    1. Vamos fazer assim meu querido. Mostre o erro no que eu disse e me dê a chance de mostrar quem é clueless. Ficar gritando com os bracinhos pra cima qualquer um pode fazer, sobretudo se escondido por trás do anonimato.

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    2. Então pq o Economista X não assina o nome dele quando cita os piores economistas do mundo inteirinho? Faça-me um favor....

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  22. Eu comentei a proposta no meu blog. Versão tl;dr: 1- Os números do Safatle estão errados; 2- A elisão fiscal torna a receita tributária bem elástica; 3- a receita seria mixuruca.

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    1. Leonardo,
      1 - o anuário fala em mais de 13.000 aeronaves. por que você fala em menos de 9.000 aeronaves?

      2 - haveria mesmo um problema sério de elisão fiscal? ou, de outra forma, é possível mesmo o registro de aeronaves fora do país?

      3 - seria mesmo tão mixuruca a receita?

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  23. 1- Figura 3. O projeto de tributação só inclui o serviço aéreo privado. Vc só chega a 13 mil se incluir aeronaves de instrução, taxi aéreo, agrícolas e outros.
    2-Não sei se dá para registrar fora, mas dá para criar uma empresa e passar a fretar o avião. E hát tb mais um milhão de maneiras que nem eu, nem vc sabemos conhecemos. Um advogado sabe todas.
    3- Ok, mostre-me um país em que a receita disso é alta. (Na Europa, eu sei que a Irlanda dá uma monte de isenções, então não procure lá.).

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  24. Fala, Sergio. Seu argumento está perfeito e só os rudimentares acima não perceberam que todo modelo com conteúdo científico contém generalidades e fatos estilizados, mas nunca a intenção de esgotar o assunto. Só os modelos elaborados sob a dialética pós-contemporânea da luta de classes (leia-se: dos esquerdistinhas) querem sempre esgotar os assuntos, pois como alguém pode se opor ao desejo de maior igualdade social ? (o fim é o meio e o meio é o fim - como são fracos de retórica estes esquerdistinhas!). A quantidade de comentários só mostra o quanto estes anônimos acima se sentiram intelectualmente desamparados. Ademais, para comentar a porcaria que o Safatle escreve, tem que ser arrogante mesmo. É a complacência com ideias toscas que nos mantém até hoje como "o país do futuro", próspero lar de todos aqueles que querem fazer caridade com o bolso alheio. Para quem gosta de aforismos: “Socialists are happy until they run out of other people's money".

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    1. "todo modelo com conteúdo científico contém generalidades e fatos estilizados, mas nunca a intenção de esgotar o assunto"

      Nossa, isso deveria vir impresso em marca d´água em todo manual de economia e os alunos deveriam, a la Bart Simpson, escrever essa frase 300 vezes na lousa. Isso evitaria 80% das incompreensões que povoam a cabeça de muito aluno e professor heterodoxo e pouparia muita energia que professor da usp gasta tentando educar esse pessoal.

      Eu só adicionaria uma frase: "Manual de graduação não é a fronteira!"

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  25. Sergião, qual o interesse que motivou a criação desse blog? Estão querendo uma vaga de colunista na Veja?

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    1. Ou de parecerista independente.

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    2. Acho que trata-se de um conjunto enumerável, porém infinito: desmistificação da economia, mostrar que é divertido, divulgação dos rudimentos e instrumental teórico, etc.

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    3. É apenas um canal para eu me comunicar com meus pais (kidding).

      O Rodrigo está certo. O objetivo é oferecer algo um pouco mais theory- e data-based (nem todo post é assim claro) para o público mais refinado/escolarizado.

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  26. "um capitalismo construído para quem ganha mais continuar a ganhar mais, a não precisar devolver nada para a sociedade, enquanto quem ganha menos é continuamente espoliado e recebe cada vez menos serviços do Estado."
    A USP seria um ótimo exemplo do processo citado. Acho que cobrar de quem pode pagar já seria um avanço. E depois vamos taxar as aeronaves e o crème brûlée.

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  27. A comunistada tá inflamada pq vc trollou o ídolo deles...

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  28. Essa discussão toda me lembrou de Ofélia, que só abria a boca quando tinha certeza. Aprendamos com ela.

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  29. Só os loucos abririam a boca então...

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    1. Ou pior, só os petistas, que são os supremos detentores de todas as "certezas" da vida...

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  30. Eu não gosto dessa sensação de ter que fazer tudo o que os que têm mais dinheiro determinam sobre os que têm menos.

    Eu acho que temos que ser mais humildes e aceitar que nem sempre podemos ganhar. Os privilegiados que hoje podem ter aviões, helicópteros, barcos e lanchas parecem bater o pé (num ato mimado) quando alguém tenta elevar seus impostos para reverter esse dinheiro em algo bom para as pessoas que sustentam a pirâmide da desigualdade. E aí se são taxados, colocam seu dinheiro "debaixo do colchão", ou seja, correm 0 riscos e deixam de movimentar a economia.

    A grande verdade é que quem governa nosso país, desde de sua fundação, são os ricos da ponta da pirâmide. E claramente a economia só parece rodar quando eles estão tendo o que querem. Nos dando a impressão de que a "economia" é assim e pronto.

    A corrupção, ao meu ver, vem do setor privado para o setor público. Sempre foi assim aqui ou nos EUA: Grandes empresas financiam campanhas de políticos e estes políticos quando eleitos fazem o que os financiadores pediram unicamente para favorecer seus negócios, sem interesse nenhum em investir no povo. O único interesse no povo é que 200 milhões de Brasileiros podem consumir seus produtos/serviços e podem servir como massa de manobra, para que pobres fodidos pensem que economia é "ASSIM E PONTO" e passem a agir de forma a favorecê-los novamente.

    Não é questão de esquerda e direita. É questão de como você seria tendo 1 bilhão de dólares na sua conta: Alguém que tem medo de perder cada centavo; ou alguém que tem o mínimo de consciência social e não se importa de perder 10,20 ou 30 milhões de reais em algo que não seja para si próprio.

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