terça-feira, 1 de abril de 2014

Artigo do Sérgio Lazzarini -- ESTADAO, HOJE

O Sérgio é um acadêmico da área de ADM. Apesar disso, ele é um dos melhores ECONOMISTAS aplicados do Brasil.

Pois bem, em dito isso queria complementar o artigo no ESTADAO que ele escreveu hoje com um argumento macro que não apareceu lá. O Sérgio basicamente nos lembra que existe grande variância de produtividade entre as firmas, mesmo dentro do mesmo setor. E daí conclui que produtividade então não depende só do ambiente macro, das policy macro, pois essas coisas são meio que iguais para todos. Aí depois ele fala de estratégias e tal...

O que eu queria acrescentar é o seguinte: a coisa macro não é tão irrelevante assim, pois a cara da dispersão de produtividade é endógena justamente a politicas macroeconômicas. Por quê? Porque se você, via politicas macro, torna mercados de capital e trabalho mais eficientes e fluidos, e além disso facilita entrada nos mercados de bens e serviços de novas empresas, o que ocorre é que as firmas menos produtivas vão sumir mais rapidamente, via competição ou fusão/aquisição.

Endogenamente então, a função distribuição das produtividades fica mais apertada em torno da média. E além disso a média sobe, pela margem extensiva (saem as empresas ruins).

11 comentários:

  1. Realmente o ambiente competitivo afeta demais a adoção de melhores práticas de gestão. Tem um estudo recorrente muito legal sobre isso http://worldmanagementsurvey.org. O cara mostrou que 1/3 do diferencial da produtividade da Europa para os EUA pode ser explicada por práticas de gestão.

    Quanto ao Lazzarini, ele não quis dizer que a política macro é irrelevante para a economia como um todo. A política macro é irrelevante para a formulação da estratégia de um empresário específico, que por definição busca um diferencial competitivo.

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  2. Mudando de assunto, gostaria de alguma sugestão de um livro de história economica brasileira de Vargas para cá. Alguma sugestão?

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    1. Não sei se tem melhores, mas este é muito bom:

      http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/330367/a-ordem-do-progresso-cem-anos-de-politica

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    2. Valeu! Vou checar.

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  3. Já vi apresentações do Sérgio e ele é realmente um ótimo economista empírico.

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  4. Ola Dudu, ha alguns novos papers estudando o caminho inverso a sua hipotese, ou seja, de que as flutuacoes macro seriam primordialmente originarias de choques micro, como esse paper que o Vaco Carvalho apresentara hoje aqui em Columbia (http://www8.gsb.columbia.edu/programs-admissions/sites/programs-admissions/files/finance/Macro%20Workshop/spring%202014/Vasco%20M.%20Carvalho.pdf) e esse paper do Gabaix na Econometrica (http://pages.stern.nyu.edu/~xgabaix/papers/granular.pdf). Concordo que provavelmente e' algo no meio do caminho mas acho que o ponto dele e' que se espera muito de politicas macro e ha evidencias que elas nao ajudam tanto quanto parece.

    Abs

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  5. Oi, Samer. Valeu...eu tinha visto o da econometrica.
    Note contudo que isso eh quase ortogonal ao meu ponto...o que digo eh que a dispersao da produtividade necessariamente tem a ver com a facilidade de firmas entrarem, e de capital and labor being redeployed easily and swiftly across sectors. Isso tem pouco a ver com o fato de choques micro serem importantes para business cycles.
    Abs

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Mas há alguma evidencia de que o nível médio de produtividade é maior em países com melhores políticas macro? Parece obvio pra mim que sim mas nao sei se alguém ja mediu a relevância quantitativa disso, talvez alguem daqui saiba.
      Abs

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  6. "Porque se você, via politicas macro, torna mercados de capital e trabalho mais eficientes e fluidos, e além disso facilita entrada nos mercados de bens e serviços de novas empresas, o que ocorre é que as firmas menos produtivas vão sumir mais rapidamente, via competição ou fusão/aquisição."

    Entre os anos de 1993 e 1995 (período da estabilização no Brasil), o Gini do grupo de empregadores da PNAD caiu muito, muito mais do que dos outros grupos e do que o Gini agregado, que variou muito pouco. No mesmo período houve um aumento muito forte do número de falências requisitadas. Me parece uma evidência empírica (que encontrei na minha monografia) desse seu ponto, Dudu. Com o fim da inflação no Brasil, muitos empreendedores pouco produtivos, que atuavam apenas por conta do poder de monopólio local que a inflação galopante lhe garantia, por exemplo, pularam fora da distribuição. De fato houve uma redistribuição dos empreendedores em torno da cauda mais à direita com uma subsequente redução da variância.

    Agora não sei se podemos jogar isso na conta de políticas macro ou reformas micro. Enfim...

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  7. Complementando a discussao de ontem, encontrei essa apresentacao do Dani Rodrik sobre produtividade no Brasil (http://www.sss.ias.edu/files/pdfs/Rodrik/Presentations/Productivity-growth-lessons-for-Brazil-from-other-countries.pdf) onde ele diz que o grande problema e' a produtividade no setor de nao-tradables e nao tem nada a ver com macro. Nao tiraria o peso que a carga tributaria pode ter nisso mas achei que lhes interessaria.

    Abs

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