domingo, 13 de abril de 2014

São Pedro

São Paulo, sábado, oito e meia da noite, chove forte. Aquela chuva que foi rara no último verão paulistano. A luz de casa começou a piscar. Daqui a pouco, muito provavelmente, a minha conexão com a internet cairá. Certamente muitos semáforos não estão funcionando na cidade. Vários pontos de alagamento já devem ter surgido.

Apesar disso, a chuva é bem-vinda. Fez calor nos últimos dias e a represa precisa encher para não virar de vez açude nordestino em época de seca. Se eu estou contente com a chegada da chuva, imagino a felicidade de Geraldo Alckmin. O governador de São Paulo já deve ter acendido muitas velas para São Pedro, colocado sal grosso no telhado do Palácio dos Bandeirantes, baixado na internet os passos da dança da chuva etc. Dilma também deve estar apelando a todas as mandingas para que chova muito, torrencialmente, em todo o país.

Pois é, PSDB e PT finalmente estão aliados. Aliados na torcida para que São Pedro mande água aqui para baixo. Disso pode depender o sucesso eleitoral dos políticos que ocupam os cargos executivos mais importantes do país, a Presidência da República e o governo de São Paulo. Algo saiu errado quando o futuro político dos principais governantes do PSDB e do PT depende de São Pedro. Não pode ter sido apenas falta de sorte.

Quem pagará a conta pela incúria tucana e petista, financeiramente ou via racionamento de água ou energia, somos nós consumidores e eleitores. O pior é que os especialistas estão convergindo para a previsão de que o racionamento de água e de energia é inevitável. A dúvida é saber quando ocorrerão, quando as torneiras secarão e quando as televisões – ou as máquinas da indústria – deixarão de funcionar por falta de energia. A torneira secará primeiro, ou a televisão parará de funcionar antes? Será em 2014 ou em 2015? Antes ou depois de 5 de outubro?

Seja como for, se os especialistas estiverem certos, também haverá uma conta política a ser paga por Alckmin e Dilma. Será mais salgada se chegar antes de outubro. Mas pesará no bolso dos dois mesmo se for cobrada depois disso, especialmente se eles se reelegerem. Em 1999, depois da desvalorização cambial de janeiro, a popularidade de FHC despencou e nunca mais se aprumou para valer. Pode ser que ocorra o mesmo com Alckmin e Dilma em 2015, se sobreviverem a 2014.

Um comentário:

  1. Acho essa comparação assimétrica entre estado de SP e União totalmente injusta. Existe um ministério ( minas e energia) para cuidar do planejamento energético nacional. Existe a Empresa de Pesquisa Energética a disposição do Gov Fed. Sem falar na Gestão das Finanças públicas q eh competência federal.
    Sera q deliberadamente Dilma sabotou os investimentos do PSDB?
    Não sei. Mas ha q se ponderar essa culpa...

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