quinta-feira, 22 de maio de 2014

Pitacos sobre o curso de graduação em Economia


Há algum tempo noto certa frustração dos alunos de Economia com seus cursos de graduação. Não vejo isso só entre meus alunos da USP. Há manifestos de estudantes de diversas partes do mundo pedindo mudanças nos currículos para incorporar abordagens alternativas ao mainstream.

Uma reclamação constante é que a disciplina é muito teórica, com modelos que pouco representam o mundo real. Entretanto, quando olhamos para a pesquisa acadêmica de ponta recente, nota-se que a Economia é, em grande medida, uma disciplina aplicada. Proporcionalmente, poucos pesquisadores se dedicam a teoria pura. E, se você vai apresentar um paper com modelo em um departamento minimamente sério, as pessoas vão sim contestar o realismo de suas hipóteses e se há evidência empírica em favor dos seus resultados.

Já se você tem um paper mais empírico, você provavelmente será bombardeado com perguntas desafiando sua estratégia de identificação, e propondo alguma história alternativa que explique seu resultado. E mesmo que você encontre alguma relação limpa entre duas variáveis, as pessoas vão provavelmente querer algum tipo de evidência sobre o mecanismo que as conecta.

Bom, tudo isso para dizer que a profissão está sim preocupada em explicar fenômenos do mundo real. E isso é bem evidente entre economistas do chamado mainstream: é só olhar as últimas edições dos top journals (AER, QJE, JPE) e contar o número de papers empíricos. Até mesmo Econometrica e Restud, tradicionalmente mais técnicos e teóricos, passaram a publicar mais artigos aplicados recentemente.

No entanto, os alunos de graduação em Economia em geral não têm acesso a essa pesquisa aplicada, o que gera a impressão de que a disciplina é eminentemente teórica e pouco preocupada com o mundo real. Em minha opinião, isso ocorre em parte porque se ensina Econometria no final do curso, quando os alunos estão próximos de formarem.

(Minha análise se baseia no curso da USP, mas imagino que a maioria das escolas brasileiras tenha uma estrutura semelhante. Favor comentar.) 

Por exemplo, quando ensino crescimento econômico na graduação, não consigo ir além de diagramas de dispersão para discutir aplicações empíricas do campo. Há diversas contribuições recentes, que com um pouco de Econometria poderiam ser expostas aos alunos. 

Se Econometria fosse ensinada no segundo ano de Economia (em um curso de 4 anos), as matérias aplicadas do terceiro e quarto anos poderiam abordar essa pesquisa acadêmica recente. Hoje, há diversos papers acadêmicos com mecanismos econômicos bem intuitivos (acessíveis a quem fez bons cursos de Macro e Micro), e evidência empírica utilizando técnicas econométricas tradicionais. Um bom exemplo é o artigo de Acemoglu, Johnson & Robinson (AER, 2002), sobre instituições e desenvolvimento de longo prazo.

E não precisa de muita Econometria para entender boa parte dos papers empíricos produzidos hoje: MQO (e hipóteses que garantem consistência), testes de hipótese, variáveis instrumentais, dados em painel, e talvez um pouco de variáveis dependentes discretas e seleção. Entender essas coisas intuitivamente é mais importante, na minha opinião, do que provar ausência de viés do estimador de MQO.

No entanto, para mover os cursos de Econometria para o segundo ano de Economia, é necessário que cursos de Estatística sejam dados no primeiro ano. Uma vez me disseram que isso não é possível, pois os alunos precisam de Cálculo (que é dado no primeiro ano) antes de fazer Estatística. Discordo: o início de Estatística cobre coisas mais simples, como teoria de probabilidade e Regra de Bayes. Cálculo é importante para variáveis aleatórias contínuas, que em geral são dadas ao final dos cursos de Estatística, quando se espera que os alunos já tenham exposição a conceitos de derivada e integral.

De qualquer forma, disseram-me que essa mudança já foi tentada aqui na USP há alguns anos, e que não deu certo. Há provavelmente alguma coisa errada nessa minha proposta. Só queria entender porquê. 

59 comentários:

  1. Caro Mauro Rodrigues , na UNICAMP o curso de econometria é dado no 4 semestre ( segundo ano).O primeiro semestre é dado calculo , o segundo semestre estatistica , o terceiro uma introdução a econometria e no quarto econometria.

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    1. Sabia nem q existia número na Economia da UNICAMP.

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    2. É Econometria mesmo, ou Estatística? Digo isso pois já vi alguns cursos por aí que têm o nome de Econometria, mas são continuação do curso de Estatística, ou seja, pouco interagem com o curso de Economia em si.

      Outra questão: há cursos nos anos seguintes que usam Econometria para apresentar papers empíricos recentes?

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    3. Programa deEstatística Econômica e Introdução à Econometria da unicamp:
      Inferência Estatística: Propriedades dos estimadores. Estimadores pontuais. Intervalos de confiança e testes de hipóteses.Análise de variância. Coeficiente de correlação. Regressão linear simples. Análise de variância da regressão. Intervalo de previsão.

      Programa de Econometria I
      Econometria e economia. Regressão Linear Múltipla. Variáveis Binárias. Violação das Hipóteses. Equações Simultâneas. Séries Temporais: Estacionariedade, Processo Auto-Regressivo Média Móvel. Raiz Unitária e Cointegração.

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    4. Mas poucas materias (pelo menos ate 2012) para não dizer quase nenhuma utiliza as ferramentas passadas No curso de econometria

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  2. Mauro, tive estatística e cálculo em meu primeiro ano (2003), e isso não gerou nenhum desconforto em minha turma (noturna, diga-se de passagem). Não sei em que momento do tempo surgiu essa ideia de que ficaria muito puxado para os alunos ter os dois cursos simultaneamente, nunca fez muito sentido na minha cabeça.

    Econometria no 3o ano, além de privar os estagiários de 3o ano de uma ferramenta importante, tinha que isso prejudicaria muito as iniciações científicas - confesso que nem havia pensado que as aulas poderiam ser prejudicadas (não querendo me isentar de culpa, mas fiz Macro com o triunvirato Lq-Ma-Lu). Com os novos professores, o ponto colocado aqui é bastante oportuno.

    Na minha época, sentia uma profunda falta de coordenação, e pelo que escuto de estagiários, a coisa não melhorou muito não. Falta uma linha mestra, sentar e conversar com os alunos que o 1o ano tem que ser mais ferramental, que isso pode ser chato mas é importante para o andamento do curso (inclusive para matérias "heterodoxas", que devem sim ter seu espaço, mas no devido tempo). Cada professor ficar em seu feudozinho não ajuda em nada nossa faculdade.

    E, por mais que seja uma obrigatoriedade da USP, aulas de cálculo e estatística com professores do IME é um crime. Esse é um período para ter um nivelamento, e não maluquices. 1o ano tem que ser um período bom na faculdade, aprender ferramental, saber pq está aprendendo isso, não ficar aterrorizado com bombar, ou não saber pq está aprendendo algo. Isso faz uma baita diferença pra aplicação do aluno no restante do curso.

    Boa sorte!

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    1. "1o ano tem que ser um período bom na faculdade, aprender ferramental, saber pq está aprendendo isso, não ficar aterrorizado com bombar, ou não saber pq está aprendendo algo. Isso faz uma baita diferença pra aplicação do aluno no restante do curso."

      Perfeito. Estranho é saber que, pelo jeito, é comum no mundo inteiro os alunos receberem matérias sem saber a utilidade delas mais a frente.

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    2. Esse ponto é interessante: Econometria no segundo ano tem a vantagem de "equipar" os alunos quando eles começam a estagiar.

      Minha proposta depende sim de bastante coordenação: os cursos seguintes (3o e 4o anos) precisam ter aplicações empíricas. Não basta apenas ensinar econometria antes.

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  3. Professor, o que pode ocorrer é que os calouros tenham dificuldade em lidar com um curso de estatística junto com o cálculo, não estou justificando nada, apenas apontando algo que vai gerar descontentamento.
    Um dos problemas que afeta os calouros é que o primeiro contato com economia não é exatamente em linha com o que eles esperam, se num primeiro semestre eles encararem essa pesada carga de disciplinas exatas, podem também ficar sem contexto sobre onde as coisas que estão vendo se encaixam na teoria econômica. Uma coisa que já percebi dando aulas particulares é que uma vez que os conceitos que eles veem são encaixados dentro da teoria, tanto a motivação quanto o rendimento dos alunos melhoram muito. Uma possível solução pode ser criar um curso de estatística direcionado já para a economia.
    Talvez a solução seja ainda mais extrema, um possível teste seria oferecer um começo do curso (1º e 2º semestres) realmente focado nas disciplinas instrumentais: cálculo, estatística, economia matemática. Acredito que a maior causa de reprovações em micro e macro são deficiências na formação básica de cálculo, que poderiam se reduzir se a ênfase desse ciclo básico apontasse para o que seria visto posteriormente.
    Sua sugestão é sem dúvidas muito boa, especialmente no sentido de engajar os alunos no que é publicado durante a graduação. Pela minha experiência recente, o contato com os journals, quando ocorre, é apenas no final da graduação ou no início do mestrado.

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    1. Esse ponto é relevante. Mas não seria o caso de ter cursos de introdução bem dados, para motivar os alunos?

      E eu acho que o ganho mais para frente é maior, pois dá uma maior exposição do aluno a um material mais moderno. De qualquer forma, pode sim estimular evasão. Point well taken.

      Outra questão: o 2o ano pode ficar bem pesado, com Macro, Micro, Econometria e FES, tudo ao mesmo tempo.

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    2. Os cursos introdutórios na FEA realmente deixam a desejar: Introdução à Análise de Conjuntura aplicando trabalho baseado em coluna de jornal, really?

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    3. O problema dessa proposta é, para o curso do diurno na FEA, que o aluno terá no seu segundo semestre Cálculo II, Estatística II e Economia Matemática em conjunto. Para o aluno que veio fazer economia mais por sua parte de humanas que por sua parte de exatas a tendência é que isso seja extremamente desestimulante.

      Além disso, o ponto que o Prof. Mauro levantou é de extrema relevância: o 2o ano já é atualmente o ano mais puxado da graduação com FES, Micro e Macro. Seria muito difícil acompanhar esses 3 cursos adequadamente e mais um curso de econometria (basta perguntar para as pessoas que atualmente reprovaram cálculo no 1o ano e fazem Micro, Macro e Econometria ao mesmo tempo).

      Acho que poderia comprometer a qualidade com que esses cursos são dados. O tradeoff é complicado para uma mudança da grade.

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    4. Muita disciplina...mimimi...vai comprometer a qualidade...mimimi

      Aprenda isto filhão: "Nem todos os caminhos são para todos os caminhantes".

      Tá difícil? Vai fazer pedagogia, adm ou contabilidade.

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    5. Anônimo das 10:57,

      Desmerecimento e ofensa inadequada aos outros cursos citados. Arrogante e pouco construtivo o comentário. As outras ciências possuem a sua relevância, assim como seus cursos. Devemos respeitar e valorizá-los, mesmo que não sejam nossa área de formação. Ok?

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    6. "Desmerecimento e ofensa inadequada aos outros cursos citados. "

      Aonde pelo amor de jesus cristo está a ofensa em dizer que o curso A é mais fácil do que o curso B? A ofensa tá na sua cabeça filhão! E em que universo pedagogia, adm e contabilidade, como é ensinado na vasta maioria dos cursos do Brasil, é ciência? Vai estudar!

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    7. Tá difícil? Vai fazer pedagogia, adm ou contabilidade.(2)

      Isso não é ser ofensivo, isso é a realidade filho. Deixe o politicamente correto, que vem destruindo o Brasil sem parar, de lado.

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  4. Também não vejo problema algum termos esta linha sugerida para o curso. Na EESP tive econometria no 5o semestre, mas já tendo visto algo no 4o. Acho que isto ajudou bastante em crescimento econômico (também no 5o) para mostrar alguns resultados mais interessantes.
    No Insper, econometria também começa a ser estudada no 4o e 5o semestres, após o ciclo básico.
    Ainda sou da visão contrária dos alunos que reclamam: acho que o curso de economia deveria ter mais matemática nos primeiros anos e não deixar tudo para ser aprendido na pós graduação.

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    1. "Ainda sou da visão contrária dos alunos que reclamam: acho que o curso de economia deveria ter mais matemática nos primeiros anos e não deixar tudo para ser aprendido na pós graduação"

      Concordo. Para se ter uma idéia, nem álgebra linear temos na FEA.

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    2. Alem disso, isso permitiria tornar mais interessantes os cursos de pos graduacao, que focam demasiadamente em passar ferramental que nao foi aprendido na graduacao.

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    3. Essa configuração não é ideal, mas se aproxima da minha proposta. E resolve o problema de ter cálculo antes de estatística. Minha pergunta é: depois disso, há disciplinas com aplicações empíricas modernas no insper e na eesp? Sem isso, não há ganho em mudar econometria para o 2o ano.

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    4. Na eesp eu lembro de ter tido disciplinas com aplicações em OI, economia brasileira (pouco, mas tive), em economia do setor público e economia internacional.

      No insper, sei que em crescimento e comércio internacional tem depois que os alunos aprenderam econometria.

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  5. No Insper, a grade era (não sei se ainda é) Estatística 1 e 2 no primeiro ano, e Econometria 1 e 2 no segundo ano.

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  6. No Insper, temos estatística 1 e 2 e econometria 1 e 2 nos semestres 2, 3, 4 e 5, respectivamente. Por isso ressaltei acima que econometria começa a ser estudada no 4o e 5o.

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  7. Mas como fica a função primordial de uma Universidade Pública na área de Humanidades?

    O Objetivo de um curso de Economia não é formar Economistas capazes de entender e contribuir com trabalhos internacionais, é fornecer sustentação política para o Trabalhismo e o Socialismo.

    Vocês da USP fazem isso metade errado, deveriam se espelhar na FFLCH, UNESP, UNICAMP e todas as outras.

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    1. O objetivo do curso de economista é formar bons economistas, capazes de se inserir no debate global do que é produzido na ciência e desenvolver projetos e políticas que levem a melhores resultados para a sociedade.

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    2. Cara, apesar de ser um comentário irônico, eu acho sim, as coisas mais heterodoxas possíveis devem ser mostradas na graduação, primeiro por cima num curso tipo Clássicos, depois em optativas, ma só quando o aluno tiver uma formação para entender a diferença entre mainstream e heterodoxo.

      Não estou falando em doutrinar antes com o certo para mostrar o errado depois, mas sim permitir o pensamento crítico. E a ferramenta matemática é essencial pra isso, nem que seja pra falar mal do mainstream.

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    3. Não é só irônia, em parte é crítica. Parte das reformas necessárias para formar ótimos economistas não são implementadas pois Doutrinar é a função primordial e vocês da FEA que se desviam.

      Os cursos de História Econômica por exemplo deveriam ser todos com evidência e estatística, mas ao invés disso é um local para doutrinação. O mesmo pode ser dito nos cursos de Sociologia e Economia Brasileira.

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  8. Caro Mauro,
    a sua impressão é a mesma que a minha. Desde os tempos de minha graduação na FEA e, hj, como docente na Unicamp, noto as mesmas constatações. Na minha visão, os cursos iniciais de Cálculo e Estatística poderiam já apontar para aplicações na área da Economia. No entanto, como estes cursos iniciais estão sob a responsabilidade de outros institutos ou faculdades, tais possibilidades de aplicação não são concretizadas. Outro ponto que pode diminuir tal sensação á a ampliação de disciplinas (optativas) na área de Economia de Empresas, explorando com mais intensidade a relação entre Economia, Administração e Contabilidade. Acredito que isso ainda é pouco explorado.

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    1. Oi Rodrigo,
      Concordo, mas acho difícil mudar isso. Duvido que os professores de Economia estejam dispostos a dar aula de cálculo e estatística. Por exemplo, eu não tenho nenhuma vantagem comparativa nesses tópicos e acho que minha aula seria ruim.

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  9. Tive aula de estatística com o Tanaka. Apesar de ele não ser um economista, ele tentou direcionar o curso dele para a nossa ciência. Foi um ótimo professor, e me ajudou muito a não largar a economia

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    1. Também tive aulas com Tanaka, e ele foi um dos melhores professores que tive na minha vida acadêmica.

      Mauro, a respeito do que foi discutido aqui, acredito que ao invés de antecipar Estatística em dois semestres, seria possível antecipar em apenas um, de tal forma que Estát I fosse dada no 2o semestre, e Estát II no 3o, seguidas pelas Econometrias. Idem para o Noturno que, aliás, começa Econometria no 6o semestre!!

      Pegar o calouro de sopetão com Cálculo e Estatística de uma vez pode ser um erro. Se ele faz Cálculo II com Estát I, pelo menos já passou o susto de Cálculo I. Idem para Estát II + Micro e Macro I. O cara pode levar um susto em Micro e Macro, mas pelo menos já se "achou" em Estatística.

      Mais um comentário: alguma noção básica de Econometria poderia ser ensinada no curso de Introdução à Economia. Algo bem simples, com uma aplicação empírica, coisa de 1 ou 2 aulas, pra pelo menos ir despertando a curiosidade dos alunos no assunto e desmistificar a discplina.

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  10. Esse problema se generalizou nos cursos de graduação em todos os cantos do mundo. Acho que falta também um pouco de paciência dos alunos. Mas é claro que os professores poderiam dar exemplos econômicos nas aulas de cálculo e estatística e os professores de teoria econômica poderiam apresentar problemas empíricos. Uma outra coisa que tento fazer é mostrar como o tema estudado pode ser aplicado a uma empresa, mas admito que não é fácil.

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    1. Sim, lá fora aparentemente é a mesma coisa. Haja vista que os livros texto de graduação têm poucas aplicações empíricas (e quando têm são estudos de caso, e/ou exploram pouco a estratégia econométrica).

      E como acabamos adotando livros-texto de fora aqui, no fim fazemos a mesma coisa.

      Nesse ponto acho que minha proposta tem um problema: é necessário achar professores que estejam antenados com literatura internacional moderna, e que estejam dispostos a incluir isso nos seus cursos, ao invés de seguir livros-texto.

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  11. Talvez o curso de economia precisa voltar a ter cinco anos.

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    1. concordo. por isso tenho adiado minha formatura
      rsrs

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    2. Não vejo mal num curso de três anos como na Europa. Não somos melhores.

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  12. http://www.ibmec.br/site/Detalhe-Cursos/rio-de-janeiro/centro/graduacao/Escola-de-Negocios/Ciencias-Economicas

    No Ibmec dão cálculos 1, 2 e 3 nos 3 primeiros períodos junto com álgebra linear. Nos 2 primeiros períodos dão estatística 1 e 2 e Econometria 1, 2 e 3 são dadas nos períodos 4 5 e 6 respectivamente.

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    1. Falou do Insper, não? Instituições diferentes... Grade sem relação.. pelo menos não formalmente.

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  13. Olha, Mauro, acho sua ideia bastante importante, acho que seria útil a modificação, mas não resolveria o problema. Me parece que o foco da reclamação está em pedir mais pluralismo no curso e não apenas mostrar que a Economia lida com questões concretas.
    A necessidade de pluralismo, a meu ver, surge pela maneira como os cursos de teoria estão estruturados. Ensinar por manual, me parece ser o foco. O que é um manual? É um livrinho que diz como algo funciona: se eu apertar o botão vermelho, a portinha abre. Se apertar o amarelo, a música começa... A Economia ao fazer isso abre mão do debate. Parece que todas as controversas teóricas estão resolvidas.
    E me parece mais grave ainda a maneira como em geral se soluciona este tipo de situação. O mais comum é um professor abnegado criar uma disciplina qualquer como "Macro pó-keynesiana" ou algo parecido e ensina-la em paralelo com que os alunos viram nos manuais. Que ideia isso transmite aos alunos? Acho eu que isso demonstra que são assuntos paralelos, mesmo, sem conexão alguma, e que caminham assim, lado a lado. O debate teórico está fora da sala de aula!! Todos os cursos baseiam-se nos manuais primeiro para depois tentar introduzir qualquer controversa no curso, se é que fazem. É esse pedido por pluralismo, que significa, no meu entendimento, ampliar os momentos de discussão, que os alunos pedem. A Econometria ajuda uma parte deste pedido, mas dá de barato todas as controversas teóricas não só históricas, mas também atuais, que marcam a disciplina. Fica sempre a cargo do aluno perceber o momento histórico em que as teorias são propostas, como são superadas as controversas, como elas ressurgem e por aí vai, simplesmente porque quando se trata de falar de modelos, notadamente os de Micro, é tudo como se não houvesse qualquer dúvida a respeito deles - o Varian é ainda o exemplo mais bem acabado disso que estou falando.
    Enfim, me parece que aí é que deve-se atacar o problema de frente e com coragem. Os professores teria de ensinar de um jeito que não foi o que aprenderam. Isso é muito desafiador a todos.
    Abraços

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    1. belíssima colocação

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    2. Ensina-se por manuais porque o que se está ensinando é o que Kuhn chama de "ciência normal", e o manual é a forma correta de ensiná-la (acredite, eu fiz mestrado na FEA numa época em que o manual de micro era o Debreu, que ninguém chegava perto de conseguir ler, e o de macro eram "unwriten papers" do Toledo). Essa idéia de que tem que ficar dando várias escolas de pensamento nos cursos de macro e micro e lendo os textos originais é bobagem da grossa. Aprenda o que o mainstream pode fazer, isto é, seja capaz de abrir os manuais de micro, macro e econometria da pós, e só aí o avalie.

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    3. Acho que vc não entendeu e tentarei ser didático, sem ser mal educado. As pessoas pedem pluralidade.Este é o ponto e não o que nós achamos que deveria ser o curso em um plano ideal. A discussão é como acabar com a insatisfação dos alunos que reclamam diretamente em uma direção. O prof. Mauro deu uma solução. O que vc entende por 'pluralidade'? "Aprenda o que o mainstream pode fazer" não parece ser a solução. Ou é? Vc realmente acha isso? Tá bem claro o tipo de educação que (não) teve. Certamente vc não é professor (e se for, não é bom). Vc acha msm que a economia funciona por revolução paradigmáticas? Explique a ascensão da escola institucionalista, então. A sugestão ia no sentido de responder à crítica dos alunos e não ao que eu ou o que vc acha que deveria ser... É cada bobagem que a gente lê...

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    4. Se as pessoas pedirem pra fumar maconha na aula você vai deixar? O objetivo do curso de economia deve ser formar bons economistas (e cada departamento tem sua ideia do que é isso), não atender demandas de fulanos que não sabem do que estão falando. Quem discorda da ideia mainstream do que é um bom curso que faça o curso em outro lugar que não as escolas ortodoxas. O resultado é que, provavelmente, vai ser um sujeito mal formado e incapaz de acompanhar o debate no mainstream porque não consegue nem ler os artigos. Essa resposta à crítica dos alunos está boa pra você?

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    5. Sim, é melhor. A comparação com a maconha é muito ruim porque os alunos devem ser considerados, inclusive em suas opiniões, a respeito do que se passa em sala de aula - ainda que seja para dizer a eles que estão errados. É preciso explicar-lhes isso também.
      Ainda sendo melhor, parece insuficiente para satisfaze-los, já que a resposta é basicamente: tudo está bem assim; uma pena que não entendem. Eu não só não sei se está tudo bem da forma como os cursos se organizam, como se a crítica que os estes alunos tem feito não é positiva. Me parece ser o caminho mais fácil simplesmente ignora-los ou dizer que estão errados e pronto. Mas enfim...

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    6. Eu acho que todo curso de economia mainstream deveria explicar aos seus alunos como é que as coisas funcionam: o objetivo de um curso mainstream deveria ser ensinar aos seus alunos a corrente principal da teoria econômica, mais precisamente a parte dela que é considerada consensual o suficiente (dentro do mainstream) para estar no manual (ciência normal kuhniana, que usa uma caixa de ferramentas consensual para analisar o mundo e treina os aspirantes a cientista no uso dessas ferramentas usando manuais. Não precisa concordar com progresso via revoluções científicas para aceitar a acuidade dessa descrição. Obviamente, quando você chega na fronteira da disciplina você não usa mais manual etc. etc.). Por uma questão de honestidade intelectual básica, é preciso dizer aos estudantes que: i) a versão operacional da caixa de ferramentas NÃO é ensinada na graduação, é ensinada na pós; ii) as críticas à ciência deveriam ser feitas à sua versão operacional, não à versão simplificada ensinada na graduação; iii) se você não aprender matemática e estatística, sua avaliação dessa versão operacional será prejudicada pelo fato de que você será incapaz de LER a teoria que pretende criticar. Sendo assim, a busca de pluralismo dos estudantes me parece ser equivocada, com o método proposto (abandono de manuais, leitura de autores no original, aulas de teoria consistindo na comparação de escolas de pensamento) gerando estudantes que, ao final da graduação, são incapazes de prosseguir sua educação e dominar os manuais de pós, quando aí sim terão uma visão da teoria em sua "versão adulta" e estarão capacitados a compará-la com as teorias alternativas. Leituras interessantes sobre o assunto são os artigos de Lisboa sobre a Miséria da Crítica Heterodoxa e os do filósofo Desidério Murcho (Crítica na Rede) sobre como é feita Filosofia em Portugal (fuga de manuais, leitura de autores originais, etc. etc.) e como ele acha que ela deveria ser feita.

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  14. Eu não conheço o programa dessas disciplinas, mas não é demais ter três Econometrias obrigatórias na graduação da FEA?

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    1. 3 econometrias não é nem o suficiente cara, ainda tem a optativa econometria IV

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  15. Concordo com tudo e também acho que o curso de econometria deveria ser trazido para o segundo ano. Concordo com a estrutura de uma Estatística I (com algum conteúdo da II) já no primeiro semestre (quem sabe assim o curso de Estatística I fica um pouco mais interessante e desafiador), e uma Estatística II com Introdução à econometria no segundo semestre. Para isso dar certo teriam que ser feitas algumas mudanças estruturais.

    Como aluno de economia da FEA eu sinto que as disciplinas "exatas" são deficientes em consistência por apresentarem os extremos dos tipos de professor (carrasco / várzea, ótimo / péssimo). Essa inconstância causa volatilidade nas expectativas dos alunos (desmotiva e frustra) e cada semestre acaba sendo um malabarismo onde perdemos mais tempo alinhando o processo do que com o estudo em si. Isso se repetindo semestre após semestre gera uma horda de alunos que só querem se formar e sair logo da faculdade para "acabar logo com isso".
    Para transformar a experiência em algo agradável eu acho que falta um pouco mais de padronização nos processos pedagógicos para gerenciar melhor as expectativas dos alunos em relação às disciplinas. É essencial criar um sentimento de continuidade e solidez no curso. O aluno precisa estar seguro que o nível de exigência/varzeês e qualidade de aula dos professores estejam dentro de uma certa faixa sempre e o professor tem que ter um apoio mais amplo da coordenação do ponto de vista pedagógico e certos limites sobre como gerenciar a matéria (alguns professores querem tanto que os alunos aprendam que eles perdem a mão e acabam prejudicando o desempenho dos alunos em todas as outras matérias).

    Acho que tudo isso é um estudo por si só, mas, intuitivamente, além das medidas de padronização, eu acredito que a redução das horas aula também poderia ajudar. A quantidade de horas que temos hoje não parece saudável nem para o professor (que tem que ficar fazendo incontáveis demonstrações que já estão nos livros, por exemplo) , nem para os alunos. Me falaram que na FGV, nas aulas de cálculo, o professor dá um overview do tópico nos primeiros quartos de hora e depois os alunos se separam em grupo com o livro texto e ficam estudando e resolvendo exercícios (indicados pelo professor) juntos com a presença do monitor ou professor na sala para tirar dúvidas conforme elas vão surgindo.

    Bom, tudo isso porque eu acho que é possível ajustar as quantitativas na nossa grade de modo que estejam mais presentes desde o início de forma mais prática, aumentando a complexidade do curso e ao mesmo tempo motivando ainda mais os alunos.

    Eu sei que a coordenação tem consciência sobre os pontos que levantei e que o formulário de avaliação de professores deve ter também isso como propósito (tentar nivelar o ensino), só não sei se está funcionando.

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  16. 1. Na UFRGS, não tinha econometria, tinha estatística. E era fraco demais, foi um terror alinhar conhecimento com os colegas de mestrado que tinham graduado na FEA. Na UFRGS a reclamação era para ter mais mainstream.
    2. Fiz 70% do curso de engenharia antes de fazer graduação e mestrado em economia. Não consigo entender a razão do curso de engenharia poder ser difícil e puxado no ferramental quantitativo e economia ter que ser mais branda (disciplinas de cálculo e álgebra bem mais fáceis - na UFRGS pelo menos). A gente fazia 40 créditos na engenharia num semestre com cálculo e disciplinas de eletrônica e circuitos que eram bem complicadas (tipo Micro I da graduação com um professor bom da FEA); não consigo entender a razão de não poder ter cálculo e estatística no primeiro semestre: por sinal, os melhores semestres para formar o "caráter" (dar ferramentas) do cara são os primeiros. E outra: por que economia pode ter apenas 4 anos?
    3. Por fim, fica claro no mestrado como as aulas ficam muito melhores quando associadas aos problemas reais: o Mauro sempre conectava teorias e papers apresentados em aula com as implicações, e esse era o momento "uau". E o Dejanir era simplesmente um mestre de pegar as teorias de micro II e transformar em uma lista com implicações reais: o cara fazia desde charadas até a gente chegar a conclusão de qual modelo ótimo de uma rede de franquias cobrar o franqueado, era simplesmente demais.

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  17. A realidade é a seguinte. Existe muita corrente heterodoxa querendo entrar no curso de economia. Mas temos que ser francos, devem entrar como optativa. Seja Marx, pós-keynes, austríacos ou qualquer outra coisa.

    O curso de economia é erguido em 5 pilares: Micro, Macro, Métodos Quantitativos, Formação Econômica do Brasil (e Economia BR contemporânea) e Economia Geral (e História do Pensamento econômico). Qualquer coisa além disso ou é ferramental como CDI e Estatística ou é optativa.

    O curso da FEASP é incrível por ter muitos créditos optativos, permitindo ao aluno complementar o conhecimento. Pode optar por Finanças para ir pro mercado, pode optar pela pluralidade explorando outros pensamentos, e pode também complementar a teoria (especialmente para quem quer ser pesquisador ou acadêmico).

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  18. Nenhum curso é fácil, nem ADM nem CONT nem PED. Não entendo essa mania dos economistas quererem se achar superiores. Agora curso difícil mesmo é MEDICINA, o aluno tem que ter mesmo estômago para seguir essa carreira. E muita responsabilidade. Economia não é nada perto de uma Medicina. O problema do curso de ECON na USP por exemplo é a didática dos professores, que geralmente é ruim, e não há uma unidade de pensamento, uma certa conexão entre as áreas, tudo é assim meio solto, cada disciplina é como se fosse um feudo, sem haver comunicação com as demais e há sim uma forte doutrinação, especialmente nas disciplinas de humanas, mesmo que isso seja feito implicitamente.

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    1. Não concordo com você. Estudei economia, direito, e fiz especialização em educação. Existe grande diferença no nível de dificuldade e exigência dos cursos. Economia é bem mais puxado. Com relação a medicina, esse curso tem o diferencial de ser bastante prático, mas não difícil. Não há grandes teorias, há sim muita coisa para entender e memorizar.

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  19. Este comentário foi removido pelo autor.

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  20. Qual é o melhor campus para economia na usp?O de Piracicaba, São Paulo, ou Ribeirao?O fato de piracicaba ser mais voltado para agronegocio altera muita coisa?

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  21. Com o devido respeito, acho que o debate tem se circunscrito aqui ao círculo acadêmico, e é importante lembrar que muitos alunos (talvez a maioria) quer se equipar para causar impactos aonde irá trabalhar. Estatística e econometria deveriam ser dadas o quanto antes, até porque analisar dados e tentar realizar análises e inferências é basicamente o dia a dia dá profissão. Hoje a econometria ensinada na graduação já é bastante básica, a maioria dos graduados em economia tem pouca (ou nenhuma) noção de como estruturar um banco de dados em SQL, ou fazer uma boa análise exploratória que lhe permita selecionar um modelo para estimar - é isso quando tem uma boa noção dos diferentes modelos existentes. Se não for dar aula, de que serve um economista assim? As organizações se perguntam isso. Dados não são mais um bem escasso, essa deveria ser uma era de ouro para economistas, mas ao meu ver o despreparo é geral, tive que aprender muita coisa importante fora da academia.

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  22. Única verdade nesse engodo de faculdade:50% DOS ECONOMISTAS ESTÃO CERTOS E 50% ERRADOS. Destarte, melhor estudar bruxaria, adivinhação ou leitura de 'mãos' que a propensão marginal ao acerto será a mesma.

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  23. Cara na UFC no 1° semestre temos Calculo 1 e Estatística 1, 2°semestre Calculo 2, Algebra Linear e Estatística 2, 3°semestre ja é econometria microeconomia 1 e macroeconomia 1(na macroeconomia se o aluno for fodinha pode fazer já no 2° semestre)

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