sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Piketty

Apresentação de Thomas Piketty, no TED.


Algumas observações:

1. Se você não conseguir entendê-lo por causa do sotaque, tem uma versão com legendas aqui.

2. Engraçado uma apresentação sobre desigualdade de riqueza (e seus problemas) ser patrocinada pela Rolex.

3. O ponto de Piketty é que o aumento da desigualdade está associado à diferença entre r (a taxa de retorno do capital) e g (taxa de crescimento do PIB). Daron Acemoglu e James Robinson têm um paper recente, em que não encontram correlação nenhuma entre r - g e índices de desigualdade para um painel de países (aqui).

15 comentários:

  1. A culpa é do BCs. Se tivéssemos um colapso bancário a cada 20 anos sem bailout, isso seria diferente...

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  2. Pergunta que pode ser banal, mas é uma que tenho (sem bullying se ela for idiota): como a taxa de retorno do capital pode, consistentemente, ser maior que o PIB? Nas continhas basicas que nós, financistas, fazemos, no longo prazo o retorno de capital sempre tende ao PIB - trees don't grow to the sky. Isso parece muito óbvio pra um leigo como eu.

    Então a pergunta é: a premissa é realmente tão fraca quanto eu a vejo?

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    1. g tende ao pib, o r é sempre > g no longo prazo

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    2. Questão de matemática básica do ensino médio (desculpa pelo bullying, mas foi inevitável). A participação da remuneração do capital aumenta em proporção a do trabalho. Obviamente remuneração do capital não poderá ultrapassar o PIB apenas se a composição do PIB for 100% capital.

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    3. A pergunta dele é parece ser menos estúpida. Reformulando: como sustentar um equilíbrio em que a taxa de crescimento do k é maior do que as outras taxas de crescimento da economia? No limite, teríamos exatamente PIB 100% capital... Ou não?

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    4. É isso, Anônimo 19:57...

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    5. Pois então este equilíbrio não faz sentido. Parece q as criticas ao trabalho do Piketty são bem razoáveis e as hipóteses dele nem tanto.

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  3. Mas não tem o lance da elasticidade de substituição do trabalho por capital ser maior que um? Para que um aumento na razão capital-renda(o beta dele) leve a um aumento do share do capital na renda( e dessa forma aumente a desigualdade, dado que o capital é mais concentrado que o trabalho)?
    Soube também que diversos trabalhos empíricos sempre obtiveram uma elasticidade menor que um que tornaria impossivel esse canal do Piketty.

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  4. Mauro,

    Bem legal!

    Acho a evidência do Piketty sensacional, mas tenho minhas dúvidas sobre mecanismos que ele utiliza para explicar a evidência encontrada.

    A taxa de retorno do capital ser maior do que a taxa de crescimento econômico é um dos critérios para inexistência de ineficiência dinâmica em vários modelos de crescimento (Ex: gerações imbricadas do Diamond) que, aliás, apresentam trajetória de crescimento balanceado entre capital e produto.

    Enfim, essa é uma dúvida que carrego...

    O que acha?

    Abs
    Economista X (de fora do blog)

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  5. Estou trabalhando um pouco com modelos de crescimento e há um FATO: ninguém tem certeza sobre qual é o "verdadeiro" modelo de crescimento econômico. Há evidências de correlação entre crescimento econômico de longo prazo e um sem numero de variáveis (Durlauf, Kourtellos e Tan (2008) documentam 140 regressores potenciais, por exemplo), um número enorme de teorias e, mais complexo, um numero GIGANTESCO de modelos empíricos derivados deste monte de teorias e regressores.
    Então, fica a pergunta sobre a robustez dos resultados do Piketty et ali. No espírito desta literatura, podemos interpretar os resultados de Acemoglu e Robinson como uma evidência de falta de robustez. Ou seja, enfraquecendo as hipóteses do modelo simples que eles assumem, o resultado some.

    Este é o problema da literatura de crescimento, que deu origem à literatura de growth empirics que busca determinantes robustos do crescimento econômico.

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    1. A propósito, o "papel das instituições" é considerado um dos poucos determinantes robustos. Ponto para Acemoglu e Robinson, então tendo a achar que ele está mais correto.

      Entretanto, há que se investigar melhor, tanto teórica quanto empiricamente, o problema da distribuição de renda, SIM.

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    2. The Mystery of Capital - Hernando de Soto.

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  6. Uma pergunta a quem se interessar em responder.

    Acumulo do Capital versus Trabalho, vem de bem antes do Capitalismo, na antiga Roma já se relatava isto.
    Uma questão prática.
    Detentores de Capital, em sua maioria esmagadora, gastam uma fração do que ganham e re-investem a maior parte, isto não seria a razão básica do desequilíbrio?
    Isto seria a tal Acumulação primitiva?
    Que se não me falha a memória eu li em Marx.
    Agora difícil é a solução, porque é o próprio uso capital que gera também: Mais riquezas e mais postos de trabalhos.
    Lógico que esta é uma pergunta totalmente empírica pois não sou economista.
    Luiz

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