quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Corruptos natos


Rema Hanna e Shing-Yi Wang têm um novo paper, no qual encontram evidência de que indivíduos mais desonestos possuem uma propensão maior a preferirem carreiras no setor público.

O exercício mais interessante do paper é o seguinte: as autoras submetem um conjunto de universitários na Índia a um experimento, em que cada pessoa joga 42 vezes um dado de seis faces. Quanto maior a pontuação do participante (i.e., a soma dos 42 números sorteados), maior seu ganho monetário. O ponto principal é que o pagamento baseia-se nos resultados reportados pelo próprio indivíduo (ele não mostra o dado aos responsáveis pelo experimento). Ou seja, ele pode mentir para inflar seus ganhos.

As autoras não observam se a pessoa está trapaceando ou não. Mas se a pontuação reportada é improvável (indicando uma quantidade muito grande de números elevados sorteados), dá para inferir que o cara está mentindo com alta probabilidade. A pesquisa envolveu ainda a aplicação de questionários junto aos envolvidos para captar, entre outras coisas, as preferências com relação a diferentes empregos no futuro.

Os resultados indicam que a corrupção é generalizada entre os indivíduos amostrados: a mediana das pontuações reportadas corresponde ao percentil 95 da distribuição teórica (na qual se atribui probabilidade 1/6 a cada face do dado, e independência entre os 42 lançamentos). Mais importante, os indivíduos mais desonestos tendem a preferir o setor público: quanto maior a pontuação reportada, maior a probabilidade do indivíduo revelar propensão a fazer carreira no governo.

Link para o paper aqui.

5 comentários:

  1. Pena que não fizeram perguntas ideológicas hahaha.

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  2. Esse experimento foi realizado num comitê petista: a média deu 42*6 + 1 milhão de moradias pelo minha casa minha vida + 1 milhão de benfeitorias c/ minha casa melhor + 1 milhão de bolsas prouni.
    Nunca na história desse experimento o resultado foi tão brutal

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  3. Pesquisa desde já é uma das favoritas ao Prêmio Ignóbil de 2014

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  4. Até que enfim escreveram mais que uma linha! Parece que os economistas estão com preguiça!

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