segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Expansão educacional e a qualidade do serviço


Meus pais estão fazendo uma pequena reforma em casa. E não estão muito felizes com o pedreiro. Dizem que o pedreiro que costumavam contratar (e que acabou falecendo recentemente) era muito melhor. E que a geração atual não tem mais o mesmo capricho e disposição a fazer um bom serviço, yadda, yadda, yadda.

Já ouvi várias outras histórias desse tipo, aplicadas a serviços de baixa qualificação. Não acredito que a geração atual seja intrinsecamente mais preguiçosa. Minha interpretação é que essa aparente piora tem a ver com a recente expansão educacional.

Para focar no mecanismo que estou propondo, vou supor que a distribuição de habilidade inata na população não mudou ao longo do tempo.

Antigamente a educação superior era restrita a poucos. Assim, até pessoas relativamente habilidosas permaneciam sem instrução específica, e ficavam em ocupações de baixa qualificação. Com a expansão educacional recente, vários desses indivíduos puderam optar por uma carreira universitária, especializaram-se e, portanto, não se tornaram pedreiros.

Ou seja, indivíduos relativamente habilidosos migraram de ocupações de baixa qualificação para ocupações de qualificação mais elevada. Isso derruba a habilidade média dos indivíduos sem formação universitária, o que acaba se refletindo na qualidade de serviços como o de pedreiro.

5 comentários:

  1. O brasileiro é exatamente como este rapaz do desenho. Sensação que eu tenho é que o brasileiro dorme pouco. Leva horas para chegar ao trabalho dorme mal, sei lá. Em qualquer atividade de serviço é um funcionário com este rosto. Sempre como sono, devagar, desatento.

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  2. Outro ponto é que atualmente, com a expansão educacional e a demanda por seviços de baixa qualificação pelo menos constante (acho que deve até ter crescido), além de subir o preço dos serviços os trabalhadores podem diminuir a qualidade (antigamente, se o fizessem seriam substituidos mais facilmente)....

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  3. Acho que a situação é explicada muito melhor por incentivos do que pela debandada de pessoas habilidosas das atividades menos qualificadas. Pedreiro, em específico, não é um trabalho que depende muito de "habilidade intrínseca" pra ser produtivo, é mais de experiência e um contratante pagando pelo serviço final bem feito, não pelas horas trabalhadas (não sei qual dos casos seus pais escolheram)

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    1. Não entendi. Os incentivos pioraram ao longo do tempo para explicar a queda na qualidade do serviço?

      Ah, no caso habilidade intrínseca não quer dizer apenas habilidade per se. Também incorpora motivação, disposição a fazer um bom serviço, etc.

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  4. Só uma curiosidade, apenas tangencialmente relacionada ao tópico:

    Na rua em que eu morava, em um subúrbio de Washington, muitos dos meus vizinhos contratavam um redneck para fazer os serviços em suas casas.

    Este redneck era membro do Tea Party, provavelmente por falta de consciência social e ignorância dos malefícios do capitalismo.

    Ignorância mesma que o levava a dirigir uma Hummer.

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