Aparentemente, as mulheres compartilham mais as coisas com seus familiares, especialmente com as crianças, do que os homens. Tem evidência disso na literatura, mas se quiserem saber mais perguntem pro Marcos Rangel. Pois bem, como eu ia dizendo, esse fato pode levar a uma menor demanda por mão-de-obra feminina, mesmo que não haja qualquer preconceito inato contra mulheres na sociedade. Isso porque num país muito pobre, faz diferença para o empregador onde o empregado gasta seu dinheiro. Se ele usa para comprar mais comida e roupas e remédios para si mesmo, sua produtividade vai ser mais alta (pois ele será mais saudável) do que no caso em que ele usa o seu salário com saúde, comida e roupas para os filhos.
Portanto, quando a produtividade do trabalhador depende se ele gasta seu salario consigo ou com os outros, vai ter discriminação contra as mulheres e seus salários serão menores justamente por elas compartilharem mais!
Soa estranho mas se tiver evidência empírica não há do que reclamar.
ResponderExcluirMe parece mais fácil explicar as diferenças salariais pela vantagem física masculina. Quanto menor o estoque de capital físico e capital humano, mais a qualidade física do humano é necessária para a criação de riqueza. Ou seja, o produto marginal do trabalho masculino é mais alto pois ambos estão mal equipados de capital físico e capital humano.
Por que a diferença continua em sociedades ricas (apesar de menores) ? O Thomas Sowell tem diversas explicações para isso baseado em estudos empíricos, a maioria ligada a papéis sociais e fisiológicos na constituição de famílias.
Além disso o capital humano em si é heterogêneo e os homens acumulam ele de modo mais economicamente eficiente (ou seja, a curva entre satisfação pessoal e renda para os homens é diferente). Para atestar isso, é só pensar na proporção homem/mulher entre engenheiros, políticos e cientistas e a proporção homem/mulher entre pedagogos, enfermeiros e sociólogos.
Essa é uma explicação consagrada. Força importava muito e ainda importa em alguns lugares onde as tarefas são mais rudimentares.
ExcluirComo o empregador sabe o que a mulher compartilha e com quem? Ou a história é que ele já presume que a mulher compartilha mais?
ResponderExcluirJá presume. Pois é conhecimento comum que seja assim
ExcluirNão acho que, numa região pobre onde pessoas desfrutem de menor escolaridade (até mesmo o empregador) haja essa presunção. Para quem é economista pode até fazer sentido, mas em termos práticos soa um pouco forçado.
ExcluirAcho que a força física explica muito mais do que essa hipótese, pois lugares pobres tendem a possuir mais empregos de categoria menos intelectual e mais brutal. Além disso, por mais pobre que seja um lugar, a mulher sempre se preocupa em cuidar mais da saúde do que o homem (indo com mais frequência, por exemplo, em alguma UBS local, por mais precária que seja), de modo que isso pode refutar o suposto ganho masculino com seu cuidado próprio.
Você realmente acredita que o cara vai investir em si mesmo a tal ponto de aumentar sua própria produtividade e tornar-se mais competitivo, num local pobre? Me parece que, nesse nível social, o cara vai é tomar cachaça!!
cachaçar, cortar o dedo e sindicalizar...
ExcluirOs indicadores de saúde são consistentes com essa história? Por exemplo, em lugares pobres, a expectativa de vida das mulheres (relativamente à dos homens) é mais baixa?
ResponderExcluirgood point
Excluirdont know
ExcluirExistem pesquisas que mostram que o principal motivo de existirem poucas mulheres em cargos de alta direção de empresas é justamente a menor disposição que elas possuem para se empenharem na carreira a ponto de sacrificarem a convivência familiar. Ou seja, as mulheres, por serem mais familiares do que os homens, acabam rejeitando mais a hipótese de trocar o tempo com a família em favor do trabalho, levando-as a progredirem menos rumo aos altos cargos corporativos em comparação aos indivíduos do sexo oposto.
ResponderExcluirComo disse o anônimo acima, acredito que o investimento do homem das classes mais baixas em si será para a aquisição de cachaça ou qualquer outra coisa que em nada contribua para a sua produtividade. Mas, mudando de classe social, talvez o fato de "existirem poucas mulheres em cargos de alta direção de empresas" não seja apenas a pouca disposição destas em sacrificarem a convivência familiar, mas algumas condições do ambiente de trabalho que tornem a busca por maior proeminência no trabalho mais custosa e difícil para as mulheres. Afora a decisão de ter filhos, que impõe um ônus muito maior a mulher ainda que seu companheiro seja sensacional (são seis meses fora do trabalho), há outras questões. É comum haver o futebol da semana, sempre seguido de uma cervejinha. Interações sociais das quais as mulheres não participam e que permitem aos homens ainda nos baixos escalões tornarem-se mais conhecidos de seus chefes, estabelecerem afinidades, etc. Nesse sentido, empresas que estimulam grupos de corrida e outros esportes não tão "masculinos" podem estar favorecendo, subsidiariamente, o desenvolvimento profissional das mulheres (por que não comparar empresas com características semelhantes, mas que tenham diferentes tipos de atividade fora do trabalho?). Além disso, quando se trata de setores nos quais a interação com clientes se faz necessária, jovens mulheres também enfrentam maiores dificuldades. Lembro de uma reportagem sobre como um grande escritório de advocacia tinha instituído um happy hour coletivo com os clientes, no próprio escritório, para que as jovens associadas pudessem também estabelecer vínculos com clientes sem correrem o risco (ou tendo esse risco minorado) de passarem por constrangimentos. Aproveitando, acho que um estudo sobre o campo do direito seria um bom meio de trazer luz a essas questões no Brasil. A grande presença feminina nas melhores faculdades já é notada há bastante tempo, mas não vejo tão grande número de sócias nos maiores escritórios. Em contraposição, acredito que se olharmos para o perfil de juízes, promotores e procuradores da república (cargos não só concorridos, mas com grande destaque social), em especial se fizermos um corte com os de meia idade para baixo, acho que a presença feminina será bem mais marcante. É claro que tem o viés do perfil do indivíduo a determinar sua escolha profissional, mas vocês podem tentar identificar o quanto da diferença é resultado do perfil e o quanto é resultado de um ambiente profissional que favorece mais o homem (ainda que sem ser explicitamente ou intencionalmente). Há os números das faculdades de direito, do CNJ, acredito que o Ministério da Justiça também têm dados e que não seria difícil conseguir dados do gênero dos sócios dos grandes escritórios e da proporção de associados/associadas, além de outros (por exemplo, onde estudou, idade, o que escritório tem como benefício, etc.). Não há nenhuma orientanda interessada nesse tipo de pesquisa?
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