Rema Hanna e Shing-Yi Wang têm um novo paper, no qual encontram evidência de que indivíduos mais desonestos possuem uma propensão maior a preferirem carreiras no setor público.
O exercício mais interessante do paper é o seguinte: as autoras submetem um conjunto de universitários na Índia a um experimento, em que cada pessoa joga 42 vezes um dado de seis faces. Quanto maior a pontuação do participante (i.e., a soma dos 42 números sorteados), maior seu ganho monetário. O ponto principal é que o pagamento baseia-se nos resultados reportados pelo próprio indivíduo (ele não mostra o dado aos responsáveis pelo experimento). Ou seja, ele pode mentir para inflar seus ganhos.
As autoras não observam se a pessoa está trapaceando ou não. Mas se a pontuação reportada é improvável (indicando uma quantidade muito grande de números elevados sorteados), dá para inferir que o cara está mentindo com alta probabilidade. A pesquisa envolveu ainda a aplicação de questionários junto aos envolvidos para captar, entre outras coisas, as preferências com relação a diferentes empregos no futuro.
Os resultados indicam que a corrupção é generalizada entre os indivíduos amostrados: a mediana das pontuações reportadas corresponde ao percentil 95 da distribuição teórica (na qual se atribui probabilidade 1/6 a cada face do dado, e independência entre os 42 lançamentos). Mais importante, os indivíduos mais desonestos tendem a preferir o setor público: quanto maior a pontuação reportada, maior a probabilidade do indivíduo revelar propensão a fazer carreira no governo.
Link para o paper aqui.
Legal!
ResponderExcluirPena que não fizeram perguntas ideológicas hahaha.
ResponderExcluirEsse experimento foi realizado num comitê petista: a média deu 42*6 + 1 milhão de moradias pelo minha casa minha vida + 1 milhão de benfeitorias c/ minha casa melhor + 1 milhão de bolsas prouni.
ResponderExcluirNunca na história desse experimento o resultado foi tão brutal
Pesquisa desde já é uma das favoritas ao Prêmio Ignóbil de 2014
ResponderExcluirAté que enfim escreveram mais que uma linha! Parece que os economistas estão com preguiça!
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