Foi amplamente noticiado recentemente que a Universidade de São Paulo (USP) está se deparando com um imbróglio financeiro. Todo seu orçamento ano passado -- que foi de R$ 4,3 bilhões -- foi gasto com folha de pagamento. Na verdade, foi um tanto pior do que isso: o orçamento ordinário não bastou e a universidade foi forçada a sacar cerca de R$ 1 bilhão do seu fundo de reserva (1/4 dele) para cobrir tais gastos.
Qual a origem do dinheiro da USP?
Qual a origem do dinheiro da USP?
Para quem não sabe, a receita da USP advém essencialmente de sua quota-parte nos 9,57% do ICMS arrecadado no Estado de São Paulo que são repassados automaticamente às universidades estaduais paulistas. Digo essencialmente porque além dos recursos do tesouro há um pouco de recursos próprios e de recursos vinculados federais. Mas o grosso do orçamenmto é dinheiro do taxpayer.
A situação é séria. A legislação existente impede que a universidade corte pessoal por razões orçamentárias, e o novo reitor, Marco Zago, declarou que suspenderia novas contratações de pessoal e novos investimentos em infraestrutura; até linhas "internas" de financiamento à pesquisa e bolsas podem sofrer cortes.
É evidente que essas medidas têm fôlego curto. Talvez permitam que a universidade pare de despoupar para cobrir folha de pagamento. Mas não vai ajudar a liberar os recursos que a instituição precisa para custear gastos com depreciação do seu imobilizado (máquinas, equipamento, mobília, edifícios, laboratórios) e gastos associados ao "projeto de internacionalização" -- não sei o quão "profundo" se quer essa internacionalização, porque a língua oficial de instrução dos cursos, de escrita das teses e dos processos seletivos ainda é o português, o que é uma barreira gigantesca a esse processo..but I digress).
O que chama atenção nisso tudo é que, ao menos na comunicação oficial, a administração da universidade sequer cogita fazer o que parece óbvio em uma situação dessas: aumentar a receita!
Com isso em mente, fiz abaixo uma lista de sugestões de como a USP em particular, e as demais universidades estaduais paulistas em geral (que gozam de mais autonomia administrativa do que as universidades federais) podem gerar uma considerável receita. Na verdade, tudo não passa de práticas já comuns nas universidades de ponta no mundo.
Eu me arriscaria a dizer que essas medidas, se exploradas diligentemente, poderiam mais do que duplicar o orçamento atual projetado da universidade. Não imediatamente, mas em um horizonte relativamente curto de tempo. Aí vão as
10 Formas de a universidade ganhar dinheiro com as próprias pernas
1. Leilão de licenças de uso comercial de espaços do campus
35 mil pessoas circulam no campus diariamente. É uma cidade. E no entanto não há uma %#@!* de uma praça de alimentação, um café, lojas de conveniência, hotel, serviços e mais um monte de outras coisas. Leiloa os espaços disponíveis pra quem quer montar isso lá e cobra aluguel! Todo mundo vai ficar feliz: o empresário, a universidade e a comunidade que frequenta o campus.
2. Serviços de consultoria e advisory para corporações públicas e privadas
Haverá enorme resistência; afinal, uma universidade pública não pode ganhar dinheiro na cabeça de muita gente nesse país (ver, e.g., o que pensa o presidente da Adusp). Mas a aproximação (regulada) da universidade com o mundo corporativo é comum entre as grandes universidades e tem mesmo múltiplos benefícios: receita, treinamento de estudantes, aprendizado, cooperação, fonte de dados, aplicações de pesquisa acadêmica etc. Todos se beneficiam e ganham dinheiro com isso: a universidade, os professores, os alunos, as empresas, o governo.
Só pra você ter uma vaga ideia da receita que se perde. Segundo a Forbes, a empresa de consultoria McKinsey teve um faturamento de cerca de R$ 18 bilhões no ano passado. A McKinsey opera em alguns nichos dessa indústria apenas. Tem 17 mil funcionários, dos quais 9 mil são consultores. Imagine o quanto uma universidade com 92 mil alunos, 16 mil funcionários e quase 6 mil professores distribuídos em mais de 20 áreas do conhecimento poderia receber se usasse uma parte de seu capital físico e humano para prestar esse tipo de serviço?
3. Cursos de treinamento profissional de curta duração (distância e presenciais)
Esse é um mercado bilionário que ainda não foi "tapped" pelas universidades brasileiras. Chega a ser chocante dado que o "pedigree" da universidade lhe daria uma enorme vantagem competitiva sobre os outros ofertantes de curso. O que não falta é profissional das mais variadas áreas em busca de um curso de atualização, requalificação e de ensino em um tópico específico ("Programação em Java", "Jornalismo Econômico", "Radiologia odontológica" etc) -- sem falar nos "concurseiros", que juntos movimentam mais de 50 bilhões por ano no país.
4. Feiras de carreiras (job/career fair)
Isso já é feito em algumas unidades. Mas a universidade pode profissionalizar o processo, adicionar valor e conferir maior escala aos dois lados do mercado que participam da feira. A receita adviria da venda stands e espaço publicitário na feira e, talvez, de tickets de entrada. A feira seria também oportunidade para a universidade celebrar parcerias com empresas e vender seus serviços de consultoria, treinamento e hospedagem de eventos.
5. Tuition fees para cursos de pós-graduação latu sensu
É preciso convencer juízes que o compromisso constitucional de gratuidade de educação possivelmente não se estende à pós-graduação, certamente que não do tipo latu sensu (especializações) e mesmo alguns do tipo strictu sensu (mestrados profissionalizantes). Bolsas, crédito privado e da própria universidade (estude agora, pague depois) ajudariam a manter o acesso de todos que têm o desejo de, e as qualificações para, entrar nesses programas.
6. Cobrança de estacionamento (carbon reduction scheme)
Com algumas exceções (staff, prestadores de serviço), todo mundo que usa o estacionamento deveria pagar. Afinal, 1 Km de asfaltamento custa algo entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão aos cofres da universidade, sem falar na conta de iluminação. Não há justificativas para que o orçamento da universidade -- dinheiro do contribuinte -- seja usado para financiar algo que beneficia tão poucos e tem retorno tão negligível. Mesmo que não custasse um tostão, haveria ainda um considerável custo de oportunidade, já que espaços de estacionamento ocupam vastas áreas do campus que poderiam gerar receita. Tudo isso soará como heresia para alguns. Mas a cobrança de estacionamento é absolutamente comum nas universidades lá fora.
Esquema similar de pagamento deve ser desenhado para os ciclistas que querem usar as ruas do campus como circuito de treino (nada contra, desde que o uso com esse fim seja disciplinado e a universidade compen$$$ada por isso).
Esquema similar de pagamento deve ser desenhado para os ciclistas que querem usar as ruas do campus como circuito de treino (nada contra, desde que o uso com esse fim seja disciplinado e a universidade compen$$$ada por isso).
7. Aluguel de espaço e serviços de buffet para conferências
Um belo centro de convenções está quase pronto no campus da capital. Além dele, há dezenas de outros espaços para conferências e eventos profissioanis no campus, inclusive três restaurantes universitários. Tudo isso pode ser usado para gerar receita. Aluguel de instalações para conferências, workshops profisisonais, eventos esportivos é uma parte considerável da receita orçamentária das universidades lá fora. A USP precisa despertar para as possibilidades de aluguel de suas instalações.
8. Captação de funding e grants junto a agências internacionais
A universidade pode desenhar acordos que premiem professores proporcionalmente aos volume de recursos dos projetos de pesquisa aprovados por agências domésticas e sobretudo por agências internacionais (essas últimas permitem remuneração dos pesquisadores e pagamento de overheads para a universidade dos pesquisadores). A título de ilustração: na Universidade de Manchester na Inglaterra (uma top 50-100 no mundo), no exercício de 2013, as receitas com research grants foi cerca de cerca de R$ 800 milhões, 22% das receitas totais da universidade (você pode ver o relatório financeiro deles aqui).
9. USP Talks (eventos a la TED talks)
O que não deve faltar em uma universidade do tamanho da USP é gente com pesquisa e ideias de alto impacto. Faz uma competição interna. Depois seleciona os melhores projetos e ideias. Em seguida organiza-se um a série de eventos para showcase esse pessoal e suas ideias/projetos por grupo temático. A universidade promove o evento e vende ingressos (ou mesmo membership para a série inteira). É possível até monetizar com a venda dos direitos de transmissão dos eventos para um canal de TV. Esses eventos seriam mais importantes pela publicidade do que pela receita que gerariam. Afinal, todo esse papo de melhor universidade da região pouco vale se as ideias e os produtos de pesquisa de maior impacto prático gestados na universidade não são comunicados em um formato amigável ao público que não está há 15 anos estudando aquilo mas que pode e quer ser usuário dessas ideias e resultados.
10. Campanhas de fundraising junto aos ex-alunos.
É verdade que um Estado grandão desestimula a atividade de charitable giving. Mas muitos ficarão felizes em doar dinheiro para a universidade onde estudaram -- o que poderia ser feito em "encontros" de ex alunos organizados pela universidade. Hoje, mesmo que você queira doar, haveria muita dor de cabeça porque simplesmente não há procedimento para coletar seu dinheiro. Pode ser que não se arrecade centenas de milhões, mas every little helps. A título de ilustração: nos EUA, as universidades arrecadaram mais de R$ 80 bilhões em 2012. Harvard, por exemplo, levantou cerca de R$ 1,5 bilhões em doações.
" Todo mundo vai ficar feliz: o empresário, a universidade e a comunidade que frequenta o campus. "
ResponderExcluirEsqueceu dos Intelectuais de Humanidades? Vai ter revolta armada se a USP comercializar espaços dentro do Câmpus, vão precisar sitiar a FFLCH
SABE DE NADA INOCENTE! Não tá um projeto prontinho, mas tá muito bom... Muito coerente e pans, acho que vários pontos são complexos mas a maioria funcionaria bem e atuaria justamente sobre a qualidade de ensino por exemplo. É isso FEAnos boa proposta. Tem gente da FFLCH aqui lendo e botando fé, sim?!... Melhor q ficar de zé povisse desacreditando os broder certo??!! Abs
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirPelo menos vai ser mais constrangedor reclamar, quando todo mundo vir esses "intiliquetuais" consumindo ali.
ResponderExcluirExcelente texto! Na minha opinião, o reitor deveria concentrar os esforços nesse ponto. Só nesse. O restante dos benefícios seriam apenas consequência do aumento da receita. Em algumas unidades seria amplamente aceito (como FEA, Poli, etc). A dificuldade seria a aceitação dos esquerdopatas partidaristas que ainda assombram a USP em pleno 2014. Esses são os barraqueiros que estragam a universidade.
ResponderExcluirO negócio é enfiar uma política dessas goela abaixo, sem papo furado, como um estadista da universidade. A USP daria um salto qualitativo excepcional!
Anônimo 11.32: qual ponto os esforços deveriam ser concentrados?
Excluirisso, democracia pra que, neh?
ExcluirE por que raios alguem desejaria que uma universidade (publica ou nao) seja democratica?
ExcluirAnônimo das 20:30
ExcluirQue democracia? A democracia das minorias barulhentas e do Movimento Estudantil (ME) ou a Democracia das maiorias silenciosas?
Democracia na USP... ha ha ha. Uma porcentagem ínfima que domina CAs e sindicato sem transparência alguma. Agentes infiltrados com tempo de sobra e dinheiro sabe-se lá de onde (no meu tempo havia um "aluno" que tinha carguinho comissionado na ALESP, fantasma no gabinete de um deputado que se dizia de esquerda) para só fazer política no campus enquanto 99% dos alunos tem que estudar e não podem dispor de tempo para acompanhar os "debates" de uma voz só.
ExcluirComo estudante, eu vivencio as dificuldades e o barulho que a minoria gosta de fazer de tempos em tempos. nunca satisfeitos. nunca recebendo o suficiente. nunca nas condições de trabalho "ideais". De fato, ha muito a se melhorar em alguns aspectos. Mas, fala sério..?!
ExcluirDemocracia. Essa palavra da muito trabalho, então vou resumir: não tem "sou maioria porque faço mais barulho!". As decisões tomadas em pró de uma boa administração da USP devem ser feitas em pró da u-ni-ver-si-da-de. Assim como já passou da hora de rever a constituição brasileira, já passou da hora de fazer um reajuste nas politicas internas da USP. Não se pode ficar pra trás das outras universidades, perder todo o respeito que a USP conquistou por um período de má administração! Em momentos de crise, mudanças deveriam ser feitas, sim! nem que provisóriamente.
Essas maneiras de aumentar a receita da USP são interessantes, mas eu acho que elas esbarram em dificuldades legais importantes, além da oposição ideológica inevitável.
ResponderExcluirQuem doa não tem certeza de como o dinheiro vai ser usado, e acho que não há como a USP garantir isso facilmente. Também não tem incentivo algum, que uma lei Rouanet tem.
Sem dúvida que existirão barreiras Rodrigo. Afinal mudar as coisas nunca foi e nunca será fácil. Mas minha sensação -- que pode estar errada -- é que que o grupo que ofereceria oposição à maioria dessas coisas é organizado mas minoritário. Desde que as coisas sejam feitas com transparência e os benefícios jorrem pra todos, a vasta maior parte da comunidade não teria problema algum em ver implementado a maior parte desses 10 pontos.
Excluiro grupo que ofereceria oposição à maioria dessas coisas é minoritário, sim, mas é organizado, como você disse, e grita alto, chama atenção e é radical. É um grande bloqueio para essas ideias que nada vão de encontro à ideologia deles. uma pena...
ExcluirTalvez algumas dessas sugestoes nao possam ser implementadas a curto prazo, mas vale a pena se comecar de algum lugar. A oiposicao pode gritar, desde que apresenta uma contra proposta para essas ideias. Geralmente os que gritam contra algo novo sao os acomodados ao sistema. Deixe que gritem, mas que esse grito nao intimide os que que realmente lutam por algo melhor. E uma vergonha ver a USP numa situacao caotica, quando deveria ser referencia para outras instituicoes no Brasil e no mundo. Se tem solucao para essa crise, por que nao busca-la? Alguem, por favor, de o pontape inicial para essas mudancas...
ExcluirEsse negócio do estacionamento é para ontem. Basicamente beneficia quem tem carro.
ResponderExcluirE me parece o mais fácil de ser implementado.
Além da implementação da cobrança do estacionamento é possível propor medidas de mobilidade sustentável, como por exemplo car pool (desconto para quem der carona para outras pessoas).
ExcluirIsso não só ajudaria no orçamento, mas também na mobilidade local dos campus, que estão todo com problemas, muitos alunos vão para a universidade de carro.
De Fato!
ExcluirMas deve-se considerar o seguinte: tem alguns estudantes/funcionários que podem sustentar ese gasto extra com carro, mas muitos não. talvez devessem pensar num meio de cobrar estacionamento de forma diferenciada para estudantes e funcionários, de pessoas aleatórias que estacionam na usp, pegam o circular, e vão pro metro butanta trabalhar. esses sim são os mais beneficiados pelo "estacionamento grátis"
por que tantas palavras em inglês num texto para o público brasileiro, sendo que todas tem equivalentes em portugues?
ResponderExcluirEu sei que parece pedante isso. É um "vício" meu. Mas as razões para tantas palavras em inglês são as seguintes:
Excluir1. Escapa: boa parte de nós opera em inglês quase o tempo todo. Quase 100% do que a gente lê e escreve profissionalmente (artigo, parecer, carta de recomendação, aplicação pra fundos, email pra colegas) está em inglês.
2. Precisão e economia: algumas palavras não tem tradução com o mesmo significado ou com a mesma extensão textual. Job fair por exemplo. A tradução seria "feira de trabalhos/empregos", o que soa como convenção de umbanda (no offense aos adeptos das práticas). A tradução de "fundraising" é péssima. E coisas como "grants" eu nem sei como traduzir ("recurso" pode ser tanta coisa...).
3. Não atrapalha e ajuda: eu pessoalmente acho que uma ou outra palavra não vai atrapalhar a compreensão e vai servir, se o leitor desconhece e vai procurar o significado, pra aumentar seu vocabulário.
Dito isto, esse blog é um empreendimento privado cujos autores gozam de liberdade para publicar até em aramaico se assim desejarem - oxalá duas dúzias de palavras em inglês. A gente deixa que "o mercado" (vocês, os leitores) regulem isso com sua audiência. No mais, lamento pelo incômodo que as palavras em outro idioma possam ter causado.
Interpreto a colocação de diversas palavras em inglês como uma forma de dar mais relevância ao que está sendo tratado, ou seja, deixar maquiado para os menos informados. Entendo que seja escolha do autor escrever em inglês ou aramaico (como preferir), mas não consigo entender como um escritor que aparentemente domina bem as outras línguas não consegue publicar um texto repleto de erros ortográficos. Realmente acho que deve estar faltando investimento na educação!
ExcluirA primeira função de um texto é transmitir uma mensagem com clareza. Eu li o texto dele e entendi com perfeita clareza. Em nenhum momento percebi alguma forma de maquiagem na mensagem, o que me leva a crer que, ou eu não sou um dos "menos informados", ou sua colocação não passa de hipótese carente de sustentação. E mesmo que a escrita do autor estivesse terrível em todos os aspectos, você não articulou nenhuma lógica entre os erros gramaticais dele e a falta de investimento em educação no Brasil.
ExcluirBem, meu ponto é o seguinte: apesar se seu parágrafo estar gramaticalmente correto, a lógica por trás da mensagem é tão sólida quando o ar que eu respiro. Se quiser criticar a gramática de alguém, então o faça com coesão ou então estará apenas passando vergonha.
Sem dúvida doaria recursos auniversidade que fiz. É minha eterna gratidão.
ResponderExcluirBom saber disso!
ExcluirPor favor depositar qualquer coisa que for do seu agrado acima de R$ 2.000 na conta abaixo:
Banco do Brasil
AG 7009-2, CC: 5041-8
Vai aparecer um outro nome que não "Universidade de Sao Paulo", mas isso é porque a conta está no nome do administrador dos recursos. Não se preocupe: mandaremos um relatório de gastos pra você.
Ass.: Univercidade de São Paulo
Bom pelo menos a agência é mesmo na USP - sei pq é a minha tb haha
ExcluirHá nas universidades do Brasil três fenômenos que continuam a contribuir para esse estado das coisas:
ResponderExcluir1.- A comunidade acadêmica brasileira, em especial a das universidades públicas, acredita na idéia descabida de que nelas há que desenvolver "ciência pela ciência", e que ao conectá-las com o mundo real fora dela, aliando-se ao setor privado para desenvolver conhecimento e tecnologia numa relação ganha-ganha, como ocorre nos paises desenvolvidos, se "prostitui" a ciência, a academia ("esquerdopatia cucaracha" dos professores e dirigentes das universidades públicas, principalmente).
Nesses paises há semelhanças (não por acaso) dos nomes encontrados nas listas dos melhores cientistas das universidades e dos pesquisadores das empresas de ponta em patentes e inovação tecnológica, alguns ganhadores de prêmios Nobel.
2.- Não há uma classificação dos alunos por faixa de renda familiar que permita cobrar deles conforme suas possibilidades.
3.- Não existe a cultura de contribuir financeiramente para a escola que os formou após terem se tornado profissionais bem sucedidos.
Carlos, quanto ao seu primeiro item (1) concordo.
ExcluirE penso que é a maneira mais rápida da USP arrecadar alguma coisa, afinal não será necessário nenhuma contratação ou organização especial, no geral já existem as Fundações responsáveis por "vender" pesquisa e os professores e alunos estão lá para produzirem.
O problema é, realmente, a visão dos professores e dirigentes que nem sempre ficam na ideologia de "prostituir" a ciência, mas sim no "quanto fica pra mim?".
Além disso, antes de internacionalizar uma instituição dessas é preciso que a mesma tenha um impacto GRANDE na própria região/país. Afinal, "ciência pela ciência" nunca chega aonde realmente interessa, sociedade.
Sérgio, parabéns pela iniciativa. Essa discussão tem que ser levada a sério. Apesar de alguns pontos (cobrança de estacionamento, cursos e aluguel de espaços) sejam mais realistas do que outros (USP talks, consultoria). A Raia Olímpica, por exemplo, é um oásis na cidade e merecia um deck repleto de restaurantes, à la Porto Madero.
ResponderExcluirAcho que faltou citar a questão da permanência estudantil. A universidade há mais de 10 anos congelou o preço do bandejão a 1,90, o que representa custos crescentes nessa rubrica. Já estou vendo briga mesmo se subir 10 centavos pra arredondar para 2. Mas deveria no mínimo dialogar e criar um plano de aumento progressivo nos próximos anos. E além de fornecer moradia gratuita (CRUSP) de baixa qualidade, poderia construir residências melhores e alugar a preços competitivos. O que ajudaria a povoar mais o campus (melhorando a segurança) e estimularia a abertura de mais comércio (item 1 da sua lista).
E também acho legal entender o funcionamento de algumas atividades rentáveis já existentes. A Biologia vende mel de abelha, sabia? É ótimo! Com certeza cada unidade tem algum potencial a ser explorado, e a Reitoria precisa estar pronto para fomentar essas medidas pontuais.
Obrigado Anonimo 23:21.
ExcluirA implementação de alguns pontos são de fato mais factíveis que outros. Mas não há nada ali de muito revolucionário. como eu disse: é tudo prática comum em praticamente qualquer universidade top 200.
Desenvolver a opção de moradia estudantil no campus -- como, de novo, é comum lá fora -- certamente funcionaria como propulsor de mais diversidade de comércio dentro do campus, sem falar que abriria outro canal de receita orçamentária para a universidade, a saber: os cursos intensivos de verão para membros externos de fora da capital/estado/país.
Sim, o bandejão é um sumidouro de recursos. São 12 mil refeições diárias servidas nos 4 restaurantes ao preço de R$ 1.90. Se cada refeição custar em média uns R$ 10 (insumos + mão-de-obra), e o restaurante funcionar por 10 meses, a universidade está efetivamente gastando uns R$ 21 milhões por ano pra fazer algo que não é a atividade-fim à qual o dinheiro do contribuinte supostamente deveria financiar. Veja, não sou contra ter restaurante, apenas que isso não deve ser subsidiado com grana do orçamento ordinário. As universidades federais conseguiram desmontar esse esquema perverso e hoje seus RUs se mantém com a própria receita, com a universidade subsidiando apenas refeições para alunos que comprovem hiposuficiência financeira.
Por fim, é exatamente o que você falou: desenvolver o potencial comercial das atividades e produtos acadêmicos de cada unidade da usp.
Curtir.
ExcluirComo faz para comprar esse mel da Biologia? (A pergunta é séria, caso não pareça)
Excluirhttp://ecologia.ib.usp.br/beelab/home/
ExcluirAcho que tem que ir lá no Depto de Ecologia e comprar. Aliás, uma outra boa pergunta fica no ar: quanto a Edusp rende para a USP?
Muito se falou nos comentários das barreiras ideológicas para a implementação destas medidas. Mas que hora melhore de derrubá-las do que num momento de crise financeira? É correr ou morrer.
ResponderExcluirO problema é que o governo é quem financia as barreiras. O governo federal está numa guerra fria com governos estaduais de oposição, financiando tudo que lhes faça mal.
ExcluirSinceramente não acredito nesta situação que a Universidade esta sem dinheiro ou com o orçamento comprometido em 100% com o pagamento com pessoal. É só ver a fonte de recursos. O ICMS em 2007 arrecadou 55 bilhões e em 2013 passou para 113 bilhões. Mais do que dobrou em um período curto de 6 anos. O consumo não irá diminuir e os impostos também não. Para mim a medida é só esperar um pouco 1 ou 2 anos, tudo estará resolvido e com certeza o orçamento se normalizará naturalmente. Achei interessante as idéias acima mencionada. Entretanto algumas de difícil implementação neste momento devido ao clima partidário que vivemos na USP hoje.
ResponderExcluirMuito bom artigo; a Usp parece um adolescente de 35 anos; pena que o Picolé de Xuxu não teve coragem até hoje de mandar ela ir se virar e sair da casa dos pais. Eu teria grande satisfação de doar dinheiro para a instituição que é responsável pelo o que eu ganho hoje, princ. se não for para pagar aposentadoria integral de docentes que produziram quase nada. Adriano Pitoli
ResponderExcluirExcelente post! Segue uma referência interessante: http://www.dailycal.org/2014/02/27/uc-berkeley-campaign-raises-3-billion-campus/ .
ResponderExcluirMas claro que a ausência de transparência na administração dos recursos pesa negativamente.
Poxa...
ResponderExcluirMestrado Profissionalizante é STRICTO SENSU...
Assim você desanima os estudantes dos mestrados profissionalizantes...
A que seria mais fácil e que eu realmente não entendo porque não acontece é justamente a primeira.
ResponderExcluirImaginem o quanto não valeria um espaço para colocar uma praça de alimentação dentro da USP? Geraria, além da receita do aluguel do espaço, um efeito secundário que poderia ser relevante: diminuir a demanda do bandejão que é altamente subsidiado. Boa parcela de quem come ali é pelo evento social e comodidade e não pela necessidade.
O subsídio generalizado do bandex teria que acabar em primeiro lugar. A qualidade do espaço e da comida melhorou muito nos últimos anos. Fora o fator fila, a maioria continuaria a comer ali por 1,90, ao invés de pagar 15 (preço do PF no Sweden) por variedade e qualidade similares.
ExcluirUma mensalidade pelos estacionamentos teria que começar com valores baixos, por exemplo, R$ 50 mensais, caso contrário, o efeito seria carros estacionados nos canteiros e outras bizarrices dignas de universitários pão-duros, economizando os tostões para se embebedar nos finais-de-semana. Afinal de contas, não contamos com um sistema americano de guinchos...
ResponderExcluirNão concordo com alguns aspectos levantados, 1,3,6,7 acredito que prejudicariam o estudante. Os aspectos 9 e 10 deveriam ser implantados, afinal a melhor universidade da America Latina deveria ser mais integrada com os ex-formandos e uma parte da população consideravelmente interessada em pessoas que movem o nosso Brasil.
ResponderExcluirTirando o custo do estacionamento prejudicaria os estudantes aonde cara pálida?
ExcluirNão entendo o que um estacionamento prejudicaria um estudante. Traria mais segurança, seria mais organizado, e de repente incentivaria o uso de transporte publico (escasso e ruim, eu sei...mas enfim). Não é porque a educação é publica que as conveniências devem ser gratuitas...
ExcluirMuito oportuna as sugestões, porém, na minha visão o que falta é gestão pública. Não adianta aumentar receita se para a utilização da mesma não há planejamento, adequação do custo benefício e, ainda, não está dentro dos parâmetros desejáveis de uma administração pública.
ResponderExcluirNeste caso, primeiramente, deve-se verificar o que está ocorrendo na gestão pública da Universidade para ter atingido patamares de discrepâncias entre receita e despesas.
Quanto isso tiver atingido o equilíbrio desejado e ideal, ai sim gastar energia para aumentar a receita pq existe um planejamento e uma gestão adequada para o uso dessa receita.
abraços.
Acabar com esquerdelhos é fácil: basta parar de mantê-los sem trabalho honesto, Afinal, para que serve um "antropólogo" que defende o modo cubano de opressão? E um "sociólogo" defensor do tribalismo, como se alguém - como eu - estivesse interessado em viver em uma oca, sem nenhuma infraestrutura civilizada? Para que ouvir o blá-blá-blá de professor de sei-lá-o-quê - comunistelho - defendendo o fim da civilização, como se o índio fosse o exemplo de humanidade (o "bom selvagem" de Rousseau)? Ora, forcem essa cambada a lutar honestamente pela vida e veremos morrerem um a um.
ResponderExcluirA USP é frequentada por muita gente de renda média e alta. É um mercado muito atraente para serviços, ainda mais considerando o campus enorme que ela tem. Poderia arrecadar milhões.
ResponderExcluirOs esquerdopatas parecem que não tem dó de uma sociedade carente como a nossa que paga pra manter uma universidade cara como a USP. Quando há opções alternativas de renda para que a instituição cresça por conta própria, os caras protestam querendo que tudo seja custeado por dinheiro público. Chega a ser assustadora e doente a mentalidade desse pessoal.
Pergunta: não seria possível enviar essas sugestões ao reitor? Afinal, são professores da própria USP que discutem e apoiam isso. Acho que falta iniciativa dos próprios em participar junto à reitoria com essas ideias.
Chance de uma proposta de 'choque de capitalismo" progredir na USP: há algo menor que zero?
ResponderExcluirA questão da educação de base X universitária é uma das mais espetaculares evidências da desonestidade intelectual, estupidez, tendência à mentira, etc da maldita esquerda brasileira.
Sobre os gastos absurdos da última reitoria, até com salas luxuosas na Europa para implantar seu projeto de "internacionalização", não vi uma linha.
ResponderExcluirJá existem fundações que se utilizam do nome USP para oferecer serviços como cursos de pós-graduação, MBA, cursos de extensão universitária, palestras. A USP deveria incorporar este tipo de prática e cortar relações com essas instituições (FIA, Vanzolini, Casa do Saber, etc.) ou passar a cobrar um bom pedágio para uso do símbolo, do nome e do diploma (sim, porque o diploma destes cursos tem a assinatura da USP).
ResponderExcluirA USP, como universidade pública, é um instrumento de política pública e despesas como alimentação e infra devem continuar subsideados.
Criar barreiras para o estudante encontrar emprego em boas empresas é um tiro no pé.
Por outro lado, prestar consultoria em processos e estruturas organizacionais, aplicação de tecnologias e estudos estatísticos para propor melhoria de processo (análise preditiva para escolha de clientes?) com a ajuda de estudantes que precisam de experiência profissional é uma boa ideia. Assim como cobrar assessoria jurídica para empresas e pessoas físicas que não possuem baixa renda. Tudo isso, claro, remunerando em parte quem fez o trabalho e em parte a universidade.
Já há cursos com selos USP que repassam pelo menos 5% de seu orçamento para a USP e mais 5% para as unidades de origem.
ExcluirCobrar mensalidades seria uma forma justa de se obter recursos e uma política social. Quem não pode pagar ganharia bolsas de estudos integral ou parcial. Sei que tem barreiras legais e ideológicas, mas é uma bola a ser levantada.
ResponderExcluirSimplesmente muito interessante, eu mesmo ja comentei algumas ideias aqui citadas com alguns colegas...
ResponderExcluirPorem, apesar da possivel repercursao negativa q possa ocorrer por esta possivel nova visao e gestao, o q nao posso admitir é q quem trabalhe la, como eu e muitos outros, paguemos a conta para q outros estudem gratuitamente, sendo q ja tenho filhos e juntamente com as respectivas maes, pagamos as escolas e q sao bem caras por sinal
Uma coisa vai ser interessante, os Comunas USPiANUS nao vao gostar... um povo retrogrado e arcaico e q ainda espera uma nova revolta militar, uma nova ditadura militar... pararam no tempo num dos locais q serve de exemplo em modernidade... vai entender!
Parabéns pela postagem. As idéias foram realmente muito boas, pena que os Pterodáctilos da universidade as vêem com muita desconfiança.
ResponderExcluirÓtimo texto. Como estudante da Universidade - na Faculdade de Direito, a divisão entre favoráveis e contrários a essas pautas é mais equilibrada, não sendo tudo dominado pelos esquerdistas contrários ao dinheiro privado - sei bem das dificuldades de implantar propostas como essas. Porém, adiciono um comentário: muitas dessas ideias a USP já põe em prática. O problema é que é tudo pouco transparente. A crise financeira da USP está nisso, não na falta de dinheiro (o que não exclui a boa ideia de cobrar mais e arranjar outras fontes de investimento): a reitoria usa o dinheiro como bem entende e são poucos os que sabem ao certo o orçamento detalhado da universidade. Não adiantaria muito aumentar as fontes de receitas sem a contrapartida de um controle orçamentário mais transparente e horizontal pela comunidade universitária e pela sociedade em geral.
ResponderExcluirA culpa não é dos intelectuais de esquerda. Já existe muito dinheiro entrando, mas ele vai para alguns grupos que fazem armações por meio das Fundações. Aí mora o problema: só alguns querem se beneficiar na entrada de dinheiro e não pensam no coletivo da Universidade.
ResponderExcluirO artigo foi esclarecedor. As dicas parecem ter fundamento mesmo, e eu acredito que dariam certo sim, e só colocar as ideias em prática para ter a prova real.
ResponderExcluirConcordo com tudo, menos do estacionamento. Pagar estacionamento presume-se alguns serviços de segurança, que não é fornecido e nunca seria.
ResponderExcluirExcelente os pontos - apesar de péssima a linguagem, poucas coisas depreciam tanto um texto quanto o uso desnecessário de termos estrangeiros. Especificamente sobre o estacionamento, poderia ser cobrado sim, sem segurança, nos moldes da cobrança de zona-azul, ou mesmo, com a terceirização da administração dos mesmos. Acho que a terceirização dificultaria algumas coisas como a gratuidade/desconto para professores e funcionários, e gratuidade para idosos/gestantes/cadeirantes.
ResponderExcluirObrigado pelo comentáro. Se os termos em inglês o desagrada, receio que não há muito o que eu possa fazer a não ser recomendar que não leia meu textos nesse blog. Porque sempre faço uso deles, por razões que já expliquei, até detalhadamente, em algum comentário de algum post no passado recente. Sorry bro.
ExcluirAntes de mais nada é necessário sabermos quanto cada aluno custa ao contribuinte paulista e em seguida mudar a forma de transferência dos recursos: Cada aluno aprovado no vestibular seria um bolsista e o estado pagaria o curso apenas uma vez o que diminuiria a quantidade de estudantes profissionais morando no CRUSP.
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