Equity premium puzzle: as ações no longo prazo apresentam taxa de retorno muito mais alta que títulos (uns 6% ao ano, em média)
Como explicar isso?
Aversão ao risco bizarramente alta --- mas as pessoas não são tão avessas assim...
Risco de dar merda muito alto --- será? o Barro e uns amiguinhos colocam eventos catastróficos nos modelos e aí a coisa funciona, pois o risco da renda variável bomba. Mas parece forçado, dado que catástrofe é algo muito raro. Sabe o que eles falam? "Ah, mesmo que no passado não tenha acontecido muitos desastres, se as pessoas acharem que no futuro pode acontecer meu modelo é bom!"
Persistência no consumo --- essa explicação eu gosto: a utilidade marginal do sujeito varia muito com variações no consumo quando o consumo passado é importante para felicidade Daí a correlação entre a utilidade marginal e a taxa de retorno dos ativos cresce muito nos momentos bons e nos momentos ruins; mas isso é sinônimo de que o ativo faz uma bosta de serviço de hedge, e então cobra-se mais caro para ficar com ele em carteira
Excess Volatility Puzzle: os preços das ações variam montes...mas não deveriam variar tanto assim, pois os dividendos não são nem de perto tão voláteis. Mistério...para explicar isso é preciso que a taxa de desconto estocástica varie pracaralhos. Essa parece ser a agenda dos amiguinhos do Bruno Cara.
Mas como?
Persistência no consumo ajuda --- pois a utilidade marginal pula como uma cabrita com oscilações do consumo, gerando a necessária oscilação na taxa de desconto estocástica.
de novo a coisa do desastre do Barro --- pense num modelo que as probabilidades de cenários de desastre agora além de tudo vão mudando no tempo (sei lá porque)! Aí, claro, a taxa de desconto estocástica vai pular também e mesmo com dividendos estáveis teremos muita oscilação no preço dos ativos (gostou?)
Bom, tudo isso pra dizer que saiu no NBER dessa semana um paper do Farmer no qual a taxa de desconto estocástica fica pulando por conta de uns choques exóticos de não fundamentos e aí ele diz que explica todos os puzzles. OH ! OH!
Mas pelo que entendi, faltou explicar os choques exóticos...
Que eu me lembre, o paper do Barro considera uma probabilidade de desastre entre 3 e 4% por ano. Não me parece muito alta. No século passado foram duas guerras mundiais, mais a grande depressão.
ResponderExcluirMomento puxa saco: Por que o Barro é tão foda e tão genial?
ExcluirO QI dele é bizarro. Nasceu assim.
ExcluirEntre Barro e Lucas quem vcs pagam mais pau? N vale dizer Sicsu
ExcluirBarro: overrated
ExcluirSim, ele tem alto nível de energia e criatividade... Mas quantos artigos dele sobreviveram o teste dos anos?
A pesquisa dele sobre determinantes do crescimento hoje é chamada de kitchen sink regressions. Foi altamente influente por anos, mas não aprendemos quase nada e desaprendemos um bocado.
Não vou nem falar de equivalência ricardiana, que é um resultado bobo alegre...
Barro << Lucas
true, irineu. mas na relacao c lucas quase todo mundo eh << !
Excluiralias, existe <<<<< ?
eu vi barro em seminario algumas vezes, ele eh muito rapido...
Ele é nova-iorquino, daí fala rápido. Mas eu não sou muito impressionado pelo conjunto da obra dele.
ExcluirBom, não tenho o que responder ao Irineu. Quando eu conhecer a fundo macroeconomia e pesquisador de ponta vou ter uma opinião precisa sobre o Barro.
ExcluirNo que sei até agora, as idéias dele em crescimento e ciclo são muito legais, inclusive as equivalências ricardianas.
Quando vejo alguém falar no Keynes como economista do século XX eu fico ofendido, Samuelson, Arrow, Lucas, Sargent, Stiglitz são tão tão tão melhores.....
ExcluirMas o que tem de legal em equivalência ricardiana? É um resultado teórico claramente rejeitado pelos dados. Não chega nem a ser um puzzle porque é um resultado que só vale sob condições extremas e irreais.
ExcluirIrineu eu não vejo nem as equivalências ricardianas nem os modelos de ciclo real nem a reação de expectativas racionais a política monetária e etc... (pra ser bem abrangente) como descrições milimétricas da realidade e nem acho que teoria serve pra isso.
ExcluirA questão é que eles levantaram muitas questões importantes sobre política econômica / escolhas dos agentes que simplesmente eram ignoradas.
Mesmo que uma queda nos impostos aumente o consumo ao invés de apenas produzir mais poupança, o importante é que nossa compreensão sobre a relação entre déficit fiscal e poupança privada é MUITO diferente graças a grandes questões levantadas pelo Barro e por uma porrada de outros novo-classicos.
Não vamos misturar gatos com sapatos.
ExcluirA hipótese de expectativas racionais é útil para entendermos política monetária.
O mesmo não pode ser dito sobre a equivalência ricardiana (que não passa de uma curiosidade teórica). Esta contribuiu para uma deterioração de nosso entendimento de política fiscal ao sugerir que o timing dos gastos e tributos não importa.
Seu último ponto está batendo em um espantalho. É óbvio que existem baciadas de contribuições úteis dos novos clássicos. O próprio Barro tem um resultado interessante/relevante de política fiscal (tax smoothing), o Prescott introduziu o conceito de inconsistência dinâmica etc.
Em geral, distância entre hipótese e resultado dos papers do Farmer parecem quase zero.
ResponderExcluirNão é 6%
ResponderExcluirEu acho que um pedaço do puzzle é a forma geralmente errada de como se calcula o prêmio médio, que tende a superestimar o prêmio.
ResponderExcluirSe utilizar a forma que eu acho correta que é calcular a IRR implícita no preço das ações, o prêmio histórico médio fica em torno de 4%. O Damodaram faz esta martelada para quem pratica valuation http://pages.stern.nyu.edu/~adamodar/
Acabei de ler o longo CV do Barro. Se não deixei passar algo, o único resultado dele que acho realmente interessante, relevante e que sobreviveu à passagem do tempo foi o modelo de Barro-Gordon.
ResponderExcluire esse resultado ai NEM É DELE; só simplificou o modelo de time inconsistency do Prescott de 1977
ExcluirO negócio da convergência condicional é interessante, e acho que sobreviveu ao tempo. Indica que o modelo neoclássico serve para entender diferenças de renda entre países. Agora, aquele negócio de jogar tudo na regressão de crescimento, concordo que é inútil.
ExcluirJá equivalência ricardiana útil para pensar em impactos intertemporais de política fiscal (não para levá-la a ferro e fogo). Mas isso já meio que tava no Friedman e Modigliani.
Ah, e esse negócio de desastres e asset prices não é do Barro. Ele pegou de um paper esquecido do JME na década de 90 e trouxe de volta para a discussão.
Mauro expressou o que eu tentei dizer sobre a equivalência barro ricardiana.
ExcluirIrineu tá parecendo um ressentimento com o querido Barro.
ExcluirApenas o vi uma vez, em um seminário, mais de 10 anos atrás.
ExcluirMomento puxa saco:
ResponderExcluirLucas me parece um cara que consegue ver muito a frente e indica os caminhos futuros da ciência econômica, ele mesmo ajudando a desbrava-los. Quando a coisa perde um pouco o caminho ele faz questões relevantes que colocam novamente nos eixos, como a implicância dele durante os anos 90 com os modelos novo-keynesianos mal micro fundamentados.
Sério?
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