quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Schwartsman na Folha

Como sempre gostei do texto, mais ainda da metáfora alimentar, mas vou discordar do Alex. Em  minha opinião:


1) Para medir impacto fiscal na demanda, o correto é variação do superávit, não superávit.
2) O correto é superávit operacional, não primário
3) Bem melhor seria olhar gasto do governo e imposto e juros, já que os multiplicadores desses são muito diferentes
4) De fato o modelo do BC usava superávit primário em nível. E esse modelo tem vários outros problemas além desse.
5) Estimações econométricas do impacto do superávit primário sobre inflação tendem a superestimar o efeito porque tipicamente incluem o período de 2002, onde a dominância fiscal gerava um canal adicional, muito mais poderoso (evidentemente, se a econometria utilizada não tivesse os usuais problemas de endogeneidade isso poderia ser evitado, mas...)


25 comentários:

  1. Sobre o ponto 1), o que influencia o nivel do PIB e' o nivel do superavit, logo e' o que influencia o hiato. Seria correto falar em variacao do superavit se estiver pensando no crescimento do PIB ao inves do hiato...

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    1. Então o artigo "Implementing IT ..." está "correto", não? Pois usa o nível do superávit no nível do hiato....

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  2. Nível tem que influenciar, eu acho.
    Um superávit todo trimestre de -10% do PIB impacta a demanda diferente que um, todos os trimestres, de +2%

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  3. Mas sim, tem que ser o Operacional.
    Os multiplicadores, de fato, como sugere a evidência empírica, são muito diferentes

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  4. Sobre a diferenca entre impostos e gastos eu concordo. Alias, nao sei se ja viram esse artigo sobre multiplicador fiscal usando dados de municipios brasileiros (nao sabia que existia essa regra bizarra de transferencias), assisti ao seminario aqui ontem: http://www4.gsb.columbia.edu/filemgr?&file_id=7223290

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  5. Samer Shousha = Alexandre Xuartismã. Just sain...

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  6. Hahahaha, toda hora acham que eu sou alguem, sugestao: entre no google e digite meu nome, sera mais facil saber quem eu sou...

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  7. eu estou falando que o relevante é variação do hiato. suponha que o deficit é 10% do pib, e o hiato está em zero - e esse é o steady state da economia. daí o déficit caiu para 8%

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  8. por sinal, samer, o joão paulo vaz manda abraco

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  9. Sim, tem razao, em steady state e' isso mesmo... Mande outro abraco ao Joao!

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  10. Kanczuk, se você supõe que a economia está em Steady State, você já supôs que as coisas estão em "equilíbrio", então obviamente que o nível de gastos não vai importar. Isso não é um argumento válido, a não ser que você prove que a economia esteja em Steady State.

    No caso do Alex, o gordo também teria um steady state, pois eventualmente ele estaria tão gordo que consumiria 5000 caloria só para manter seu corpo.

    Se você supor que o gordo é gordo o suficiente para poder consumir 5000 calorias diárias, então você já supôs de início que comer 5000 caloria não engorda.

    O que você tem que demonstrar é que o gordo já está gordo o suficiente. Você consegue provar isso? Caso contrário, o nível importa sim.

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  11. Não sei se entendi. Meu ponto não eh que o Brasil esteja em ateada state, mas que eh perfeitamente possível ter uma economia no ateada state, com dívida sobre pib constante, e superávit negativo e hiato zero

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  12. Tudo bem, mas o que você disse no post foi: "Para medir impacto fiscal na demanda, o correto é variação do superávit, não superávit."

    Minha pergunta é: 1) você está somente dizendo que existe a possibilidade teórica de o nível ser irrelevante?

    2) o nível é irrelevante

    Porque o que queremos saber é 2, isto é, se hoje o governo manter o nível, se isso traz ou não pressão inflacionária.

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  13. Tá virando um "pissing contest"

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  14. Caros, correndo o risco de parecer tentar ensinar missa ao padre, não entendi uma parte da polêmica, dado que o BC usa em seu modelo a variação do superávit primário estrutural. E antes trabalhava com a variação do primário não estrutural. E, nos primórdios, muito tempo atrás, quando o CESG tinha minha idade, ele usava desvios do primário em relação à meta.
    Abs,
    Genta

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  15. o que importa eh q estou menos careca q vc

    o meu ponto eh que em tese o fk esta certo, mas na pratica deficit alto deve ser igual a hiato positivo

    sobre o que o bc faz ou nao faz, nao importa, o importante eh tentar pensar

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  16. Ao ler o post, achei que "4) De fato o modelo do BC usava superávit primário em nível. E esse modelo tem vários outros problemas além desse" significava que o BC estava usando nível. E cuidado com as palavras, tenho um bom boxe!

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  17. Ok, isso se resolve na "arena" empirica

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  18. Antes do genta e cesg atrapalharem, um anônimo fez uma boa pergunta. (por sinal, coloque o nome ou adote um pseudonimo). não estou falando de possibilidade teórica, o nível é mesmo irrelevante, mas é o nível do operacional, que inclui os juros. a diferença é importante porque quando a dívida não está constante (por exemplo devido ao nível do primário), o operacional fica crescendo. Em outras palavras, o nível do primário não é importante mas, no Brasil, como o operacional está piorando...

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  19. voltando ao genta, na minha época o BC usava o nível do primário na IS. Para mim, a lógica econômica é que o nível do primário afeta os juros neutros devido a prêmio de risco. Mas se a economia está em regime ricardiano, isso não deveria acontecer

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  20. atrapalhar eh legal...

    se a economia esta em regime ricardiano, variacao do deficit pra um lado nao deveria importar, pois as pessoas antecipariam uma variacao no deficit na outra direcao depois, nao ?

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  21. Também correrei o risco de ensinar missa ao padres:

    No artigo antigo do Tombini, citado pelo Schwartsman, a relação entre hiato e superavit se dá em nível:
    http://www.imf.org/external/pubs/ft/seminar/2000/targets/werlang.pdf pag10

    No modelo de peq. porte do BC de hoje, a relação é entre VARIAÇÃO do fiscal e NÌVEL do hiato. Olha RTI:
    http://www.bcb.gov.br/htms/relinf/port/2013/06/ri201306b6p.pdf

    Ou seja, ao contrário do que disse o Schwartsman, o Tombini não esqueceu o que ele escreveu, ele deliberadamente mudou o modelo. Até cita o antigo artigo!

    Mesmo supondo que o antigo modelo seja o correto, o Tombini pode muito bem usar isso como argumento para PARAR DE SUBIR juros. Pois se o nível de superavit deixa de piorar, o nível de juros poderia parar de subir... (obviamente não estou entrando na questão de dominância fiscal, prêmio de risco, etc...)
    Mesmo que existam outras razões para acreditar que os juros deveriam subir ainda mais, ou para acreditar que isso não passa de uma desculpinha do BC para abortar o ciclo, esse argumento é lógico. Não me parece argumento justo para acusá-lo de sofrer "amnésia intelectual".

    Alf

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  22. Como o nivel do hiato depende da variacao? Vamos ao capitulo 4 do Woodford, pag 244:
    yt = ys + gt - sigma*(soma dos juros reais esperados)
    onde ys = media de lp do hiato (se nao ficou claro vejam aqu na pag 8i: https://docs.google.com/file/d/0B-0YtuZL0Jh_cGdyWHRJQjNiU28/edit?usp=sharing)
    O que o FK quis dizer e' que podemos ter gt tal que yt e' igual a zero e o que interessa para pressionar a demanda (aumentar o hiato) sao aumentos em gt, desde que a trajetoria da divida seja sustentavel e nao influencie a taxa neutra (por isso a necessidade de olhar o operacional).

    Abs

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  23. Ah, claro que se nao iterarmos a equacao temos cada variavel menos a sua expectativa em t+1 menos os juros reais correntes (mesma pagina, equacao anterior) logo pra estimar a equacao o que importa e' a variacao esperada do hiato, a variacao esperada de g e o juro real ex-ante corrente.

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  24. Fabio,
    Uma pergunta para voce e seus comparsas de blog:
    Poder-se-ia argumentar que, apesar dos pesares, o ambiente macroeconomico no Brasil melhorou dramaticamente nos ultimos 10 anos (disclaimer: nao estou defendendo politicas petistas). Em particular, o ambiente para investimentos evoluiu muito: surgiu um mercado de capitais domestico onde, ha uma decada, nao havia mercado algum. A taxa de juros real caiu aa metade. Surgiu credito-- inclusive, financiamento oficial dirigido a investimento em infra-estrutura, etc. O balanco do BNDES, CEF, etc explodiu. Houve grande incremento no investimento das estatais (pre-sal, etc), enorme aumento consturacao civil, investimentos para receber eventos esportivos, etc. Granted, nem todo credito oficial foi dirigido a investimento, o ambiente regulatorio sofreu deterioracao e o consumo publico e privado tambem cresceu muito. Apesar de disso tudo, eh para mim um misterio que a taxa de investimento tenha estacionado rigorosamente no nivel de uma decada atras: 18% do PIB (motivo, alias, citado pela Moody's para revisao de outlook). Zero de aumento. Surely, dada a evolucao do ambiente nesses 10 anos, seria de se esperar *algum* avanco no investimento? Um pontinho percentual ao menos?? Or am I missing something?
    abracos,
    Jorge

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