quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Maluf, Tiririca, Russomano e o voto distrital


Na semana passada saiu a primeira pesquisa do Ibope para deputado federal em São Paulo (veja aqui). E no topo aparecem figuras bem conhecidas como o palhaço Tiririca, Paulo Maluf e Celso Russomano. Fiquei pensando como um cara tipo Maluf pode ter votação expressiva, mesmo com seu histórico de denúncias de corrupção.

Mas ele (assim como os outros citados acima) só se elege por causa do caráter proporcional da eleição para deputado no Brasil. Em particular, Maluf precisa ter muitos votos no Estado como um todo. Mesmo com uma rejeição enorme, se 1% das pessoas votarem nele, conseguirá mais de 300 mil votos (o eleitorado no Estado é cerca de 30 milhões). Elege-se com o pé nas costas: em 2010, o terceiro colocado no Estado teve votação menor que isso (veja aqui).

Já em um sistema distrital, Maluf dificilmente se elegeria. Isso porque ele precisaria de uma votação expressiva em um distrito. Na regra atual, por ser uma figura conhecida, Maluf consegue poucos votos em diversos locais, que somados acabam viabilizando sua candidatura. Com o voto distrital, ele não poderia fazer essa soma e nunca seria eleito.

PS: Maluf foi considerado ficha suja e, portanto, teve sua candidatura barrada pela justiça eleitoral. Mas continua em campanha porque tem direito a recurso. Ou seja, para se eleger, ele não precisa só de votação expressiva; precisa reverter a decisão da justiça (veja aqui).

2 comentários:

  1. Mauro, qual sua opinião sobre o voto distrital misto, que mantém a proporcionalidade, ao mesmo tempo em que parte dos representantes são diretamente vinculados a um distrito?

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  2. Eu entendo o ponto, e concordo. Entretanto, acho que esse não é um grande problema. Afinal, se 500 mil eleitores querem Tiririca, estão no direito deles. Eleições proporcionais têm a lógica de representatividade de minorias. Como contraponto, podemos imaginar que no distrital um partido organizado nacionalemente elegeria muito mais deputados. Esse partido, com bancada maior no Congresso, não precisaria fazer tantas concessões a outros partidos e minorias da população. Mais grave ainda se adversários fossem fragmentados.

    Agora, o sistema brasileiro é sim muito ruim, não pq elege Tiriricas, e sim pq Tiriricas carregam mais 4 deputados dos quais nunca ouvimos falar e que nunca iremos cobrar. Nesse ponto o voto distrital é muito superior.

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