Fonte: Desconhecida.
domingo, 31 de agosto de 2014
sexta-feira, 29 de agosto de 2014
PIBículo: a comment
All of it comes from subpar potential GDP, CESG.
All of it, boy.
Remember you asked Gary Hansen about rigid prices (or was it Botelho?)?
NO PRICE RIGIDITY, LAD !
It is all real, REAL shocks; productivity shocks (to hell with preference shocks and habit persistency, to HELL with this fag´s stuff)
The Great Depression itself was a sequence of adverse real shocks. Lee H, Mauro´s friend, has already made that crystal clear.
Ítalo Calvino e a Ciência Econômica
Na produção de Ítalo Calvino, um conceito dominante é a distinção entre abertura e fechamento. Já é hora desse conceito ser trazido à Ciência Econômica. O horizonte de novas possibilidades sugere como o interesse econômico é elemento da intertextualidade de linguagem. Se aceitarmos que a fundamentação da teoria do situacionismo tenha préstimo, admitiremos que a narrativa é uma criação do método científico. Concordam? A partir daí, adotar a expressão "significante epistemológico" para exprimir o papel do consumidor/investidor como participante dos modelos econômicos é bem direto. De certa forma, uma miríade de códigos referentes à teoria construtivista do situacionismo podem ser descobertos. Há ganhos aqui para a Ciência Econômica? Penso que sim.
Hein? O mala do Economista X deixou o Bruno completamente louco?
Quase. Mas ainda não cheguei a esse ponto. O parágrafo acima foi escrito por este gerador de textos aleatórios (com alguma ajudinha minha).
Um texto assim engana alguém? Engana! Vejam esta matéria no site da Nature. Que trash.
Produtividade marginal negativa
Sempre achei que não fazia muito sentido esse negócio de produtividade marginal negativa -- isto é, quando mais insumo leva a menos produto, ou ramo decrescente da curva acima (depois do ponto A). Sim, é uma possibilidade teórica. Mas por que deveríamos nos preocupar com ela? Que firma se colocaria em uma posição de destruir valor?
Bom, aconteceu comigo na última quarta-feira.
Cheguei às 9:00 da manhã na USP, dei aula às 11:00, e fiquei o resto do dia trabalhando, pois teria que dar outra aula às 21:20. E o cansaço bateu pesado. Estava trabalhando em dois códigos para Stata: o primeiro já estava pronto, e o utilizava para preparar o segundo. Ou seja, deveria editar o segundo. Quando percebi, tinha editado e gravado o primeiro! Perdi todo o trabalho que tinha feito antes.
Ou seja, mais horas de trabalho significaram menos produto. Produtividade marginal negativa!
quinta-feira, 28 de agosto de 2014
Voto estratégico
Bruno Giovannetti e Economista X sempre têm discussões boas e acaloradas. Nessa semana foi sobre voto (veja aqui e aqui). Vou aproveitar o ensejo para comentar o interessante paper de Thomas Fujiwara nesse tópico. Ele quer entender se as pessoas votam estrategicamente, ou seja, se podem não votar em seus candidatos favoritos para evitar um mal maior.
quarta-feira, 27 de agosto de 2014
Curso de Economia: Por que não se fazem mais "Celsos Furtados"?
terça-feira, 26 de agosto de 2014
A Miséria da Educação na América Latina
O jornal Estadão comentou, em editorial, o relatório do Banco Mundial sobre o estado calamitoso da educação na América Latina. O relatório está baseado em um conjunto inédito de dados envolvendo mais de 3.000 escolas e 15 mil salas de aulas em sete países da região. O relatório (em inglês) pode ser visto aqui. Do editorial:
segunda-feira, 25 de agosto de 2014
Voto útil na Marina?
Tenho ouvido muito sobre votar útil na Marina Silva. Pessoas que votariam no Aécio, mas estão pensando em mudar de voto estrategicamente, objetivando a não-eleição da Dilma.
sexta-feira, 22 de agosto de 2014
quarta-feira, 20 de agosto de 2014
O Pastor e as Ovelhas da "Nova" Direita Liberal
O Jornal Nacional tem feito uma série de entrevistas com candidatos à presidência. Ontem, os apresentadores do programa entrevistaram o Pastor Everaldo. O vídeo com a entrevista pode ser visto aqui.
Economia do trânsito: quando menos informação é mais
Informação importa. E faz tempos que economistas dão tremenda importância a ela -- uma agenda que começou nos anos 70 com os trabalhos de George Akerlof, Michael Spence e Joseph Stiglitz e que cresceu enormemente nos 30 anos seguintes.
terça-feira, 19 de agosto de 2014
Moeda única, preço único
A Lei do Preço Único implica que o preço de um bem deve ser igual entre países, quando avaliado na mesma moeda. Caso contrário, forças de arbitragem entrariam em ação, levando a diferença de preços para zero. Empiricamente, esse resultado tende a não se verificar: há consideráveis diferenças de preços entre países, mesmo para produtos muito parecidos. Isso não surpreende, dado que custos de transporte, barreiras alfandegárias, diferenças de impostos etc. previnem a ação de tais forças de arbitragem, permitindo que produtores cobrem preços diferenciados entre países.
sexta-feira, 15 de agosto de 2014
Não divulgue minha nota!
Em seu último post, Sergio Almeida mencionou o paper de Daniel Gottlieb e Kent Smetters, sobre a política de "grade non-disclosure" em programas top de MBA nos Estados Unidos. Tal política conta com apoio pesado dos alunos desses programas, e impede que as notas sejam divulgadas a potenciais empregadores.
quarta-feira, 13 de agosto de 2014
Quanto vale o diploma universitário?
Qual o incentivo que um estudante universitário tem para perseguir notas nas disciplinas do seu curso mais altas do que o mínimo necessário para obter aprovação? Eu diria que quase nenhuma.
terça-feira, 12 de agosto de 2014
Presidencialismo de coalizão: hora de rever algumas convicções?
Dois artigos sobre política no Brasil publicados na imprensa me chamaram a atenção na semana passada. Foram escritos por Rafael Cortez (Estadão 06/08, aqui) e Marcus Melo (Valor 08/08, aqui, para assinantes ou cadastrados), cientistas políticos de boa – e justa - reputação acadêmica (Lattes respectivos aqui e aqui).
A história de (in)sucesso dos PhDs
Fazer doutorado fora é o sonho de diversos alunos de pós-graduação em Economia (e mesmo alguns de graduação). Especialmente em um escola top como MIT, Harvard, Princeton ou Chicago. O paper recente de John Conley e Ali Sina Onder (JEP 2014) traz alguns fatos estilizados sobre a produtividade da atividade de pesquisa de graduados em escolas americanas e canadenses. Os resultados podem ser informativos para quem está pensando em entrar nesse barco. Vale a pena dar uma olhada no paper (dá tranquilamente para ler deitado).
sexta-feira, 8 de agosto de 2014
The bright side
Trecho da entrevista de Rodrigo Garcia, diretor do Comitê Organizador da Olimpíada de 2016, sobre a poluição na Baía de Guanabara (que será utilizada nos jogos para competições de vela):
A história do lixo tem dois lados. Alguns velejadores utilizam isso, porque sabem que se o lixo está andando, a corrente fica ali. Então, podem tirar vantagem. Mas o Rio 2016 tem o papel de deixar a área de competição limpa, como é necessário. É isso que estamos buscando.
Fonte: espn.com.br
quinta-feira, 7 de agosto de 2014
Lição que grevistas da USP nos ensinam
Um grupo de pessoas bloqueou todos os portões de acesso à USP hoje ao longo de toda a manhã. Queriam chamar atenção, suponho, para o fato de que as demandas salariais de grevistas não foram atendidas (mind you: a USP está deficitária, pagando parte de sua folha de pessoal com dinheiro de uma poupança prevista para acabar em 2 anos...).
O bloqueio causou uma confusão no trânsito da região. Cerca de 35 mil pessoas ficaram impedidas de entrar no campus. Baita prejuízo. Há rumores, por exemplo, de experimentos caríssimos que foram para o saco. Como desgraça pouca é bobagem, outro bloqueio está programado para hoje à tarde.
O ato nos ensina uma valiosa tática de barganha que pode ser aplicada em nossa vida, qual seja: se sua esposa/marido não fizer exatamente o que você quer, nada de por um fim a relação e procurar outro empregador..ups, digo outro parceiro. Simplesmente tranque sua esposa/seu marido e todo mundo do seu prédio fora de casa. É a criação artificial de externalidades para aumentar poder de barganha -- coisa sofisticada que modelos de barganha a lá Rubinstein não capturam.
Seus vizinhos ficarão p...com seu parceiro por não fazer o que você quer, e ela/ele não terá outra opção senão ceder e fazer exatamente o que você quer. It works like a charm!
Mas atenção: vão acusar você de ter ofendido o direito de ir e vir das pessoas. Mas não se preocupe: nem o síndico do prédio, nem polícia, nem ninguém terá a audácia de fazer valer esse direito.
A riqueza e a saúde das nações
O vídeo abaixo mostra a evolução da renda per capita e expectativa de vida em diversos países nos últimos 200 anos. Incrível o que pode ser feito com um diagrama de dispersão.
Só um ponto: o tom de Hans Rosling é bem positivo no fim do vídeo, indicando uma tendência de que os países em desenvolvimento se aproximariam do padrão do vida dos países desenvolvidos. Isso vale para expectativa de vida, mas não para renda per capita. Note que a dispersão nessa variável (eixo horizontal do gráfico no vídeo) amplia-se ao longo do século XIX e da primeira parte do século XX, e se mantém mais ou menos estável nos últimos 50 anos. Ou seja, não há evidência de convergência de renda per capita entre países.
Hans Rosling tem também um site com ferramentas que permitem montar gráficos como os do vídeo (diagramas de dispersão que mudam no tempo), com diversas outras variáveis -- é só clicar na barra ao lado de cada eixo e escolher o indicador. Vale a pena dar uma olhada. Bem útil para usar em aula.
quarta-feira, 6 de agosto de 2014
Economia comportamental no mercado de carros usados
Não é incomum observarmos preços terminando em 99 centavos -- por exemplo, R$15,99 ao invés de R$16,00. Bruno Giovannetti escreveu um post há algum tempo, levantando esse ponto para o preço do combustível (que em geral tem mais um dígito, como R$2,899). Uma explicação comportamental para isso é que as pessoas prestam mais atenção nos primeiros dígitos do número, e não ligam muito para o resto. Dessa forma, tem-se a impressão que R$15,99 é muito mais barato que R$16,00. E os estabelecimentos comerciais, entendendo tal viés, escolhem esses preços esquisitos.
Nicola Lacetera, Devin Pope e Justin Sydnor (AER 2012) têm uma aplicação muito legal disso para o mercado de carros usados nos Estados Unidos. Eles não olham para preços, mas sim para quilometragem (no caso milhagem, pois estamos falando do mercado americano). Notam uma relação inversa entre preço e milhagem, como esperado, mas há quedas bruscas em números redondos, notadamente múltiplos de 10.000 milhas. Os dados são de cerca de 22 milhões de carros, vendidos via leilão, entre 2002 e 2008.
O gráfico abaixo, retirado do paper, ilustra esse fato:
A seguinte passagem do paper dá uma noção da magnitude das diferenças, na vizinhança dos números redondos:
For example, cars with odometer values between 79,900 and 79,999 miles are sold on average for approximately $210 more than cars with odometer values between 80,000 and 80,100 miles, but for only $10 less than cars with odometer readings between 79,800 and 79,899.
Isso é consistente com a ideia de que as pessoas prestam mais atenção nos dígitos da esquerda, quando avaliam o carro pela milhagem. Link para o paper aqui.
(Agradeço ao Gabriel Madeira pela dica).
terça-feira, 5 de agosto de 2014
Really, Bob?
Olha, o Bob Frank é um economista porreta. Não sabe DSGE nem regressão com descontinuidade, mas é economista dos bons, tem micro na cabeça e intuição afiada. Agora, tem uma explicação dele que achei duro de comprar. Ele se pergunta por que companhias aéreas e hotéis têm punição elevada para quem cancela reservas (a resposta parcial é óbvia: um quarto ou um lugar no avião vazios e que poderiam ter sido preenchidos se não houvesse a reserva implicam elevado custo), enquanto empresas que alugam carro não. Sua resposta: as pessoas alugam carros quando vão a hotéis e quando vão a aeroportos e, portanto, a punição que esses dois aplicam já protege o dono da empresa de aluguel de carros, indiretamente. Para ele então, essa punição é pouco relevante, e como não punir cancelamentos é algo que agrada os clientes, o cálculo custo/benefício sugere que não punir é a melhor escolha para a empresa que aluga carros.
Kind of farfetched, hum Bob?
segunda-feira, 4 de agosto de 2014
A sombra do racionamento
Pelo andar da carruagem são grandes as chances de racionamento de água em São Paulo. E as pessoas estão reagindo a isso. Por exemplo, a demanda por caixas d'água disparou (veja aqui e aqui). O interessante é que esse movimento pode comprometer a eficiência do eventual racionamento: as pessoas encherão suas caixas d'água nos momentos em que há água, para compensar os momentos de falta.
Pior: suponha que haja incerteza quanto à necessidade de água durante o dia -- quem tem filho pequeno sabe do que estou falando. Nesse caso, para se precaver contra essas eventualidades durante os horários de racionamento, as famílias optarão por manter em média uma quantidade maior de água em suas caixas. Isso gera mais ineficiência na alocação de água, pois esses recursos poderiam ser utilizados por outra pessoa que precisa deles (o que é ainda mais grave em uma situação de racionamento).
(O raciocínio acima é uma aplicação do conceito de "poupança precaucional", segundo o qual os agentes poupam mais para evitar situações em que precisam muito consumir, i.e., em que a utilidade marginal do consumo é muito alta. Funções utilidade com terceira derivada positiva, ou utilidade marginal convexa, exibem essa propriedade).
***
Mas há potenciais benefícios. A perspectiva de racionamento pode chamar a atenção para o problema da escassez do recurso, incentivando os agentes a adotarem métodos que poupem água. Por exemplo, como ressaltado nos links acima, algumas pessoas estão comprando caixas d'água para armazenar água da chuva, que pode substituir a água encanada em determinadas situações.
Além disso, o eventual racionamento pode forçar as pessoas a se adaptarem, levando permanentemente a hábitos de consumo mais econômicos. Tem um paper interessante do Francisco Costa (EPGE) que mostra esse efeito para consumo de energia, na sequência do racionamento de 2001 no Brasil. Ele compara as regiões Sudeste e Centro-Oeste (onde houve racionamento) com a região Sul (onde não houve racionamento). Encontra que a trajetória de consumo de energia caiu permanentemente no Sudeste/Centro-Oeste em relação ao Sul. O gráfico abaixo (retirado do paper) ilustra esse resultado:
Todavia, acredito que esse efeito deva ser bem mais limitado no caso da água. Afinal de contas, como ressaltado no resto do post, água é um recurso que pode ser estocado pelos indivíduos.
***
Não vejo como o racionamento pode ser superior a um mecanismo de ajuste via preço -- isto é, aumentando substancialmente o preço da água para forçar as pessoas a usarem menos do recurso, de modo a equalizar demanda e oferta. Além de induzir menor consumo e hábitos mais econômicos (como no racionamento), esse mecanismo gera alguma receita.
Claro, há uma preocupação justa com distribuição de renda, dado que só os mais ricos poderiam se safar da escassez pagando mais caro. Contudo, o racionamento é também regressivo, pois não é todo mundo que tem dinheiro (ou espaço em casa) para uma caixa d'água, por exemplo. E com o mecanismo via preço não tem jeito: a pessoa terá que pagar mais caro pela água, seja para uso imediato, seja para estocagem.
Mas aposto que a maioria das pessoas preferiria o racionamento a uma mudança nos preços. É só olhar a revolta dos indivíduos com a elevação de preços de alimentos quando ocorre algum desastre natural. Deixo essa discussão, entretanto, para outro post.
(O raciocínio acima é uma aplicação do conceito de "poupança precaucional", segundo o qual os agentes poupam mais para evitar situações em que precisam muito consumir, i.e., em que a utilidade marginal do consumo é muito alta. Funções utilidade com terceira derivada positiva, ou utilidade marginal convexa, exibem essa propriedade).
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Mas há potenciais benefícios. A perspectiva de racionamento pode chamar a atenção para o problema da escassez do recurso, incentivando os agentes a adotarem métodos que poupem água. Por exemplo, como ressaltado nos links acima, algumas pessoas estão comprando caixas d'água para armazenar água da chuva, que pode substituir a água encanada em determinadas situações.
Além disso, o eventual racionamento pode forçar as pessoas a se adaptarem, levando permanentemente a hábitos de consumo mais econômicos. Tem um paper interessante do Francisco Costa (EPGE) que mostra esse efeito para consumo de energia, na sequência do racionamento de 2001 no Brasil. Ele compara as regiões Sudeste e Centro-Oeste (onde houve racionamento) com a região Sul (onde não houve racionamento). Encontra que a trajetória de consumo de energia caiu permanentemente no Sudeste/Centro-Oeste em relação ao Sul. O gráfico abaixo (retirado do paper) ilustra esse resultado:
Todavia, acredito que esse efeito deva ser bem mais limitado no caso da água. Afinal de contas, como ressaltado no resto do post, água é um recurso que pode ser estocado pelos indivíduos.
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Não vejo como o racionamento pode ser superior a um mecanismo de ajuste via preço -- isto é, aumentando substancialmente o preço da água para forçar as pessoas a usarem menos do recurso, de modo a equalizar demanda e oferta. Além de induzir menor consumo e hábitos mais econômicos (como no racionamento), esse mecanismo gera alguma receita.
Claro, há uma preocupação justa com distribuição de renda, dado que só os mais ricos poderiam se safar da escassez pagando mais caro. Contudo, o racionamento é também regressivo, pois não é todo mundo que tem dinheiro (ou espaço em casa) para uma caixa d'água, por exemplo. E com o mecanismo via preço não tem jeito: a pessoa terá que pagar mais caro pela água, seja para uso imediato, seja para estocagem.
Mas aposto que a maioria das pessoas preferiria o racionamento a uma mudança nos preços. É só olhar a revolta dos indivíduos com a elevação de preços de alimentos quando ocorre algum desastre natural. Deixo essa discussão, entretanto, para outro post.
sexta-feira, 1 de agosto de 2014
A Década Perdida II
Há alguns dias publicamos um post sobre o paper "A Década Perdida", de autoria Vinicius Carrasco (PUC), João Manoel Pinho de Mello (Insper) e Isabela Duarte (PUC). O post teve boa repercussão e uma série de comentários. Os autores gentilmente acessaram nosso blog para responder a esses comentários. Abaixo reproduzimos a resposta.
Resposta
Antes de mais nada queríamos dizer que adoramos o blog, que seguimos sempre com muito interesse. Parabéns aos que contribuem para o blog!
Antes de mais nada queríamos dizer que adoramos o blog, que seguimos sempre com muito interesse. Parabéns aos que contribuem para o blog!
Agradecemos os comentários, sugestões, elogios e, por que não?, críticas.
Tendo em mente o risco da interlocução online com anônimos, decidimos respondê-los porque julgamos que, em sua maioria, são comentários legítimos, feitos por pessoas interessadas no artigo. Vamos levá-los a sério.
Primeiro um esclarecimento para dirimir mal-entendidos, provavelmente pela leitura na diagonal, como vários comentaristas nesse espaço dizem que leram (entendemos, é um troço meio longo). A Turquia é o país que mais parece com o Brasil em nossa análise. Não a China. Esta última parece bastante, mas a Turquia parece bem mais. Em particular, nosso resultado principal de PIB per capita atribui quase 60% de peso para a Turquia e nenhum peso para a China. Portanto, simplesmente não faz muito sentido o comentário – engraçado, admitimos – que deveríamos ter mais intervencionismo porque a China foi melhor. Diga-se de passagem, está fora do nosso escopo opinar sobre o porquê do Brasil ter ido relativamente mal.
A razão pela qual o procedimento escolhe dar muito peso à Turquia é simples: ela emula bem tanto o nível como a trajetória do PIB per capita antes de 2003. Não sabemos se isso é bom ou ruim. Muita gente se incomoda com o fato de que não haver nenhum país latino-americano no resultado principal do PIB per capita. Há um preconceito – no sentido literal da palavra – de que nosso yardstick deveria ser a América Latina, talvez pela proximidade geográfica e cultural. Não tínhamos essa pré concepção. Por que devemos nos comparar com Chile e Colômbia, por exemplo, que são menos industrializados e mais abertos? Ou deveríamos nos comparar à Argentina, pelos laços comerciais? Ou ao México, por ser grande e mais industrializado? Não sabemos responder e, na verdade, o propósito do procedimento é não ter que responder. Achamos razoável a Turquia. Tem nível de renda parecido com o Brasil, é relativamente industrializada. Claro, sempre pode ser racionalização a posteriori.
Alguém disse que “não é muito tranquilo digerir esse "mix ponderado de países" como um grupo de controle adequado.” Pelo nível de generalidade, a crítica normalmente não mereceria resposta (depois vamos falar um pouco mais sobre críticas gerais). Por isso fazemos o exercício de outras formas para o PIB per capita. Por exemplo, a média simples, para tentar dirimir o ceticismo daqueles que têm dificuldade de entender ou aceitar o procedimento. Fazemos também para o grupo de países latino-americanos, para forçar a comparação com a América Latina. Incluindo outros países de renda média-alta (além dos emergentes conforme definição do FMI). Fazemos o exercício incluindo os países de renda alta. A diferença entre o Brasil e os melhores grupos de comparação após 2002 sempre aparece e sempre é algo como 15%. Achamos que isso passa o sarrafo acadêmico normal para estudos com dados não experimentais. Mas, como alguém notou, escrutínio científico dirá quando submetermos o artigo, o que faremos caso não decidamos publicar como livro (o troço é meio longo para artigo).
Viés ideológico?
Houve acusação de ‘ideologismo’, que vamos preferir interpretar como crítica. Não vemos mérito algum nela. É perfeitamente razoável criticar o método, preferivelmente de forma específica. Mas, dado o método, apresentamos fatos. Em pouquíssimas ocasiões fazemos algum julgamento ou interpretação dos resultados, dizendo algo como “foi mal porque foi intervencionista”. Dizemos razoavelmente incontroversas. Exemplo: LRF assentou bases sólidas para a política fiscal; o balanço do setor bancário estava limpo em 2003; as reformas micro do 1o Lula foram importantes. Talvez o mais controverso seja nosso comentário sobre o efeito das políticas setoriais sobre o risco regulatório. Mas, “na boa”, para usar a expressão de alguém, é muito absurdo isso?
Houve acusação de ‘ideologismo’, que vamos preferir interpretar como crítica. Não vemos mérito algum nela. É perfeitamente razoável criticar o método, preferivelmente de forma específica. Mas, dado o método, apresentamos fatos. Em pouquíssimas ocasiões fazemos algum julgamento ou interpretação dos resultados, dizendo algo como “foi mal porque foi intervencionista”. Dizemos razoavelmente incontroversas. Exemplo: LRF assentou bases sólidas para a política fiscal; o balanço do setor bancário estava limpo em 2003; as reformas micro do 1o Lula foram importantes. Talvez o mais controverso seja nosso comentário sobre o efeito das políticas setoriais sobre o risco regulatório. Mas, “na boa”, para usar a expressão de alguém, é muito absurdo isso?
Talvez o colega tenha confundido ‘ideologismo’ com partidarismo. Talvez sejam mesmo. Nestes tempos de demissão do analista do Santander, resultados ruins para algum lado são partidários.
Obrigado pela ideia dos placebos. Em tese é uma ótima ideia. No entanto, os placebos não são particularmente informativos neste caso, por duas razões. Primeira: escolhemos 2003 como tratamento mas o efeito de escolhas governamentais pode demorar. Logo, colocar placebo em datas posteriores não ajuda muito. Segunda: quase todos os anos anteriores têm alguma forma de “tratamento”: 1997 = Ásia, 1998 = Rússia, 1999 = desvalorização, 2002 = Lula.
Sensibilidade aos países que servem como controle
Outra crítica é: o método é sensível ao que se inclui de controle. Todos os métodos não experimentais tendem a ser sensíveis ao que se inclui de controles. Principalmente os controles que importam. Por isso essa crítica, que não é tão geral como a anterior, ainda assim é pouco útil. Além disso, dois comentários. No nosso caso, o controle que mais importa é, em geral, a inclusão da variável de interesse nos outros países como previsor da variável de interesse no próprio país. Portanto, a crítica não é muito relevante na prática. Além disso, entre os vários exercícios de robustez para o PIB per capita, um deles envolve usar os dados da Penn World Table, que tem outros controles.
Outra crítica é: o método é sensível ao que se inclui de controle. Todos os métodos não experimentais tendem a ser sensíveis ao que se inclui de controles. Principalmente os controles que importam. Por isso essa crítica, que não é tão geral como a anterior, ainda assim é pouco útil. Além disso, dois comentários. No nosso caso, o controle que mais importa é, em geral, a inclusão da variável de interesse nos outros países como previsor da variável de interesse no próprio país. Portanto, a crítica não é muito relevante na prática. Além disso, entre os vários exercícios de robustez para o PIB per capita, um deles envolve usar os dados da Penn World Table, que tem outros controles.
Sobre década violada (preferimos ‘violada’ porque o outro termo não é muito adequado para um blog familiar de alto nível como este). Não é nosso objetivo avaliar o desempenho relativo do Brasil nos anos FHC. Mas fizemos: o Brasil andou em linha com o melhor grupo de comparação, talvez um pouquinho melhor. Tivemos que incluir os anos 1980 no pré-tratamento, o que fez com que a coisa que mais se pareça com o Brasil seja a América Latina. Por quê? Não sabemos: talvez porque o efeito da crise da dívida seja algo tão forte que fez com o que só países latino-americanos consigam emular o Brasil nos anos 1980. Os anônimos que disseram que queriam ver o resultado podem nos pedir por email. Teremos prazer em compartilhar. Ah, identificando-se, é claro.
Há a seguinte observação: “Enfim, concordo com o colega acima sobre o exercício de fé que acaba sendo uma tentativa científica como essa.” Novamente, apesar da generalidade, achamos esse um comentário justo. Na verdade, é justo para qualquer tipo de inferência causal com dados não experimentais. Na ausência de variação experimental (natural ou criada), é sempre preciso fazer hipóteses não testáveis de identificação, ou seja, é preciso de retórica, que é outra maneira de dizer fé. Portanto, a observação se aplica não só ao método do controle sintético ou ao nosso artigo, mas à agenda geral de investigação empírica com métodos não experimentais. Com esse nível de generalidade, a observação aplica a MQO, a IV, a diferenças-em-diferenças, aos métodos de matching e, no limite, mesmo aos desenhos em descontinuidade. Mais especificamente, pedimos que atentem para o link abaixo, contém um ótimo artigo de macro com dados não experimentais (há algum experimental?), escrito por alguns dos brilhantes colegas que contribuem para este excelente blog. Ele também é mais fé do que ciência, se formos julgá-lo com a mesma generalidade que o colega está a julgar nosso artigo. Achamos que, apesar das hipóteses de identificação, sempre não falseáveis, o excelente artigo abaixo é uma contribuição muito relevante para o conhecimento econômico.
Por fim, o texto certamente pode melhorar. Pedimos perdão aos leitores e à flor do lácio. Tentaremos produzir algo mais decente brevemente. Mas o desleixo com a forma não se transfere para desleixo com o conteúdo.
Novamente, obrigado pelos comentários.
Vinicius Carrasco e João Manoel Pinho de Mello
Seleção de torcedores
Esse post foi escrito durante a Copa. Mas com o 7-1 acabei desanimando. Agora resolvi reeditar.
Não foi só o time brasileiro que decepcionou na Copa. A torcida também. Por exemplo, há relatos de que, no jogo contra o México, era como se o Brasil fosse a equipe visitante (veja aqui e aqui). Houve inclusive campanhas com o objetivo de ensinar novos cantos à torcida brasileira, além do já batido "Sou brasileiro, com muito orgulho...".
Não vou negar que há diferenças de fanatismo entre torcidas no mundo. Mas acho que parte das diferenças observadas na Copa podem muito bem refletir um componente conhecido entre economistas: seleção.
Primeiro, para o estrangeiro, é custoso deslocar-se do seu país para torcer para seu time. Isso implica que só os mais fanáticos estarão dispostos a pagar esse custo. Assim, mesmo que as distribuições não condicionais das torcidas local e estrangeira (em termos de fanatismo) sejam idênticas, o custo de deslocamento fará com que a torcida visitante seja em média mais barulhenta que a local, pois será selecionada apenas a cauda da distribuição entre os estrangeiros.
Há seleção também entre os torcedores locais, mas de maneira "perversa". Especificamente, a Copa cria um oba-oba, atraindo o interesse de pessoas com pouca cultura de futebol, que não costumam frequentar estádios, mas que acabam ficando com parte dos ingressos.
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