Em que pese o tamanho relativo de sua economia no mundo, o Brasil é um país isolado com influência internacional praticamente nula. Nada genuinamente brasileiro foi sequer coadjuvante dos desenvolvimentos técnico-científicos que estão por trás do progresso material e sócio-institucional que boa parte do mundo livre vem experimentado ao longo do último século
*.
Nada disso deve soar surpreendente. Da mesma mentalidade donde emanam os valores culturais que explicam parte das barreiras econômicas que isolam o Brasil das correntes comerciais e dificultam a atividade empreendedora, também emanam os grilhões ideológicos que mantêm as universidades brasileiras dependentes do dinheiro do contribuinte e fazem delas quinhões de irrelevância acadêmica no cenário internacional.
CABEÇA DE SARDINHA
É verdade que os indicadores de ciência brasileiros têm melhorado. No período de vacas gordas, quando a economia crescia à taxas anualizadas de 5%, o gasto em ciência e tecnologia aumentou e a produção científica brasileira esteve entre as que mais cresceram no mundo (ver gráfico abaixo). Se falou até que o Brasil seria uma “força científica emergente” e há quem se regozije com o fato de o Brasil ser o
powerhouse científica da região, responsável que é por mais da metade da produção científica dessa intrigante região que é a América Latina.
Mas a influência brasileira no mercado de “Global science” é ainda bem pequena: os artigos dos pesquisadores brasileiros são relativamente pouco citados e a fatia brasileira na produção científica mundial ainda é de menos de 2% (ver gráfico abaixo). Isso não deveria surpreender quando observa-se que cerca de metade dos artigos brasileiros ainda são escritos em português – provavelmente é mais, dado que muito dos “veículos”de publicação do que é feito nas universidades brasileiras não são capturados pelas bases bibliométricas globais.
INTERNACIONALIZAÇÃO PARA INGLÊS VER?
Em 2011 a revista
The Economist publicou um artigo (
aqui) comentando do esforço que a FAPESP e algumas universidades paulistas estavam fazendo para atrair as estrelas do mundo científico e pesquisadores de alto calibre em geral do exterior. Anúncios foram publicados na revista
Nature oferecendo contratos de dois anos (chamados, em inglês, de
fellowships).
De fato, esse papo de internacionalização tem sido ouvido crescentemente na USP. Em 2013, por exemplo, a universidade lançou um programa que visava promover essa internacionalização através, entre outras coisas, da criação de escritórios em vários pontos do globo (Boston, Cingapura, Londres e São Paulo(?)) visando promover a USP e fomentar parcerias (ver matéria
aqui). O número de intercambistas parece ter crescido no último ano (1.500 alunos de graduação...em um universo de mais de 55 mil), mas a presença de professores permanentes e alunos regulares de graduação internacionais ainda é praticamente nula.
De qualquer modo, e verdade seja dita, a questão da internacionalização pareça uma preocupação exclusiva das grandes universidades estaduais paulistas, em particular da USP. É um tanto lamentável, mas compreensível, que seja assim.
Digo lamentável porque o sistema federal de universidades absorve a vasta maior parte dos recursos humanos para pesquisa (doutores, pós-graduandos) e tem em suas mãos quase 30 bilhões – pulverizados, obviamente, em mais de 50 instituições (ver dados
aqui). E digo compreensível porque as paulistas são as universidades brasileiras que estão em melhores condições de galgarem posições nos rankings acadêmicos de universidades. Elas têm orçamento relativamente grande – a USP, por exemplo, tem mais do que o dobro do orçamento da maior universidade do sistema federal (UFRJ) – e o staff acadêmico dessas instituições responde por metade da produção científica brasileira e ¼ da produção científica originada na América Latina. Além disso, USP e Unicamp são as únicas brasileiras que aparecem nesses rankings internacionais, embora ainda muito longe de figurarem entre as as top 100 – falo obviamente dos rankings que importam, os baseados em pesquisa, ensino e conhecimento, e não o de reputação, que vale bulhufas.
De qualquer forma, não está muito claro se essa internacionalização vai conseguir sair do plano das intenções. Essas ações de criar escritórios de relacionamento e aumentar o intercâmbio de alunos são bem intencionadas mas, sozinhas, cumprirão um papel meramente sinalizatório de intenções, que é bom mas insuficiente pra produzir a internacionalização e a subida desejada nos rankings globais de universidades.
DE TABAJARA FC A REAL MADRID DA CIÊNCIA?
Dar um profile verdadeiramente internacional para a USP – ou qualquer outra universidade brasileira – não é muito diferente de criar um time de futebol internacionalmente competitivo: requer dinheiro para construir “facilities” de alto nível (laboratórios, offices, salas) e recrutar os melhores recursos humanos disponíveis (alunos, funcionários e pesquisadores/professores). E a USP, como de resto todas as universidades brasileiras, não tem dinheiro para investir, gastando praticamente toda a dotação orçamentária que recebem com salários.
Não é por acaso que esse post deve ser visto como um complemento do artigo de duas semanas atrás no qual falei das
10 formas da USP ganhar dinheiro: não haverá internacionalização nem subida ao grupo das top 100 alguma se a universidade não se mover na direção de conseguir recursos orçamentários para além daqueles transferidos automaticamente do contribuinte.
Pensando nessas coisas, e assumindo que o desejo de fazer o que precisa ser feito para ver ao menos uma universidade brasileira entre as melhores do mundo é verdadeiramente genuíno, resolvi elaborar uma lista das
10 FORMAS DE TRANSFORMAR A USP NUMA UNIVERSIDADE TOP
1. INGLÊS COMO LÍNGUA DE INSTRUÇÃO, SELEÇÃO E PRODUÇÃO ACADÊMICA
Essa é a medida mais crucial. Inglês é a língua franca de comunicação do mundo acadêmico. Em muitas áreas, cerca de 95% das publicações são em língua inglesa. 80% das revistas indexadas no Scopus (base bibliométrica da Elsevier) estão em inglês. Com algumas excessões (francesas, of course!), as top 200 universidades tem o inglês como meio de instrução da maior parte de seus cursos.
É verdade que isso é em grande parte pelo simples fato que 70% dessas universidades estão localizadas em países falantes de língua inglesa. Mas ao invés de lamentar a “injustiça” do mundo, que não nos fez ex-colônia inglesa ou fez do inglês,e não o português, a “língua da ciência”, a melhor coisa a fazer é simplesmente adotar o inglês como língua no qual cursos, trabalhos acadêmicos e comunicação escrita oficial será feita. Essa imersão do ambiente de trabalho na língua inglesa vai ajudar – marginalmente que seja – a construir competências sólidas de comunicação e escrita de alunos e pesquisadores, o que, espera-se, contribua para a maior inserção da universidade no cenário internacional.
Claro que isso não pode nem deve ser feito do dia pra noite. A universidade deve definir um período de transição (5/10 anos) ao longo do qual vai treinando seu staff, estimulando a oferta de disciplinas em inglês, e migrando seus sistemas para o outro idioma. Além, é claro, de pontificar junto ao MEC para introduzir instrução em inglês nos currículos escolares logo cedo (eu falo de instrução de cursos inteiros desde cedo, não esses cursos de inglês que nunca saem do verbo to be).
Claro que os nacionalistinhas e matutos com medo de sair da sua “zona de conforto” reclamarão – receosos de que a “identidade nacional” (o que quer que isso signifique) esteja sob ameaça. Mas a verdade crua e nua é que a USP, ou qualquer outra universidade latino-americana, jamais ocupará posições globais de destaque se não derrubar a barreira línguistica.
2. SELEÇÃO DE ESTUDANTES INTERNACIONAIS
Uma universidade de renome internacional é feita de um corpo discente inteligente, criativo, ambicioso e esforçado. Não há razão alguma para acreditar que essas habilidades/traços estejam mais concentradas nas pessoas de uma região do que outra. Logo, o recrutamento de estudantes deve ser o mais global possível. Harvard, Oxford e Cambridge, para citar três das mais distintas universidade do mundo, têm de 10 a 20 por cento de seus estudantes de graduação provenientes de outros países. Os números de alunos internacionais na pós graduação são ainda maiores, chegando em algumas dessas universidades a 64% (e.g., Oxford).
É óbvio que isso significa mais concorrência, logo, resistência de muitos que sentirão que, na existência dessa influxo externo de candidatos, suas chances de entrar na USP são ainda menores (o que, em termos incondicionais, é mesmo verdade para todos). Mas esse é um dos “preços” que se deve pagar para ter uma universidade global. Mas não se esqueça dos benefícios, que para a região e para o país em geral são enormes: retenção de talentos (brain drain) e criação, através da rede de ex alunos que vai se formando no globo, de uma potencial ampla rede de contratação de mão-de-obra, de comércio e negócios em geral.
3. RECRUTAMENTO INTERNACIONAL DE PROFESSORES
Os argumentos aqui são os mesmos que utilizei para justificar a seleção de estudantes internacionais. Se a USP quer se internacionalizar de fato deve passar a recrutar seus professores no chamado “mercado internacional”. Ao invés de editais enterrados nas páginas dos departamentos e jornais oficiais, as unidades devem anunciar as posições abertas em seus departamentos nos jornais científicos internacionais, nas páginas da The Economist, nos sites internacionais de recrutamento, enfim, nos lugarem que darão visibilidade global para as posições.
Tanto mais quanto possível (porque falarão de cotas para brasileiros), a prioridade deve ser a seleção de pesquisadores qualificados e com projetos acadêmicos promissores, como é a seleção de qualquer boa universidade no mundo, independente do país de origem. Isso significa, obviamente, que é preciso abandonar o atual sistema jurássico-francês de seleção – baseado em concurso com prova escrita de nível de graduação e aula-didática, ambos sobre tópico-semi-surpresa e em português – em favor de algo moderno e efetivo, baseado na análise por pares (de dentro da própria universidade e não de outras!) (a) de currículo, (b) de publicações, (c) de agenda de pesquisa (research statement) e (d) de habilidade e clareza oratória avaliadas com base em entrevista e seminário público sobre tema da agenda de pesquisa do candidato, e não com base em aula-monólogo de 45 minutos sobre tópico de manual de graduação e, para adicionar insulto a injúria, com resultado divulgado de forma constrangedora, impolite, e com ares de concurso de carnaval (tipo assim: "Candidato: Dr. X. Nota do Jurado Prof. Dr. Y; Quesito: Prova escrita....Nota (...) 10!!!"). Como diz o Fernando Botelho, se "Harvard não seleciona assim por que nós devemos?". Em suma: é possível recrutar professores de forma rigorosa e transparente sem ser tosco.
Recrutar no exterior seria provavelmente mais difícil pra umas áreas (e.g. letras, sociologia, jornalismo) do que para outras (economia, matemática, biomédicas), mas montar um staff acadêmico de qualidade requer recrutamento global. Hoje mais de 40% do staff acadêmico das top universidades britânicas são de outros países. Entre no departamento de qualquer área, de qualquer universidade top americana, e você verá que na vasta maior parte deles ao menos 1/5 dos professores é proveniente de outros países.
O clima da região e o espaço de liderança profissional que a USP poderia oferecer para acadêmicos juniores pode servir de atrativo para muitos do hemisfério-norte. Como não tem a reputação internacional de uma universidade top 20 e o clima mais tropical logo não compensará por muito tempo e por si só as agruras típicas de um país subdesenvolvido (violência, burocracia etc), é importante ter dinheiro para atrair e reter esse pessoal aqui.
4. PROGRAMAS DE DUPLA FILIAÇÃO INSTITUCIONAL DE PROFESSORES
A colaboração entre pesquisadores é um dos principais motores da atividade científica atual. As parcerias entre cientistas de vários lugares do mundo trazem inúmeros ganhos: dividem os custos de pesquisa, permitem a execução mais eficiente de tarefas (divisão de trabalho) e, ao trazer junto a expertise de várias pesquisadores, quase certamente melhoram a qualidade do trabalho de pesquisa. Uma forma relativamente barata de facilitar essa cooperação entre os pesquisadores da USP e cientistas internacionais é oferecer “joint appointments” (vagas que permitem múltipla filiação institucional) para professores e professoras provenientes das top universidades sugeridos, com base na complementaridade e
expertise que possam oferecer, pelos membros de cada departamento da universidade.
5. PROGRAMA DE VISITING SCHOLARS
No mesmo espírito do programa de “dupla filiação”, a universidade deveria oferecer um pacote de benefícios (salário, acesso a laboratórios, assistência de pesquisa, suporte técnico etc) para atrair, ainda que por intervalo relativamente pequenos (1 à 4 semestres), pesquisadores de universidades de ponta.
6. ABERTURA DE ESCRITÓRIOS REGIONAIS
É claro que uma estratégia e internacionalização não pode prescindir de ter “embaixadas” espalhadas em todos os continentes; "embaixadas" que possam servir não só para celebrar acordos de parceria acadêmica, mas para capilarizar o recrutamento de estudantes e professores para a universidade. Mas não se iluda: nada disso é eficiente se a universidade não tiver um pacote interessante de benefícios a oferecer. E não adianta também colocar escritórios em Londres, Paris e Nova York. Sem a grana e a reputação de uma Harvard, a melhor estratégia em um primeiro momento é ir atrás de "talentos brutos" com ambições acadêmicas que pode-se encontrar em instituições menos abonadas. Ou seja: desde que requisitos mínimos sejam satisfeitos (de treinamento, habilidade, comunicação etc), é possível que, muito freqüentemente, seja melhor recrutar os melhores estudantes e pesquisadores, sei lá, da Universidade do Cairo do que recrutar pessoas de lugares mais prestigiados que não são os top de seus
cohorts e que até poderiam encarar a experiência nos trópicos como uma aventura ou um “gap year” na carreira.
7. CONSÓRCIOS E GRUPOS INTERNACIONAIS DE UNIVERSIDADES DE PONTA
A entrada nesses consórcios de universidades (e.g. Universitas 21, IARU - International Alliance of Research Universities) facilitaria a difusão de “best practices” adminsitrativas, o compartilhamento de recursos e a promoção de parcerias e convênios para intercâmbio de recursos humanos (estudantes e pesquisadores).
8. INCENTIVOS PARA “ACADEMIC ENGAGEMENT” INTERNACIONAL
Por “engagement internacional” eu quero dizer (a) apresentação de artigos científicos em conferência internacionais de “high profile” (não vale aquelas conferências obscuras na Grécia ou no Havaí), (b) publicações colaborativas em coautoria com pesquisadores internacionais e (c) posições de visitante em universidades de ponta. Estimular os professores da instituição a se envolverem nessas atividades que contribuíram enormemente para elevar o profile internacional da USP – estimular com bônus salarial e reconhecimento institucional, porque ninguém na universidade (como em qualquer outra empresa) é mais criança pra se motivar com a promessa de chocolates e piluritos coloridos de açucar. Nunca é demais repitir: isso deve ser financiado com recursos orçamentários extras, que a universidade vai gerar a partir de suas próprias atividades, e não com a transferência de mais dinheiro do contribuinte, até porque o que têm hoje já está completamente comprometido com pagamento de folha salarial -- como notado no
outro post.
9. DIFERENCIAÇÃO SALARIAL
Em qualquer universidade decente do mundo é absolutamente normal que alguns professores tenham salários maiores do que outros. Há diferenciação salarial não só entre departamentos (o faculty dos departamentos de medicina ganham em geral mais do que o faculty do departamento de Estudos Culturais e Línguas Modernas) mas dentro de cada departamento também (prêmios nobeis certamente têm maior salário do que seus colegas departamentais sem tal premiação).
Comunistas, sindicalistas e esquerdóides em geral oferecerão enorme resistência a esse tipo de medida – sob o argumento cretino que a ausência de isonomia salarial viola algum tipo de direito humanitário ou prerrogativa do servidor público ou do trabalhador em geral (como se houvesse algum vestígio de justiça em tratar salarialmente igual pessoas com habilidades e produtividades diferentes...). Claro que não dá pra diferenciar salários nominais (a lei do serviço público impede...), mas é possível fazer isso via algum tipo de bonificação.
A importância desse ponto não pode ser minimizada. A isonomia salarial é uma das grandes âncoras que seguram as universidades brasileiras no fundo do barril da mediocridade. Não precisa ser economista e entender de incentivos para perceber que, se um professor que publica 10 papers por ano em top journals recebe de salário a mesma coisa que o professor que publicou nada ou metade disso, o resultado dinâmico dessa estrutura de incentivos só pode ser um: todo mundo racionalmente, ou por autoexpulsão dos professores produtivos ou pela redução coletiva de esforço, converge para o ponto onde o esforço é mínimo.
Sempre falo pra meus colegas ingleses: vocês não escutam falar de pesquisa feita por acadêmicos brasileiros não porque eles sejam intrinsicamente “ruins", mas simplesmente porque, como ser racional que são, respondem aos incentivos existentes – que são todos perversos, porque completamente desalinhados com o objetivo de ser academicamente produtivo.
O ponto aqui é simples: sem diferenciação salarial, a USP, ou qualquer universidade brasileira que almeje renome internacional, nunca terá a flexibilidade necessária para atrair recursos humanos de alto calibre. Eu falo dos professores mas o mesmo vale para funcionários técnicos, cujo suporte é vital para o andamento “suave” dos projetos de pesquisa e demais atividades acadêmicas.
10. CONSÓRCIOS PARA CURSOS E PESQUISA COM "BIG NAME UNIVERSITIES"
A reputação regional de que goza a USP deve ser explorada. Como? Formando consórcios com universidades norte-americanas e inglesas que queiram expandir sua atuação na região (as universidades inglesas foram as primeiras do mundo a estabelecerem campi em outros países. A Universidade de Nottingham, por exemplo, tem campi na China e na Malásia. Em 2009, a universidade de Columbia abriu centros na India e na França e a Universidade de Nova York em Shangai. Há várias outras). Essas alianças devem servir não apenas para entregar serviços de treinamento e educação para os estudantes da região como também para fomentar simpósios de seminários dos pesquisadores das universidades envolvidas em torno de tópicos relevantes para os problemas da região. É um acordo ganha-ganha. A universidade de Monash (AUS) e Warwick (UK) firmaram, em 2011, acordo desse tipo para atuarem na região asiática.
CONCLUSÃO: ISSO VAI ACONTECER?
Já antevejo muitos comentários falando que nada ou quase nada disso vai acontecer. Falarão que existem barreiras legais, que é difícil, que dá muito trabalho, que haverá muito resistência etc, etc, etc. É óbvio que essas coisas são todas verdades. Afinal, muitas das barreiras à essas mudanças estão enraizadas nos valores e na “cultura” que herdamos. Mas "cultura" nenhuma resiste a uma estrutura de incentivos que premie a persecução da excelência e ao prospecto de alcançar, por essa mesma excelência, prestígio e reconhecimento profissional de seus pares em escala global.
Além disso, o que está em jogo aqui é algo que é sabidamente aspirado e de interesse de muitos – de fora e de dentro da universidade –, a saber: que a USP, e um bom número de universidades brasileiras em geral, estejam entre as melhores instituições de ensino e pesquisa do mundo (diria que podemos começar com a meta de estar entre as top 100 em 20 anos).
Há bastante recursos humanos para isso. É apenas lamentável que a burocracia e as regras institucionais que regulam as universidades brasileiras hoje funcionem como gigantescas barreiras a essas mudanças. Mudá-las é custoso mas factível; o que me lembra uma frase famosa do Steve Jobs sobre os “loucos” que mudam o mundo:
“Here’s to the crazy ones.(...) They push the human race forward, and while some may see them as the crazy ones, we see genius, because the ones who are crazy enough to think that they can change the world, are the ones who do”
Onde estão os “loucos” de que a USP e as universidades brasileiras precisam?
_______________
* Tem os trabalhos pioneiros em aviação do Santos-Dumont, mas aquilo foi há mais de cem anos; e ele foi educado na França anyways.