terça-feira, 11 de março de 2014

Fatos sobre violência e homicídio no Brasil e no Mundo

Há um crescente sensação de que há um aumento da violência no Brasil. Os dados mostram que se não houve uma explosão como eventos de maior repercussão midiática podem sugerir, também não houve uma redução da violência -- medida, por exemplo, pelas taxas de homicídio.

Para os que acreditam que a atividade criminal mais violenta (sequestro e homicídios) é quase que exclusivamente uma função da renda (no que parece estar baseada a postura complacente de muitos legisladores), é enigmático que o aumento de renda, os programas de renda mínima do governo e a situação de virtual pleno emprego experimentada nos últimos anos não tenham causado redução na violência. Duas perguntas nesse tema se destacam:

  • O que explica a decisão de cometer crime? 

  • Que políticas deveriam ser implementadas para efetivamente reduzir a violência? 

Em uma série de três posts eu vou tratar do tema crime e tentar dar uma resposta às questões acima -- eu sei que essas promessas de "falar disso no próximo post" são vácuas porque ninguém vai ficar acompanhando pra cobrar, mas promessa pra mim é dívida, e dívida se paga. Enfim, o tema é importante e eu penso que dá para misturar o tratamento padrão em economia pra essas questões com umas coisas meio behaviorais para criar um modelo um pouco mais geral.

Primeiro, alguns fatos
Nesse primeiro post, vou apenas reportar alguns dados que, quando aliados com algum conhecimento sobre as condições institucionais de cada país -- seu sistema penal, existência de leis de controle de armas, níveis de educação da população etc) --, podem fornecer alguns insights sobre elementos (incentivos) de impulsão e controle da atividade criminal.

Gráficos:
1. Taxa de assassinatos por 100.000 habitantes no mundo
2. Taxa de assassinatos em países da América do Sul
3. Quem comete os assassinatos?
4. Evolução de homicídios nos últimos 15 anos, por região.
Update: 5. Homicídios e mudança no cumprimeto da lei (Rule of Law index)


Gráfico 1


Gráfico 2


Gráfico 3


Gráfico 4 (por favor clique nele para expandir)


Gráfico 5


10 comentários:

  1. Estou na Africa do Sul por 15 dias e, diferentemente do que esperava, a sensaçao de insegurança é inferior à das capitais brasileiras.

    Primeiro, imagino que as capitais no BR puxem a media para cima.

    Em segundo lugar, nao é dificil perceber que sul-africanos respeitam mais a regras que nós. Fato que por si só inibiria a violencia.

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    1. Sua percepção, no entanto, é afetada pela sua condição de turista num país estrangeiro. Assim como em Maceió, um dos maiores (o maior?) índices de homicídio do Brasil, gringo fica em resort e favelado morre na favela.

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  2. Sergio como é a figura para a África Subsahariana? Considero a América Latina muito parecida com a África Subsahariana em muitas coisas e talvez no crime os dois subcontinentes se pareçam.

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    1. Não sei Marcelo. No relatório não tinha esse gráfico (o 4 eu digo). Mas olhando para a taxa de homicídios mais recente, não há mesmo uma grande diferença: 17.4 na África versus 15.5 nas Américas. Mas olhando para subregiões, e com excessão do Sudeste Africano, as demais regiões africanas tem menor taxa de homicídios do que a região central da América (da Guatemala descendo até o Panamá).

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  3. Violência anda cada vez pior. Na janela de 1 trimestre, em meio a engarramentos, presenciei 2 furtos (para usar o termo 'correto', uma vez que não vi se houve ameaça) em localidades distintas.

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  4. Pq vcs não dão o próximo passo?

    http://www.project-syndicate.org/

    Chamem mais algumas pessoas de outras áreas, e montem algo organizado. o blog está legal, mas vcs podem ser muuuuuito mais que um blog (diversidade de opinião tb deve ser incluída numa nova fase).

    abs

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    1. Excelente sugestão, obg.

      A gente tá tentando ir nessa direção -- de convidar outras pessoas, trazer gente de outras áreas e colocar mais "cenouras" e funcionalidades no site (dados, ferramentas, vídeos, guias). Mas não é fácil fazer isso sem dinheiro e em bases puramente colaborativas (o project-syndicate recebe uma boa grana da Melinda & Bill Gates Foundation). Mas não tão rápido quanto gostaríamos, vamos tentar caminhar pra isso.

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  5. Pelo meu contato com os novos professores da FEA (já não tão novos assim), imagino que todos topariam (como estão topando no blog). Imagino que pessoas de outras áreas e outros centros também teriam interesse. No meio da aridez de ideias no país, vcs se destacariam muito.

    Reforço que seria legal trazer pessoas de outras áreas, e com outras visões (obviamente não a Marilena Chauí, mas pessoas diferentes de vcs).

    E, parafraseando o fantasma no filme do Kevin Costner, "if you build, he will come"!

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  6. Gráfico 4. Porque a UNODC considera a américa do norte como somente 2 países (sendo provavelmente Canadá e EUA)? Onde eles incluíram o México? Isso não foi manipulado para que o índice nessa américa do norte apareça em queda?

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    1. Por que isso seria manipulado? Ie, que interesse você enxerga em fazerem isso?
      O México foi incluído junto com a América Central, que na verdade tem 7 países em vez de 8. O que pra mim faz todo o sentido, uma vez que a realidade social mexicana é muito mais próxima desses países do que de Canadá e EUA.

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