domingo, 6 de abril de 2014

Samuel no Estadão Domingo


Sem dúvida a melhor entrevista da série.

O Samuel foi muito claro e preciso: há duas questões importantes, duas agendas, (i) a do tipo de Estado que queremos ter: o atual, meio gordinho, com altos impostos e transferências parrudas; ou um mais enxuto com menos impostos e menos gastos e (ii) a agenda da ineficiência, misallocation, seleção de vencedores, BNDES gigante. Essa, segundo o Samuel, é coisa nova, do PT pós 2010, uma volta sinistra aos anos 70, "trem fantasma". O Samuel não comentou muito da nova matriz macro, mas acho que ela se encaixa nessa segunda bizarrice heterodoxa, a da coisa sem pé nem cabeça, onde tudo é pior.

Eu só não acho que a linha divisória traçada pelo Samuca seja assim tão bem demarcada. Parte do inchaço das transferências é ineficiência também, misturado com a discussão legítima do tamanho do Estado. E esse debate precisa entrar na pauta, sim, urgentemente. Isso porque há modos mais e menos eficientes (olha a palavra aí) de se diminuir desigualdade, de se aumentar proteção social, etc e tal. Por exemplo, o bolsa família é muito mais eficiente que aumentos do mínimo para combate de pobreza. Então por que não investir mais num e menos no outro, que é muito mais custoso? Poderíamos via essa senda ter mais eficiência e menos G -- a linha divisória nublou-se. Outro exemplo: tem muita gente mamando anos a fio nas pensões públicas, sem justificativa. Um funcionário morre e deixa uma esposa de 25 anos que recebe pensão até morrer ela mesma, aos 70 anos. Isso é uma discussão legítima sobre tamanho de Estado? Não, não, não me parece. Parece mais captura por grupo de interesse, rent-seeking pure and simple.

3 comentários:

  1. E aquela coisa de que a caridade pública em grande parte apenas substitui a caridade privada ? qual a elasticidade desse efeito ?

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  2. Como proceder quando um professor erra um exercício, seu monitor erra, você avisa ele por e-mail, ele te manda estudar mais, você pede para olhar a resolução na sala dele

    E ele diz que não


    ?

    Como proceder?

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  3. Cadu você acredita em algum tipo de Política Industrial? Quer dizer a coisa do misallocation é séria mas ao mesmo tempo você tem umas coisas de retornos privados e ganhos coletivos ai que merecem algum desenho de incentivo, além é claro de possíveis retornos crescentes aqui e ali.

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