segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Debate acalorado entre economistas dos presidenciáveis


Há relatos na imprensa de que economistas ligados aos candidatos à presidência bateram boca em um seminário hoje na FGV. Houve acusações, por parte do economista do governo, de que seus opositores estavam defasados ou trataram do tema em debate de forma ingênua. Um deles, em resposta, comentou:
Sempre que a gente está num debate público e enfrenta uma discordância e a forma de enfrentá-la é sugerindo que seu oponente é ignorante ou lê pouco é um sinal que estamos em maus lençóis”, afirmou, sob aplausos, o economista tucano, que em tom de provocação encerrou sua participação afirmando que continuará lendo e aprendendo com as teorias econômicas de Friedman.
A matéria com detalhes sobre o evento pode ser vista aqui.

Projeção psicológica
Posso estar enganado, mas quando um economista sugere que outro está se informando estritamente com base nos escritos de um economista em particular (no caso Milton Friedman) publicados 40 anos atrás, ele está revelando sobre si mesmo -- o que os psicólogos chamam de "projeção psicológica" (o ato de se defender de impulsos, sensações e pensamentos negativos sobre si mesmo atribuindo-os aos outros). 

Acadêmicos versus "de mídia": viés de seleção?
Esse bate-boca -- indigno de quem tem uns 20 anos de educação formal nas costas -- levanta uma questão interessante: o quão atualizado nos desenvolvimentos "de fronteira" é razoável esperarmos que economistas que participam do "debate público" estejam? 

Não há obviamente nenhum conflito intrínseco entre essas duas coisas. Mas pergunto a questão porque tenho a impressão que muita gente na área acadêmica que acompanha de perto a literatura não está disposta/tem interesse/ tem "traquejo" para pontificar na mídia sobre o assunto do qual é expert. Talvez porque a cobertura da mídia é quase sempre superficial, logo pouco interessante. O fato é que isso, se verdade, deixaria um vácuo nesses espaços que acabam sendo preenchidos por economistas com outros traços que podem não incluir estar "up-to-date" com a literatura científica da área na mesma medida que o economista acadêmico, expert no assunto, estaria -- se manter-se atualizado na literatura em um par de tópicos já é difícil para economistas na academia que têm por ofício tal tarefa, é razoável crer que é tão ou mais difícil para quem já não está mais conectado à ela.

12 comentários:

  1. Acho que o que acontece é que os que estão na fronteira da pesquisa ao aparecer em "debates públicos" acabam "descendo do salto" e se vulgarizando para defender suas opiniões (jogando toda teoria fora) - infelizmente me parece uma tendência quase geral... Isso é aplicável ao Krugman por exemplo, à esse seminário na FGV... E principalmente aos economistas desse blog quando se metem a falar de assuntos que eles não entendem, acabam difundindo, muitas vezes, o que há de mais tacanho no senso comum...

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    1. Deletem esses comentários cretinos! O cara não tem nem a coragem de citar quem e onde houve difusão do que "há de mais tacanho no senso comun" (o que seria isso exatamente hein?). É só mais uma alma triste com a própria mediocriade que goza com a covarde coragem anônima atrás do teclado.

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  2. Veja pelo lado do Holland: se o Brasil se desenvolver baseado nessas políticas, quem ganhará o Nobel será ele! É muita genialidade para os contemporâneos entenderem. Daqui a alguns anos, qdo o Brasil PTsta se tornar o país q mais cresce no mundo, vocês estarão pagando pau!

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  3. Levando em conta que a fronteira da pesquisa autalmente de pouco ou nada serve para discussão de política econômica, não faz muita diferença.

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    1. Levando em conta q vc nao sabe o tamanho da asneira q fala, seu comentário não faz a menor diferença!

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  4. Na Piauí deste mês há um relato que Delfim, mesmo no auge de seu período ministerial, continuava lendo 1 artigo por semana.

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  5. Meus caros,
    Tenho dois comentários, (1) O Krugman, em um de seus livrinhos de divulgação científica (que são ótimos, não estou menosprezando), ele reclamava que os economistas não buscavam participar do debate público e aí as idéias mais estapafúrdias (defendidas por não economistas) ganhavam grande repercussão entre a opinião pública (como esquecer que os empregos iriam acabar? Que viveríamos em um mundo onde só 10% da m-d-o estaria empregada?). Neste caso, não é nem economistas que saibam a discussão de fronteira, ele falava de economistas bem-formados que apontariam as falácias que aparecem no debate público (o exemplo que ele dava era sobre a idéia que as nações competem entre si como as empresas); (2) A rapidez e o pequeno espaço que temos na imprensa acaba por nos transformar em planfetários. O desenvolvimento teórico da Economia nos mostra que cada caso é um caso, que dificilmente temos políticas ótimas que se apliquem a grande quantidade de casos, etc. Mas quando damos nossa opinião, acabamos por ser panfletários. Não lembro quem disse isto, mas falava que determinada questão perguntada a um professor em sala de aula gerava responta complexa mostrando todas as nuances do problema em questão. A mesma pergunta feita por um jornalista gerava resposta rápida, panfletária e super-simplificada.

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  6. Seguindo o mesmo assunto, olha a lógica econômica do PSOL:

    "Outro ponto de destaque no programa diz respeito ao combate da inflação por meio da redução da taxa de juros. "A redução das taxas propicia o aumento do investimento, o que aumenta a oferta futura de produtos e serviços, reduzindo-se assim a inflação", diz o texto."

    Link aqui: http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,programa-de-luciana-genro-propoe-mudanca-estrutural,1564903

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    1. O que não está completamente errado. Outro ponto é que juros mais baixos diminuem a dívida pública no longo prazo, que é um foco inflacionário.

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    2. Juros mais baixos podem também aumentar os juros no longo prazo, por que se for feito nas coxas, é sinalizado que o país é varzea e eu como investidor JAMAIS deixaria meu dinheiro num país varzea, logo cobro mais pra te empresta la na frente.

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