quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Desigualdade subindo no Brasil?

Saiu ontem no site da Veja:
Está engavetado no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) um estudo inédito que mostra uma realidade bem diferente da que vem sendo pregada pelo PT na campanha eleitoral de Dilma Rousseff. O documento, ao qual o site de VEJA teve acesso, mostra que a concentração de renda aumentou no Brasil entre 2006 e 2012. Dados do Imposto de Renda dos brasileiros coletados por pesquisadores do Instituto mostram que os 5% mais ricos do país detinham, em 2012, 44% da renda. Em 2006, esse porcentual era de 40%. Os brasileiros que fazem parte da seleta parcela do 1% mais rico também viram sua fatia aumentar: passou de 22,5% da renda em 2006 para 25% em 2012. O mesmo ocorreu para o porcentual de 0,1% da população mais rica, que se apropriava de 9% da renda total do país em 2006 e, em 2012, de 11%. Os dados referentes a 2012 correspondem aos mais recentes apurados pela Receita Federal.
Não sei até que ponto a notícia é quente. Mas é consistente com a discussão do Marcos Lisboa (vide post anterior) sobre políticas recentes privilegiando os mais ricos -- a tal da "bolsa empresário" que ele mencionou. Ou seja, beneficiam-se tanto a parte mais pobre da população (via políticas redistributivas como Bolsa Família) como a parte mais rica (via política industrial, BNDES, subsídios e afins). Quem perde é a parte do meio da distribuição, com impostos mais altos e mais distorção. E tudo pode ocorrer, mesmo com o índice de Gini caindo ao longo do tempo.

Mas tudo isso depende de quão firme é a matéria da Veja. Esperemos as cenas dos próximos capítulos. A matéria completa pode ser lida aqui.

14 comentários:

  1. um bom meio para medir o que acontece com a desigualdade no 'meio do bolo' é o índice de theil, não?
    o que ele diz sobre isso?

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  2. Assim... vdd, é consistente com o bolsa empresário. Mas também é consistente com o que está acontecendo em qualquer lugar do mundo. Não sei os detalhes disso (o timing de quando esse negócio começa a piorar ou não). Mas está longe de ser óbvia a história do bolsa-empresário.

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    1. Como já foi dito. Tem q esperar as cenas do próximo capítulo.

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  3. De 2006 pra 2012 houve uma forte valorização de ativos, acredito ser este o driver e não a bolsa-empresário.

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    1. Bô dia.
      Exato, entre constatar aumento de renda no topo e concluir que é devido a políticas governamentais tem que ter cuidado.

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    2. eu disse consistente com a ideia do lisboa. isso nao implica causalidade.

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    3. sim sim, estou falando em relação a noticia, cujo titulo diz que concentracao aumentou

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  4. Curioso é que naquele debate com o Marcos Lisboa o Marcelo Neri diz que ele viu os dados do IR e que eles corroboram a tese de que a desigualdade continua caindo.

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  5. A manchete da Veja é, no mínimo, desonesta. A parcela dos 5% mais ricos subiu, mas o mesmo ocorreu entre os mais pobres - Neri e Lisboa, como todos os outros especialistas no tema, são unânimes nesta avaliação. Na conta da classe média (que, relativamente, piorou, por resíduo), os mais pobres melhoraram, e os milionários também (parte da razão envolve mesmo o próprio governo).

    E como o Gini vem caindo (e isso, segundo o Neri em entrevistas recentes, se mantém na análise do IR), isso sugere que o aumento de renda relativa dos mais pobres é mais significativo do que o dos mais ricos. Isso se chama aumento de concentração de renda? Certamente, não.

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    1. Estás correto em teu comentário

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    2. O Gini da PNAD vem caindo. Mas o Gini nos dados do IR não sabemos (deve estar nesse estudo misterioso do Ipea). E a matéria da Veja diz respeito a esses dados.

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    3. Gini da PNAD caiu até 2011, depois disso estabilizou. De 2012 para 2013 até deu uma subidinha

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  6. Será que estão revendo as tabelas pela n-ésima vez antes de divulgar?

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