segunda-feira, 12 de maio de 2014

Pesquisa de economista brasileiro sobre evolução de habilidades cognitivas e não cognitivas na infância recebe prestigioso prêmio


Trabalho de Flávio Cunha (Univ. of Pennsylvania) em co-autoria com James Heckman (Univ. of Chicago) e Susanne Schennach (Univ. of Chicago) recebe Medalha Frisch da Econometric Society (ES). A Econometric Society existe desde 1930 e é responsável pela edição de um das mais importantes revistas da área de economia. Sobre o prêmio:
The Frisch Medal has been established by the Econometric Society to encourage the creation of good applied work and its submission to Econometrica. It is given every two years for an applied article (empirical or theoretical) published in Econometrica during the past five years.
The selection committee for 2014 (John Rust, Chair; Steven Durlauf; Petra Todd) awarded the Frisch Medal of the Econometric Society to Flavio Cunha, James J. Heckman, and Susanne M. Schennach for their article, "Estimating the Technology of Cognitive and Noncognitive Skill Formation", Econometrica, 78(3), May 2010, 883-931.

O jornal Valor Econômico fez uma matéria sobre o trabalho de Fávio. Trechos do artigo: 

"Cunha escreveu vários estudos com Heckman, Nobel em 2000, mostrando a importância da educação infantil. Segundo ele, o objetivo do trabalho que ganhou a Medalha Frisch é “encontrar as equações matemáticas que descrevem o desenvolvimento de habilidades cognitivas, como matemática e língua portuguesa, e não-cognitivas, como persistência, motivação e auto-controle, do nascimento até aos 15 anos de idade.”

"Ao falar das conclusões do artigo, Cunha diz que “as habilidades cognitivas respondem mais fortemente aos investimentos que ocorrem cedo na vida de uma criança”. Depois, fica cada vez mais caro tentar mudar uma criança em que se investiu pouco na primeira infância. 'Em contraste, as habilidades não-cognitivas tem uma resposta mais uniforme ao longo da infância e da adolescência. É possível, desse modo, remediar baixos investimentos em habilidade cognitiva na primeira infância com investimentos mais elevados em habilidades não-cognitivas em idades mais avançadas'.”

"Chegar às equações exigiu a superação de alguns problemas, diz Cunha. “Primeiro, não existia uma escala de medida para habilidades cognitivas e não-cognitivas. Por exemplo, para medir temperatura, temos a escala Celsius. Surpreendentemente, não tínhamos uma escala para medir habilidades. O artigo estabelece escalas naturais para as habilidades cognitivas e não-cognitivas”, afirma ele, explicando que, nesse caso, uma escala natural é, por exemplo, “o salário de uma pessoa na fase adulta da sua vida”. Pessoas com mais habilidades tendem a ter salários mais elevados."

"Outro problema a ser superado é que as habilidades e os investimentos são medidos com muito erro. “É muito difícil quantificar o ambiente onde uma criança vive e é ainda mais difícil medir o QI de uma criança que tem 1 ou 2 anos de idade”, diz Cunha. 'A técnica econométrica é matematicamente muito complicada por causa desse problema de erro de medida. Mas, se não tivéssemos resolvido esse problema, não poderíamos responder essa pergunta.' "

"O terceiro problema, segundo ele, é que não se podiam fazer hipóteses sobre a fórmula matemática das equações. “Então, tinhamos que desenvolver uma técnica não-paramétrica, o que torna a análise um pouco mais complicada”, diz Cunha, acrescentando que uma técnica não-paramétrica é um “método estatístico que permite que a relação entre duas ou mais variáveis seja obtida sem impor qualquer orientação da teoria' ".

"Havia ainda um quarto problema. “Os dados eram observacionais e não experimentais. Ou seja, não tínhamos como manipular o ambiente onde as crianças cresciam para poder ver o impacto no desenvolvimento muitos anos mais tarde. Para lidar com esse tipo de problema, os economistas usam, por exemplo, variáveis que afetam diretamente o ambiente, mas apenas indiretamente o desenvolvimento de uma criança”, afirma Cunha. “Nós tivemos que estudar como adaptar essa técnica de estimação para um modelo não-paramétrico e com dados que têm muito erro de medida.'”

Fonte: O Valor (clique no link para ler o artigo completo)

2 comentários:

  1. Eu li o livro How Children Succeed, do Paul Tough, que é baseado na pesquisa destes caras. É muito legal entender a importância das habilidades não cognitivas e como desenvolvê-las na primeira infância e na adolescência.

    O que estes caras estão fazendo é espetacular.

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  2. Esta pesquisa vai ao encontro daquela que diz que a cada 1 dólar gasto na infância economiza 7 dólares no futuro.

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