Artigo na The Economist fala sobre pesquisa do British Council e do Departamento de Educação da Universidae de Oxford apontando para um crescimento do inglês como língua de instrução nas universidades de todo o mundo. Trechos do artigo (que pode ser visto aqui):
THE world’s elite speaks English, so universities around the world are not only teaching English, but increasingly, teaching in English. A new report from the British Council and Oxford University’s department of education highlights the trend and unsurprisingly finds that English as a Medium of Instruction (EMI) is on the rise at all levels of education. But it is most pronounced at the post-secondary level.
Even traditional institutions are increasingly teaching in English, especially at the graduate level. Students are particularly keen on English in inherently global subjects, including science and business. It is possible to get a master’s degree or even a PhD in some subjects at, say, the University of Copenhagen, Denmark’s most prestigious institution, without knowing a lick of the language of Kierkegaard. (Undergraduate classes remain mostly in Danish.) In 2011 Sofie Carsten Nielsen, then an opposition member of parliament, argued that universities should do even their internal business in English, to encourage foreign scholars resident there to take a bigger role in the university
Outside Europe, the picture is mixed: English-medium education hasn’t gone far in Latin America. Anti-American Venezuela has explicitly anti-English-medium policies, according to the British Council/Oxford report, but interestingly, so does Israel, an American ally. Some South Asian universities, by contrast, are dominated by English. Modernising Arab countries like Qatar have pushed EMI heavily. China too has promoted university programs taught entirely in English. It has perhaps over-promoted them: many students have come from Africa or South Asia drawn by the promise of an English education, only to find they could not understand their teachers. But the quality of English in China is improving fast. Chinese scientists get big bonuses (and swell with pride) when their papers make into the best international—English-language—journals.
No Brasil o assunto é tabu. Já argumentei em outro post que a adoção do inglês como língua de instrução (num processo gradual de transição) beneficiaria estudantes (comandariam salários maiores), pesquisadores (ficaria mais fácil se integrar à comunidade internacional) e a universidade como um todo (seria possível recrutar estudantes/professores de um "pool" mundial e dar visibilidade global para seu "produto"). Infelizmente, as barreiras ideológicas ainda são muito resistentes (há um custo, claro, mas ele parece ser mais do que compensado pelos benefícios).
Todo mundo gostaria de ver uma ou outra universidade brasileira no grupo das melhores universidades do mundo (top 100, digamos). Mas isso quase certamente não vai acontecer enquanto não treinarmos os estudantes para operarem com fluência na língua franca da ciência -- na qual está escrita, vale mencionar, cerca de 90% de tudo que está publicado em revistas indexadas e mais da metade do conteúdo da internet.
Tem algum argumento que não estou vendo que justifique, no que diz respeito à língua de instrução, não fazermos como as universidades chinesas e tantas outras em países não-falantes de inglês? Have your say!
Kanczuk já contribui com a internacionalização
ResponderExcluirYes, Kanczuk has balls of steel!
ExcluirTalvez isso possa ocorrer em grandes centros, como Rio, SP e MG. No Nordeste esta proposta é inviável no curto e médio prazo. Os alunos tem realizado vestibular com concorrência de 2, 3 para 1 vaga. O nível médio dos alunos é baixo e, por experiência, o percentual de alunos em cada turma que conseguem ler em inglês (com muito esforço) é menor que 10%...
ResponderExcluirHá propostas para alguns programas de pós para haver "Inglês Acadêmico" na USP, como há, se eu não me engano, na medicina. É engraçado como os argumentos contrários são toscos, como o imperialismo norte-americano (que coisa besta), e a pressuposição de que todos os alunos de pós sabem inglês.
ResponderExcluirNao e' contra a lei no Brasil fazer um curso inteiramente em ingles? Eu sei que e' contra a lei extrangeiros serem donos de instituicoes de ensino. E' cada lei no Brasil...
ResponderExcluirPor mim ate' ensino medio era em ingles. Puta lingua inutil tal do portugues. O negocio e' como implementar isso ao longo do tempo.
No Brasil tudo (de ruim e tosco) é possível. Mas a menos que isso esteja escrito na Constituição, imagino que a autonomia da universidade pode ser invocada para justificar que cursos, se a univ. quiser, sejam ensinados em inglês. Claro que ia ter os addevogados esquerdosos de porta de cadeia pra interpelar pedidos na justiça pra barrar o trem.
Excluirconcordo com uma transição gradual para o inglês nos cursos de graduação da USP, mas ai vejo um comentário como o acima e desanimo em debater. a única coisa que resta dizer para o sujeito acima é: https://www.youtube.com/watch?v=3GFDfaxADRk
ResponderExcluirSe o nível do inglês dos estudantes que se aventuram a ir estudar no exterior é vergonhoso, dado a quantidade de estudantes que não conseguiram demonstrar proficiência nos níveis mínimos exigidos pelo governo (que, convenhamos, não deve ser dos mais elevados), imaginem o que deve ser ministrar aulas em inglês por aqui... utópico.
ResponderExcluirFiz doutorado na USP e a quantidade de alunos que não submetiam os trabalhos para conferências estrangeiras por medo de ter que falar inglês é algo vergonhoso...
O TOEFL requerido no ciencias (cof cof) sem fronteiras era algo em torno de 80, que eh ridiculamente baixo. Ano passado, devido ao enorme numero de falha dos candidatos, eles abaixaram pra 60. Se vc tirar entre 60 e 80 eles te pagam um mes de ingles no lugar q vc vai. A prova vale 120 e nao eh particularmente dificil. Eh completamente nao factivel ter cursos publicos em ingles no Brasil no meio prazo (10 anos). Ia ser um caos total.
ExcluirInglês pobre causa baixa qualidade...
ResponderExcluirOu baixa qualidade causa inglês pobre?
Os cursos são em inglês na Pompeu Fabra? Na Bologna? Na Carlos III? Realmente não sei.
Sim
ExcluirOs de mestrado e doutorado sao. A maior parte dos cursos razoaveis europeus de economia sao. Toulose, bonn, pompeu, Tilburg, etc.
ResponderExcluirAcho que já seria um grande avanço se as universidades permitissem que pelo menos as teses e dissertações fossem publicadas em inglês, ainda que a apresentação e defesa fosse toda em português. Isso certamente ajudaria a divulgar os trabalhos desenvolvidos aqui.
ResponderExcluirNo ITA é permitido, e até incentivado por bons professores. Meu tg e dissertação de mestrado lá foram em inglês. É minoria, mas já é um passo.
ExcluirNinguém nasce sabendo inglês. Nem os ingleses. É uma questão, portanto, de investir seriamente no ensino do idioma.
ResponderExcluirÉ óbvio que seria uma transição dolorida e com muitos problemas. Isso não me parece motivo para simplesmente não seguir nessa direção e permanecermos monoglotas.
A Coréia do Sul passou e ainda passa por esses problemas de adaptação (professores e alunos nativos com "broken english", documentos e websites com inglês errado) -- problemas pelos quais passa hoje as universidades Chinesas. Ao invés de desistirem, esses lugares resolveram investir na contratação de professores nativos.
Vai ser sofrido e duro adotar o inglês como língua de instrução em um país onde não se aprende o idioma decentemente até em escolas de inglês? Sim. Universidades em algumas áreas sofrerão mais do que outras? Sim. Vai ser confuso no começo? Vai. Vai demorar décadas? Vai. Mas o benefício de longo prazo justifica todo o sacrifício. Como diz o motto, "No pain, no gain."
Já que esse governo gosta tanto de cotas, deviam instituir uma cota mínima para ensino de inglês em toda a grade curricular.
ExcluirSó espero que não contratem professores cubanos...
Eu concordo totalmente com Sérgio. Na Espanha, um país não precisamente modelo no que se refere ao domínio das línguas estrangeiras, leciona-se em inglês (para determinados grupos que escolhem esse tipo de docência) em quase qualquer universidade pública e particular promedio. Eu concretamente ensino International Economics numa universidade pública do sul do país. Tem de ser assim pois muitos estudantes da Europa toda vem passar um semestre ou um ano completo às nossas universidades. Não é preciso ser bilingue para dar aulas em inglês, apenas fluência, pois o objetivo não é ensinar língua inglesa mas economia. É claro que, como o Sérgio falou, tem problemas durante a transição, mas as coisas vão se ajeitando com o tempo.
ResponderExcluirAlejandro
Estou falando da graduação. Nos mestrados e doutorados, a docência normalmente é completamente em inglês.
ExcluirNormalmente onde? Nos Eua, neh? No brasil nao conheco 1 lugar que seja 100% em ingles. Em economia tem meia duzia de materias em ingles na fgv-rio e eh soh isso.
ExcluirBom, eu mencionei o caso espanhol, que acho que seria facilmente replicável pelas universidades brasileiras, pois a Espanha sempre esteve muito atrasada nessa questão do domínio dos idiomas estrangeiros. E os falantes de português têm mais facilidades que os falantes de espanhol para pronunciar com um bom sotaque britânico/americano. No Brasil apenas seria uma questão de vontade.
ExcluirHá muitos anos, quando fiz minha graduação, havia a oferta de alguns cursos em inglês na EAESP. É bom até para o aluno que não tem a oportunidade de fazer intercâmbio ou coisa similar perder a timidez de se manifestar em inglês (não sei se continua assim). É claro que os alunos da FGV não têm perfil tão variado quanto os das universidades públicas, mas é muito próximo ao dos alunos de administração e economia da USP (digo isso porque também frequentei essa universidade). Começar com as matérias não obrigatórias ou dando a possibilidade de o aluno cursar a mesma matéria em inglês ou em português poderia ser um meio de avançarmos.
ResponderExcluirNa fgv-rio tem um mba todo em ingles que e' oferecido a uns bons anos e nunca teve turma. Se o cara que quer fazer um mba nao quer estudar ingles, imagina o menino da graduacao.
ResponderExcluirA EPGE tem o plano de fazer o curso de mestrado e doutorado inteiro em ingles pra atrair gente de fora, ja' que portugues nao e' das linguas mais atrativas. Ja' tem uns cursos em ingles, dado os prof de fora, mas a ideia era fazer 100% em ingles. E' uma ideia interessante, mas acho que nao sai do papel tao cedo.
Em universidade federal, acho impossivel. Se inventassem um negocio desse onde estudei, ia juntar DCE, UNE, PSTU pra fazer quebra-quebra e nao ia ter uma aula. E no momento que se volta atras de uma decisao dessa, demora 30 anos pra poder tentar de novo.
unh... que visão mais pobre da universidade! ao invés de defender ela como um local de preservação e valorização das culturas, das variadas formas de pensamento e estimá-la como espaço privilegiado da crítica, a enxergam como um espaço de mera promoção social via aceitação dos ditames das leis de mercado... subjugam a autonomia acadêmica aceitando "rankings" cretinos forjados a partir de interesses escusos... se tivessem tido a oportunidade, os Xs poderiam firmar uma parceria com o padre anchieta no trabalho de catequização... por que, no próximo lixo eletrônico de vocês, não defendem tbm a abertura de McDonald's no lugar de RU? fica a dica! tenho certeza que conseguirão platéia!
ResponderExcluirPELA PRESERVAÇÃO DA CULTURA! AULAS EM TUPI JÁ!
ExcluirNessas horas que vemos como, na média, o Brasil é medíocre...
ExcluirAo companheiro q quer aulas em Tupi, eh sempre bom lembrar que o Tupi eh apenas umas das mais de 200 linguas indigenas presentes no Brasil e tao importantes a cultura brasileira. Escolher o Tupi eh completamente arbitrario e complacente com a cultura dominante. Precisamos nos unir e instituir a universidade do povo, com todos is cursos em todas as linguas indigenas, quilombolas e mais o portugues e espanhol. Vamos a luta!
ExcluirMandioca é cultura! Pela preservação da tapioca no café da manhã de todo mundo! Abaixo o cereal com leite e o pãozinho com manteiga!!!
Excluir"Precisamos nos unir e instituir a universidade do povo, com todos is cursos em todas as linguas indigenas, quilombolas e mais o portugues e espanhol. Vamos a luta!"
ExcluirApoiado! Como será que fala "Subgame Perfect Nash Equilibrium" em Xavante, Caxinawa, Nagarotê e Sanumá???
Teoria dos jogos eh matematica abstrata e nao economia real (vc n viu a campanha do companheiro lourenco no post abaixo?) . Vamos focar em cursos como macroeconomia estrututalista do desenvolvimento e economia marxiana. Aprender isso em alguma lingua exotica: isso sim eh economia de verdade.
ExcluirMarxiana o caramba! Isso aí é uma deturpação do que Marx queriamente realmente dizer. Tem que ser economia MarxiSTA "de raiz".
ExcluirDe nada vale ser economista se você não sabe nada sobre lei tendencial da taxa de lucro, sobre a teoria da Mais-Valia, base de toda a teoria de exploração de classes que existe, e sobre donde vem o valor das coisas, que é do trabalho necessário para criar a mercadoria, e não do preço, uma vulgarização desse conceito, nem muito menos de "fatores de produção". Isso aí é besteira neoliberal propagandeada nos cursos mainstream de economia mundo afora.
Meus caros, economia como uma ciência social empírica criou mecanismos para corrigir erros das coisas que se "distanciam" da realidade. Teoria dos jogos, modelos matemáticos, e etc não estão no mainstream da economia porque são "uma besteira neoliberal" ou "não é economia real". São modelos, representações da realidade. São incompletos? SIM. São inúteis? NÃO. Organizam seu pensamento e foram testadas e melhoradas com o tempo. Sabe estatística, analise de dados? com isso se verifica modelos que representam a realidade de uma maneira ruim.
ExcluirTão fechado quando um cara que só quer adaptar a realidade à matemática em modelos, não o contrário, é o cara que só consegue ver a história sob um prisma. Luta de classes, economia marxista ou etc é uma maneira de ver a história? SIM. É a única? NÃO. Os caras que estão no mainstream com certeza tem muito mais argumento pra não colocar "mais-valia" nos modelos que eles constroem do que a maioria dos "marxistas de raiz" que falam do que Marx escreveu sem ter lido Smith e Ricardo primeiro.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ironia
ExcluirEsquece economia, tem coisa mais importante pro seu dia a dia que vc tem de aprender...
Sou favorável a adorar aulas em quechua. Sem escrita, claro!
ExcluirSou absolutamente a favor de ministrar as disciplinas em inglês, em especial no mestrado e doutorado. O sujeito não tem que saber, matemática, estatística, micro, macro etc (ou outras disciplinas básicas nas outras áreas)? Ora, tem que saber inglês também! Simples assim! Melhor para todos. Pode haver uma dificuldade inicial, mas em 3 ou 4 anos todo mundo se adapta.
ResponderExcluirby the way, como esses assuntos sobre universidades sempre rendem aqui...a entrevista do Haddad(Insper) na Veja uns dias atrás tem coisas boas
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