segunda-feira, 10 de março de 2014

Complementando o post do CESG


O equity premium puzzle já não é mais tão puzzling assim. Além das soluções que o CESG mencionou, há outras 3 ainda mais bem aceitas: hábito nas preferências (Campbell e Cochrane 1999), risco de longo prazo (Bansal e Yaron 2004) e alguma forma de aversão a perdas (Barberis, Huang e Santos 2001, por exemplo). Os três fatores estocásticos de desconto que saem desses três modelos apresentam boa variância e assim, o volatility puzzle também já não é mais tão puzzling.

Mas os puzzles de finanças não morreram. Onde há dados, a grande vantagem dessa área, há puzzles! As questões mais atuais estão concentradas na cross-section dos retornos. Alguns ativos (ou conjunto de ativos) pagam retornos maiores do que outros e esses prêmios não são explicados pelos riscos que tradicionalmente conhecemos e aceitamos. Os dois exemplos mais importantes são o value premium e o momentum premium.

Value premium: se você montar uma carteira comprada em empresas com razão book value / market value alta e vendida em empresas com essa razão baixa, você ganha dinheiro. Regra simples, replicável, dinheiro gordo. Risco? Explicação behavioral? Um pouco de cada? Not clear yet.

Momentum premium: se você montar uma carteira comprada em empresas que foram bem no último ano e vendida em empresas que foram mal no último ano, você ganha dinheiro. Regra simples, replicável, dinheiro gordo. Risco? Explicação behavioral? Um pouco de cada? Not clear yet.

(para ver um texto legal sobre isso clique aqui).

Esses dois prêmios, além de alguns outros, são robustos (tempo, países). Valem para o Brasil ou somos uma suculenta jabuticaba? Valem para cá também! Daqui a pouco, very soon, o NEFin (Núcleo de Economia Financeira da FEA-USP) vai começar a divulgar dados sobre o mercado brasileiro que mostram isso, entre otras cositas mas. Aguardem...

8 comentários:

  1. "book value / market value". Não seria o contrário? Pois é mais comum falarmos em price/book.
    Seria comprar o que o mercado vê como desvalorizado. Não seria um trade parcialmente contrário ao momentum logo abaixo indicado?

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  2. A estratégia é comprar empresas com book value / mkt value alto ou, equivalentemente, mkt / book baixo. É bem ortogonal ao momentum: a correlação entre o retorno da carteira value com o retorno da carteira momentum é quase zero.

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  3. Bruno, vocês estão ganhando (muito/algum) dinheiro com isso?

    Se vocês tiverem ganhando dinheiro fácil com essas regras, e elas não requerem nenhuma informação além das informações contábeis e de mercado publicamente divulgadas, guardem esses dados aí por um tempo, não divulguem ao público agora não (mas manda para o meu e-mail).

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  4. Caramba. Bruno fez ANPEC comigo. Lembro que era uma pessoa boa. Parabéns! Uma pergunta: nos últimos tempos, por aqui e intuitivamente, momento está batendo a estratégia de P/VPA baixo. Dizem que tal fato se relaciona à qualidade/defensividade. AMBV vs incorporadoras, CIEL vs Eletrobrás/Eletropaulo, etc. Não existe métrica além do P/B que possa filtrar pelas armadilhas de valor? Ou tais armadilhas também tenderão a bater o mercado, na média?

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  5. Gostei do "lembro que era uma pessoa boa"! Valeu. Pelo seu simpático comentário, você deve ser uma "pessoa boa" também!

    Te respondendo: no Brasil é preciso controlar para algumas armadilhas quando investir em P/B, sim. A principal delas é tomar cuidado com a ponderação por valor das carteiras. Aqui, como temos menos empresas (ao redor de 150 passam um filtro de qualidade mínima de trade), as carteiras acabam ficando com menos empresas. Se, por exemplo, dividirmos em quintis, cada um fica com 30. Na carteira de empresas value (high book to market), temos algumas gigantes nacionais. Então, se a carteira for montada com ponderação por valor nua e cruamente, não fica muito legal.

    Além disso, há uns double-sorts que ajudam também. Essas informações vão estar disponíveis no Nefin logO logo (http://www.fea.usp.br/nefin/).

    abs!

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  6. Lembro sim. Você foi aprovado no ano do filho da Lilian Bate Bife! Infelizmente, por falta de neurônios, não prossegui o mestrado...

    Vou esperar seus trabalhos. O que escreveu, acho que é um tratamento para distinguir excesso de retorno entre small e large caps, para finalmente obter tais resultados (os puzzles).

    Para mim, é estranho mesmo. Parece que o mercado me proporciona maiores retornos, simplesmente por eu estar ativo naqueles que apresentam retornos passados mais pronunciados. Como se todas as variáveis como cobertura de analistas, liquidez, retorno sobre P/L, tamanho e qualidade do passivo das empresas, etc...não influenciassem. Meio frustrante para quem chuta DCF, gosta de saber o leasing spread de uma operadora de shopping ou desconfia que a safra de soja vai influenciar o retorno da ALLL.

    Valeu!

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