terça-feira, 6 de maio de 2014

Estudantes de economia do mundo, uni-vos!


O The Guardian publicou uma matéria esse fim de semana sobre uma associação de estudantes de economia pedindo por mais pluralidade/interdisciplinaridade (todo mundo sabe que "pluralidade" é codinome pra marxist bollocks). Trechos do artigo:
Economics students from 19 countries have joined forces to call for an overhaul of the way their subject is taught, saying the dominance of narrow free-market theories at top universities harms the world's ability to confront challenges such as financial stability and climate change.
In the first global protest against mainstream economic teaching, the International Student Initiative for Pluralist Economics (ISIPE) argues in a letter to the Guardian that economics courses are failing wider society when they ignore evidence from other disciplines.
The students, who have formed 41 protest groups in universities from Britain and the US to Brazil and Russia, say research and teaching in economics departments is too narrowly focused and more effort should be made to broaden the curriculum. They want courses to include analysis of the financial crash that so many economists failed to see coming, and say the discipline has become divorced from the real world
The student manifesto calls on university economics departments to hire lecturers with a broader outlook and introduce a wider selection of texts. It also asks that lecturers endorse collaborations between social sciences and humanities departments or "establish special departments that could oversee interdisciplinary programmes blending economics and other fields".
Já virou folclórico essses manifestos (veja este último aqui): adolescentes que, depois de lerem "Introdução à Farmacologia dos anos 60", se convencem que a homeopatia é o melhor método para tratar todo tipo de enfermidade médica...yawn man...just yawn.


41 comentários:

  1. Álgebra linear no currículo ninguém quer.

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    1. como eu adoro esse blog e a seção de comentários.... toda essa acidez me alegra

      não estou sendo ironico, mas acidez contra canalhice (como desses estudantes) é uma bela arma

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    2. Será que querem interdisciplinaridade com o pessoal das "hard sciences" ou com o pessoal das humanidades?

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    3. Alexandre Mendonça6 de maio de 2014 às 12:27

      Eu sou a favor da pluralidade também: que pelo menos mencionem Hayek quando falarem de Keynes na matéria de Introdução aos Clássicos na FEA

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    4. Alexandre Mendonça6 de maio de 2014 às 12:29

      https://www.youtube.com/watch?v=d0nERTFo-Sk

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  2. Acho que além de marxist bollocks, os alunos do manifesto do Guardian pediam um curso mais voltado para a realidade. Fico imaginando como isso se encaixaria no curso que fiz na FEA. Já ouvi na graduação vários alunos reclamando das mesmas coisas, normalmente juntas: (i) que não estudamos modelos reais; (ii) que o curso é muito difícil. Ora, acredito que não se possa ter um modelo real que não seja mais complicado que os modelos de graduação...

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    1. Quis dizer um que se aproxime mais...

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    2. Ok mas esse julgamento de proximidade é feito pelos dados (e esses testes nem precisam ser - e em geral não são - ensinados na mesma disciplina que ensina os modelos...talvez nem mesmo no mesmo curso (grad)!), e não por aprendizes que acabaram de ler a metade do baby Varian.

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  3. Recado que nenhum chicago boy quer ouvir
    https://www.youtube.com/watch?v=FebPPRNtBAU

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    1. MC Tavares é completamente sem noção. Não fala nada com nada. É extremamente mal educada também.

      Olha a frase da criatura no vídeo:

      "Modelo matemático não serve pra nada. É uma piada".

      Essa aí, como Belluzo e 99.9% dos heterodoxos que ainda vagueiam por aí, parou de acompanhar o que é feito na disciplina nos anos 70. Só idiotas dão ouvidos ao que ela fala, sobretudo agora..

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    2. Ela que vá debater com Chicago e Harvard, ao invés de ficar bostejando pra jornal.

      Essa turma fica apenas bostejando na mídia ao invés de se inserir no debate acadêmico, eles não são melhores que homeopatia.

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  4. "Penso ser semelhante a um aluno de medicina que não quer estudar um cadáver para aprender a operar" Gilberto Tadeu Lima quando questionado sobre modelos mais reais.

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    1. E você acha que os economistas (não todos, mas como uma comunidade) nos, sei lá, 200 melhores departamentos de economia do mundo, ao longo dos últimos 50 anos, estam fazendo o quê? Tornando os modelos menos reais?

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    2. Só acho que eles estudam bastante antes de tentar torna-los mais reais.
      Pelo que entendi o manifesto é feito por alunos de graduação ou undergrated... esse é o ponto do professor citado.

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    3. Entendeu errado, Guilherme. O manifesto envolve alunos de graduação, pós, acadêmicos, professores, blogueiros, associações acadêmicas e quem mais se interessar: Acesse e se informe primeiro: http://www.isipe.net/supportus/

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    4. Entendi errado mesmo, obrigado.

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  5. é, eu sinto falta de álgebra linear agora, mas isso ninguém defende. Quanto a modelos mais realistas, eu já ouvi algumas respostas:
    - No colegial, quando o professor de Física mandou o tradicional "desconsidere a resistência do ar", os alunos fizeram questão de atacar essa hipótese como irrealista, ao que o professor respondeu "Vocês estão certos; mas apenas com matemática de colegial vocês não conseguem incorporá-la e, mais importante, para velocidades baixas e corpos densos como nesse exercício, ela é pouco relevante. Daria muito mais trabalho e a diferença seria ínfima."
    - E já de um professor de Economia: "Todos os modelos estão errados. Mas nem por isso deixam de trazer conclusões úteis e verdadeiras."
    - E, claro, de um conto de Jorge Luis Borges, que conta a história de um reino em que a cartografia era tão perfeita que cartógrafos reproduziram o mundo identicamente em escala 1:1, apenas para descobrir que tal mapa era pouco prático e, finalmente, inútil. Afinal, dependendo do objetivo com que se cria o mapa, alguns detalhes deixam de ser relevantes. Isto dito, é boa prática fazer pequenas mudanças no modelo para verificar se as conclusões se mantém.

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  6. Que horrível esses comentários. Esperava mais de alguém da USP...
    E pelo jeito você nem chegou a ler o manifesto inteiro antes de postar essas coisas com essa "acidez" toda não é? Leia primeiro e entenda o movimento, Sérgio. Essa é uma iniciativa de professores, alunos e acadêmicos das principais universidades do mundo pedindo pluralidade (o que não significa acabar com a parte quantitativa muito menos ficar só na história econômica, leia o manifesto inteiro não só a parte divulgada no "The Guardian"). Os alunos que fazem parte desse movimento (eu inclusive fui um dos que compareceu ano passado à LSE para iniciar as atividades do Rethinking Economics) usam modelos quantitativos também, apenas pede-se que os alunos tenham a oportunidade de conhecer outras abordagens teóricas.

    O ensino de economia já passou por outras mudanças no passado e claro, também houve quem ridicularizasse esses movimentos. Felizmente, há espaço para renovação em qualquer campo científico.

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    1. Explica aí, Lourenço, a ideia é aumentar o número de créditos/disciplinas, substituir algumas matérias, alterar o método de ensino - menos assertivo mais questionador, ou o que quer que seja? Isso cabe na graduação, ou seria mais pertinente na pós?

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    2. Mudanças podem mesmo ser úteis. O uso de exemplos do dia a dia, algo que os professores que escrevem no blog fazem muito, alguns inclusive já publicaram livros que mostram a importância da economia nos assuntos cotidianos, é algo que eu não vi na minha graduação 20 anos atrás e que certamente renderia aulas mais interessantes.

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    3. Vinicius, na verdade existem várias propostas surgindo a partir de diferentes centros. A ideia inicial é oferecer mais disciplinas especialmente na graduação (o que, em certos centros, certamente significaria substituir algumas matérias) mas também na pós, de forma que o próprio aluno possa de certa forma moldar o seu ensino de acordo com aquilo que acha mais interessante e relevante, o que é diferente do ensino atual que obriga todos a seguirem mais ou menos a mesma grade ortodoxa (com exceção de alguns centros). São ideias gerais que devem ser incorporadas e debatidas dentro do contexto de cada centro.
      Como já falei, existem muitos acadêmicos e estudantes que preferem usar modelos quantitativos e eles são indispensáveis. Entretanto esses modelos, por si só, não têm sido capazes de explicar alguns dos principais fenômenos econômicos.
      O que esse movimento quer não é propor uma "guerra à ortodoxia", mas sim unir esforços para melhorar o curso, dada as aparentes falhas do modelo atual de ensino.
      Resumindo, ainda não há uma proposta única de mudança, a carta foi apresentada essa semana com o objetivo de reunir estudantes, acadêmicos e demais interessados para debater falhas (algo que já estava sendo feito em algumas universidades) e propor melhorias em âmbito global. O momento é de debate e sugestões são bem vindas. E claro, críticas também são muito bem vindas, mas sempre prezando pelo respeito e seriedade.

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    4. "Essa é uma iniciativa de professores, alunos e acadêmicos das principais universidades do mundo"

      Nao, nao e' verdade. O movimento e' composto por professores heterodoxos de diversos centros de qualidade duvidosa. Nos EUA, quem apoia sao Amherst, New school, tennessee, de fato, grandissimos nomes no ensino de economia. Na Europa que ainda tem professor heterodoxo em depto decente; tem apoio dos aposentados esclerosado de LSE e UCL, que sao centros decentes. O resto e' show de horrores: E' universidade francesa de terceira e centros de pesquisa completamente insignificantes.

      E' tipo quando vc ve professores da unesp, ufba, ufes e unicamp reclamando de algo. Nao precisa nem saber do que se trata, ja' sei que eles tao errados.

      O movimento que ocorre nas melhores universidades do mundo (as verdadeiras) eh exatamente o oposto do que esses picaretas querem. E' mais matematica, mais estatistica e mais economia avancada na graduacao. Esse e' o movimento correto.



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    5. O manifesto é uma grande bobagem feita por gente fraca. Fraca porque não entendem que pluralidade em um campo do conhecimento deve ser sistêmica e não necessariamente dentro de cada departamento nem mesmo dentro de cada disciplina. Nenhum departamento de humanidades do mundo está proibido de montar cursos de economia alternativa.

      Como o panfleto fala, vocês já estão promovendo as mudanças que desejam ("we have filled lecture theatres in weekly lectures by invited speakers on topics not in the curriculum; we have organised reading groups, workshops, conferences; we have analysed current syllabuses and drafted alternative programs; we have started teaching ourselves and others the new courses we would like to be taught. We have founded university groups and built networks both nationally and internationally). Qual o problema então? Por acaso isso é algum tipo de religião que todo mundo tem que se converter sob pena de queimar no fogo do inferno?

      Se vocês heterodoxozinhos entendessem ao menos o princípio de que o tempo é escasso e escolhas conflituosas precisam ser feitas, não saíriam falando essas bobagens. Gostemos ou não, não dá pra enfiar a pluralidade de uma disciplina de 200 anos em um curso de 4 anos! E você não quer que se troque Micro 2 por Economia Feminista/Pós-Keynesiana/Ricardiana/Sraffiana/Marxista, ou econometria III por Pesquisa Etnográfica, quer?

      -Economist Y

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    6. Lamentável a falta de respeito, mas a julgar pela forma com que a notícia foi tratada, surpresa seria levantar um debate sério por aqui. Lembrem-se que qualquer forma de fundamentalismo - seja religioso, político ou acadêmico - só empobrece a sociedade.
      Mas de qualquer forma, é sempre divertido ouvir esses "especialistas" falarem suas verdades absolutas. Aposentado esclerosado da LSE foi ótima.
      Até mais, pessoal.

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    7. Esse e' o ponto, Y. Hoje se ensina em economia um monte de coisa que a 10, 20, 30 anos nao eram ensinadas e estavam a margem da ortodoxia (heterodoxas), como behavioral ou political economy. Mas quem trabalhava nessas areas nunca teve que fazer movimentozinho, chorar pro jornalista e reclamar da perseguicao da elite. Eles tinham algo de decente pra ser ouvido e viraram mainstream.

      Dica pra essa turma agora: Pedir cursos de astrologia nas grades de astronomia. Mais cursos de homeopatia em medicina e coisas do genero.

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    8. Debate e' assim, Lourenco. Se quiser falar essas besteiras e ouvir elogios, fale nos debates onde todo mundo pensa igual a voce. Esses debates sao otimos.

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    9. Manda seu nome no REPEC, quero ver o quão qualificado você é para debater os rumos da economia.

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    10. Krugman era "heterodoxo" em 1978 com suas idéias sobre comércio.
      Era Krugman vossa Majestade com suas idéias amplamente aceitas 8 anos depois.

      Essa é a diferença

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    11. "Lamentável a falta de respeito, mas a julgar pela forma com que a notícia foi tratada, surpresa seria levantar um debate sério por aqui."

      Ninguém desrespeitou ninguém aqui. Mas essa é uma já velha e conhecida estratégia da esquerda pra fugir de um verdadeiro debate. Se suas ideias são boas, defende-as aqui e pare de frescurite. Se não aguentar ser criticado, é só não postar aqui (tente a página do Luciano Huck no FB) que suas ideias sobre mais pluralidade nos cursos permanecerão sólidas e intactas na sua cabeça.

      E como disse um comentarista acima: a ciência se revolucionou e reformou por dentro, da fronteira para dentro. E não com movimentos de meia dúzia de no-names soltando cartinha de reclamação em jornal e fazendo website pra chorar que algum economista morto não está sendo propriamente estudado.

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  7. "Como já falei, existem muitos acadêmicos e estudantes que preferem usar modelos quantitativos e eles são indispensáveis. Entretanto esses modelos, por si só, não têm sido capazes de explicar alguns dos principais fenômenos econômicos."

    Por isso mesmo que precisa estudar mais, e não menos, modelo quantitativo! Pra fazer melhores modelos. Mas os gênios do movimento reformista acham que temos, ao invés, que começar a estudar etnografia, economia feminista e mais HPE (história do pensamento dos economistas mortos), porque como eles mesmo dizem na carta aberta "theories cannot be fully understood independently of the historical context in which they were formulated".

    Esse pessoal deve ter areia na cabeça, só pode!

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  8. O cara que postou isso deve ter lido muito Schopenhauer, porque o conteúdo só generaliza (e cria um espantalho para) o verdadeiro argumento dos estudantes. É triste quando ver ortodoxos fugindo da lógica formal, mesmo em blogs. Lamentável.

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    1. Já vc nunca deve ter lido nada de Schopenhauer...

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    2. Puta perda de tempo ler Schopenhauer. Chato pra cacete.

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  9. Eu até concordo com essa ideia de uma economia mais pluralista mais o que realmente esse povo quer é por os alunos para ler marx e virar militante. Eu estudo na UFMG e vejo os alunos já no segundo, terceiro período querendo questionar grandes trabalhos de economia de forma totalmente ridícula e sem conhecimento nenhum, professores fazendo os alunos acreditarem que todo mainstream é completamente errado sem apresentar nada de concreto para provar isso ganhado o estudante no grito. Sempre com o discurso de que os alunos devem estudar mais economia política. Então eu prefiro o mainstream do que ficar procurando entender com a obra de Furtado se encaixa dentro da obra de marx.

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  10. Esse manisfesto pra mim é contra a pluralidade e não a favor. Forçar que todos os centros seguir um mesmo caminho. Pluralidade se dá dentro de uma sociedade e não dentro de um departamento, a USP é claramente forte na área ortodoxa e com um forte viés na área quantitativa, isso é errado? Não. falando das ciências naturais o que se percebe, por exemplo, que certos centros universitários são especializados em certos estudos, um único departamento não da conta de toda da Física, então porque um curso de economia tem que contemplar toda a teoria econômica? Não, cada um se especializa na sua área. Eu concordo com o comentário acima, a maioria da graduação de economia no Brasil é uma doutrinação marxista, estudo na UFRN e é lamentável, é um curso único no Brasil e o pior é que defende a pluralidade mas é péssimo em ser plural, conceito 2 no Enade. E por quê? Porque nem os alunos entendem qual o objetivo do curso, como um amigo meu fala: tudo aqui é critica, economia eu não sei mas criticar vou sair especialista. Passamos toda uma graduação escutando de neoliberalismo, que é ruim, que não presta e blá blá blá mas mostrar pesquisa do que defende nada. No meu curso são duas matérias de micro ortodoxa(dado por um heterodoxo que você já estuda com ele criticando) e o resto é Possas, Possas II,III e IV. Anpec? Se vira pra estudar em casa. Concurso? Se vira, é quase um curso a distância. Vai pedir econometria, ninguém nem escuta.

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  11. Eu acho que o negócio é o seguinte: a corrente principal da disciplina ensina, na graduação, a versão Walt Disney de um negócio que só é apresentado em sua versão operacional na pós-graduação, até porque, na graduação, é necessário aprender a língua em que o negócio está escrito (na versão para adultos), que é a Matemática, e as ferramentas estatísticas de avaliação da veracidade das proposições. Por uma questão de honestidade intelectual, quaisquer críticas ao mainstream deveriam ser feitas sobre a versão para adultos, não sobre a versão Walt Disney. E para LER a teoria e poder fazer as críticas, é preciso saber Matemática (e Estatística), porque senão não dá pra levar a crítica a sério (imagine um sujeito que fez uma tese sobre um filósofo alemão que não foi traduzido para nenhuma língua, mas não sabe alemão...). Então, um currículo de graduação deveria focar em teoria mainstream, matemática e estatística (um pouco de história eu também acho indispensável, para o aluno ter uma primeira visão dos fatos mais importantes, e filosofia da ciência, pra saber o que é conhecimento confiável e como você chega a ele). Dando isso bem dado, o resto é luxo.

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  12. O Google Maps eh uma simplificacao da realidade. Preve 10 minutos em um trecho, mas nao leva em consideracao que tem estrada de barro no meio do caminho, estradas bloqueadas, etc... Ninguem reclama disso.

    Qual o problema dos modelos simplificadores, entao? Os vagabundos dos estudantes que nao querem sentar pra estudar. Esse eh o problema dos modelos simplificadores...

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