A BBC Brasil tem uma interessante reportagem sobre a decepção das empresas com a qualidade da mão-de-obra brasileira (link aqui). Vale a pena resumir o que, segundo especialistas mencionados na reportagem, seriam as principais causas para tal decepção (coloco trechos logo abaixo). São três:
1. Baixa qualidade dos cursos universitários.
"São mais uma extensão do ensino fundamental", diz Tristan McCowan, professor de educação e desenvolvimento da Universidade de Londres. "E o problema é que trazem muito pouco para a sociedade: não aumentam a capacidade de inovação da economia, não impulsionam sua produtividade e acabam ajudando a perpetuar uma situação de desigualdade, já que continua a ser vedado à população de baixa renda o acesso a cursos de maior prestígio e qualidade."
2. Problemas de atitude/adaptação ao "mundo do trabalho".
"Muitos jovens têm vivência acadêmica, mas não conseguem se posicionar em uma empresa, respeitar diferenças, lidar com hierarquia ou com uma figura de autoridade", diz Marcus Soares, professor do Insper especialista em gestão de pessoas.
3. Desalinhamento entre oferta e demanda.
"O Brasil precisa de mais engenheiros, matemáticos, químicos ou especialistas em bioquímica, por exemplo, e os esforços para ampliar o número de especialistas nessas áreas ainda são insuficientes", diz o diretor-executivo da Câmara Americana de Comércio (Amcham), Gabriel Rico.
Esse blog era melhor quando o Fabio, o Antoninho e o X serviam para alguma coisa
ResponderExcluirFala pra gente exatamente o porquê. Feedback é sempre bem vindo.
ExcluirNão poderia discordar mais...
ExcluirTá parecendo página do Uol...
ExcluirTambém acho que tá parecendo página do UOL
ExcluirPrefiro teoria econômica e discussões sobre teoria .... pluzzes e etc...
Não me leve a mal sergio almeida, gosto de alguns dos seus posts mas este não está entre eles .... Quando você fala aspectos teóricos que fazem pensar e microeconomias não-convencionais é muito legal
Marcelo, obrigado pelo comentário. Vou aproveitar a oportunidade pra explicar umas coisas pra você e outros entenderem melhor como funciona um blog como o nosso.
ExcluirPrimeiro, todos gostamos de posts profundos sobre teoria econômica e aplicações não-convencionais dela. Mas produzir esse tipo de post consome tempo. Como ninguém é recompensado por isso e tem uma série de outras responsabilidades profissionais que são prioritárias, eu receio que esse tipo de post ideal vai aparecer aqui com uma frequência menor do que a desejável. E uma que depende inteiramente da motivação intrínseca de cada um -- coisa misteriosa, pessoal e volátil sobre a qual se tem pouco controle.
Segundo, blog precisa de audiência. E eu falo de"big numbers" porque se for pra postar pra 18 pessoas, eu pessoalmente faria uma mail list ao invés de um blog (é por essa razão que queremos publicar na AER e não na revista da UFPR). E não se sustenta esse tipo de audiência sem posts regulares - isso é amplamente sabido e temos números sobre isso. É claro que conteúdo de qualidade vai sempre ganhar de quantidade na hora de determinar a audiência de longo prazo do blog. Mas não vai haver longo prazo se não há frequência na postagem. E com posts frequentes, uns serão inevitavelmente melhores do que outros. A função desses posts mais superficiais é trazer tópicos na mídia de interesse para nossa audiência e "get the debate going" na seção de comentários. Você e os demias são livres para ignorá-los. Vamos depois criar IDs visuais nesse tipo de posts pra facilitar essa tarefa pra quem assim quiser.
Terceiro, eu gosto do site da The Economist, gosto de vários amigos, amo meus pais e adoro um certo restaurante. Mas nem o site, nem meus amigos, nem meus pais, nem esse restaurante me agradam 100% do tempo - assim como eu não os agrado todo o tempo. E no entanto a gente "get along" muito bem. Faz parte da vida. Tudo isso pra dizer o seguinte: os posts do blog tem uma audiência ampla e variada. Nunca vão agradar a todos. Do lado "de cá" a gente sabe viver com isso. Eu espero que do lado "de lá" também.
Sergio, você virou inglês mesmo. rs Fosse eu tinha mandado esse cara...
ExcluirComentário do Marcelo foi duro, mas dentro das regras do jogo. Não quis ofender por ofender. Tá na regra. Sergio, como sempre, um gentleman
ExcluirEi Sergio, isso não pode ser explicado por políticas publicas pró-educação ?
ExcluirVocê reduz os custos na margem via politicas públicas em ser um graduado, isso cria uma diferença entre a produtividade marginal entre capital humano e capital físico, i.e. decepção com universitários
É uma chicago school explanation, mas eu gosto disso .....
Eu ainda estou pensando em fatores que levam a impossibilidade de arbitragem entre o mercado de diplomas e os demais mercados de fatores
Acho que se a questão da sinalização explicasse tudo ela deveria aparecer em outros mercados de fatores .... por exemplo, excesso de propaganda e selos de qualidade para o mercado de tratores.
Uma coisa importante que me parece estar acontecendo é que, se antes era condição suficiente fazer um curso superior pra ter determinado padrão de vida, hoje está se tornando apenas necessária.
ResponderExcluirO lado ruim disso socialmente é que busca-se o diploma apenas pelo efeito sinalização sem ter necessariamente uma melhora na produtividade. Já ouvi vários casos de mercados que estão tão saturados que os formados acabam sendo empregados em vagas em que o diploma é totalmente irrelevante.
Isso associado a uma cultura que considera o trabalho menos qualificado degradante parece estar levando a uma "corrida de diplomas" - a classe média investindo mais recursos para se manter na mesma posição relativa.
O Akerloff tem um paper que explica essa "corrida de diplomas": http://www.unc.edu/~shanda/courses/plcy289/Akerlof_Rat_Race.pdf
ExcluirDesculpa, mas esse diretor da Amcham está totalmente equivocado em pelo menos um ponto: há a necessidade de mais químicos. Conheço inúmeras pessoas formadas em um dos melhores cursos de química (na cidade do Mauro e na cidade vizinha do Mauro). É unanimidade, não há espaço no mercado de trabalho para químicos. Quando vc faz química, quase faz um voto de pobreza com raríssimas exceções. Grandes empresas (no chão de fábrica) contratam um químico e diversos técnicos em química. Empresas que têm o esforço em pesquisar necessitam de químicos, mas não são tantas. Há um grande volume de químicos com baixos salários e trabalhando fora da profissão por falta de oportunidades de trabalho. É claro que há exceções. Mas o retrato que fiz não indica que há falta de oferta de químicos. Se for conversar com um químico, com certeza não concordará que falta químicos no mercado de trabalho.
ResponderExcluirAbs.,
Diogo.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluir