domingo, 13 de outubro de 2013

O puzzle dos seguros de carro

Meu primeiro post nessa terra de ninguém. Espero que esse tal de X não venha me bullshitar. Pelo o que tenho lido por aqui, é só isso que ele faz. Já aviso que comigo o contra golpe será seco, direto, letal.

Aviso feito, vamos lá. Em Economia chamamos de "puzzle" aquele fato empírico bem documentado que não consegue ser explicado pelos nossos modelos canônicos. A partir deles a teoria econômica vai evoluindo, quase sempre a duras penas.

Para mim, o mercado de seguros de carros no Brasil (e acho que em outros lugares também) apresenta um puzzle dos gordos. De acordo com o modelo canônico de escolha sob incerteza, sabemos que sempre que houver um prêmio de risco positivo, não importa quão risco avesso for o agente e quão grande for o risco, esse agente irá querer "comprar" alguma quantidade positiva desse risco. Por exemplo, se um ativo arriscado tiver retorno esperado maior que o retorno do ativo livre de risco, a carteira ótima de qualquer pessoa terá uma quantidade positiva de ativo arriscado.

Pois bem. Não há o que discutir que o que a seguradora me cobra pelo seguro do meu carro é mais do que o valor esperado da minha perda sem seguro. Em economês, seguros não são "atuarialmente justos". É daí que as seguradoras tiram seus lucros, baseadas na lei dos grandes números.

Assim, com seguros atuarialmente injustos (prêmio de risco portanto positivo), a escolha ótima de qualquer pessoa seria segurar apenas parte do valor do veículo. Nunca o valor completo. Eu, por exemplo, já pensei bastante sobre o assunto e  faria seguro apenas sobre a metade do valor do meu carro.

Acontece que nenhuma seguradora oferece essa opção. É tudo ou nada. OK, há algumas opções sobre seguro contra terceiros, valor de franquia, etc, mas nada que chegue nem perto da opção de seguro parcial, com um parâmetro livre a ser escolhido. Onde está o puzzle? Poxa, no fato de que se alguma seguradora passar a oferecer tal opção, ela ganhará simplesmente todo, isso mesmo, todo o mercado. E, apesar disso, ninguém oferece. Puzzle dos gordos, uma vez que tem muito dinheiro na mesa.

E aí, quem me ajuda a entender esse treco? Já pensei em algumas coisas que acomodariam o puzzle. Por exemplo, pode haver conluio no mercado de seguradoras. Será? Quero ver o X falar algo inteligente sobre isso.

27 comentários:

  1. Isso é permitido ou a empresa sofreria punição dos órgãos regulatórios ?

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  2. Se a empresa de seguros tiver altos custos de transação e altos custos informacionais, então a redução de custos na margem em segurar uma porcentagem menor do automóvel é muito pequena, então todos ficam com a solução de seguro completo.

    As empresas não seguram menos que o valor do veiculo pois a redução do custo não é vantajosa ao cliente.

    As empresas não seguram mais que o valor do veículo por problemas de risco moral


    chutaria isso

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    1. VÁ PRO INFERNO !!
      Um amiguinho seu quer por 1 milhão de guardas na rua atrás de speedracers; o outro poe um gráfico deslocando a oferta de drogas para o lado errado, depois diz que não colocou e diz que foi culpa de uns gringos e eu sou o bullshiter? GO TO HELL
      Possivel explicacao: pense num mundo de n-commodities, mas que por alguma incompletude de mercado, não há mercado de seguro para todas. mas há para algumas. no mundo com seguro para todas as coisas, voce está certo, e teríamos um puzzle. No mundo de mercados de seguro imperfeito, segurar o carro completamente pode ser melhor dado que voce nao pode segurar outras coisas. aí o second-best voce segura o carro mais do que voce gostaria mas é porque alguns outros preços sombras teus estão binding.

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    2. Você respondeu ao meu comentário ao invés de falar diretamente com o Giovanetti haushaushuas

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    3. Marcelo, pelo o que eu entendi, sua explicação passa por custos fixos altos. Segurar 100 tem quase o mesmo custo do que segurar 50. Acho isso pouco provável. Esse me parece ser um mercado de custo variável.

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    4. X, ó X, esperava mais de você (pra ser sincero, te tenho em alta conta). Essa sua explicação me parece um tanto quanto de segunda ordem, se é que há.

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    5. Desde que o X for para o exterior, começou a escrever em português. Essa cara não bate bem da cabeça mesmo.

      E, possível explicação? Achei que vc fosse o maior economista brasileiro do século 21. Deveria ter A explicação.

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    6. Professor Mauro, os seus posts são muito didáticos, como uma aula sua. Contudo, é chato pra baralho! Não transforme o blog em uma "sob a lupa..." Continue, mas com moderação.

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    7. Tá bêbado, cara? Não fui eu q escrevi esse post.

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    8. kkk...o prof. Mauro parece que tá pagando pelos pecados alheios. Q injusto

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    9. O engraçado é que voce que é de finanças não tem nenhuma explicação. A minha explicação está correta; pode não ser empiricamente relevante, mas está correta.
      Há um complô aqui contra o X, isso está claro, voces se organizaram para me atacar, possivelmente por inveja.
      GO TO HELL

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    10. X, ó X, se eu tivesse alguma explicação teórica para isso, o título do meu post não seria "puzzle". Gostei da sua história, faz sentido. Mas acho que não é isso que explica o fato empírico. Ainda mais pq sob o seu modelo, todos os seguros disponíveis deveriam ser over-demanded. São?

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    11. Ei Economistas, e se .....

      A empresa não segura mais de 100% do valor do veículo pois isso criaria problemas de moral hazard, o segurado teria um enorme descuido com o carro e coisas do tipo .... além de fraudes ....

      Então 100% é o limite.

      O cliente tem uma utilidade negativa associada a ser assaltado ou bater o carro, não apenas pela perda material mas por questões psicológicas .... enfim uma simples desutilidade além da perda material.

      O Cliente vai SEMPRE comprar 100% do seguro pois mesmo que seja um amante do risco a desutilidade não-material em ser assaltado ou bater o carro é grande .... então ele raramente está satisfeito com seguro de 100% do carro, gostaria de segurar mais porém ninguém oferecerá isso.

      Podem haver pessoas que se importem pouco em bater o carro ou serem assaltadas e sejam amantes do risco de tal modo que gostariam de segurar menos de 100%, mas o pequeno mercado talvez não justificasse essa opção de seguro


      Só uma sugestão claro.

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    12. Oi Marcelo, só para relembrar: mesmo uma pessoa muito avessa ao risco vai querer segurar menos de 100% do valor do carro (sob utilidade esperada e dado que o seguro não é atuarialmente justo).

      Mas de qq modo, a história que vc contou tem a ver com a do X: não tem seguro para mau humor; então eu seguro mais o meu carro.

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  3. É proibido por lei segurar parte do bem. O segurado entraria na justiça dizendo q não entendeu q estava segurando só parte do bem. E s justiça ia dizer q o segurado é a parte mais fraca, dando-lhe ganho de causa.

    A resposta vale p o Brasil.

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    1. Qual a lei que proibe?

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    2. Estou chutando. Suponho q seja alguma regulamentação da susep. Não seria uma suroresa.

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    3. Se é proibido por lei, deve ser por causa de lobby, o que tem a ver com a minha saída de conluio. Mas essa coisa de afirmar um negócio e depois falar que está chutando é golpe baixo.

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    4. Verdade. Mas a chance do chute ser certeiro é maior do q 1 menos a chance do Ceni de errar 4x seguidas. Kkkk. Foi mal.

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  4. Se for uma restrição legal, aí não tem jeito. O indivíduo só pode escolher entre segurar 0 ou 100% do carro. Mas ainda assim tem uma forma de avaliar o puzzle.

    Poderíamos olhar para empresas com frotas de veículos. Como elas têm diversos carros, podem usar a margem extensiva para comprar risco. Nesse caso, deveriam ter uma fração de seus carros sem seguro. Se essa fração for zero (o que eu acho que vai ser) ainda teremos um puzzle.

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    1. Ter 2 carros e segurar 50% de cada um é diferente de ter 2 e segurar apenas um deles. A não ser que a seguradora arranje um jeito de aleatorizar qual carro tem o seguro e que ela consiga esconder essa informação do contratante, o Jorginho provavelmente não irá utilizar seu Gol 2007 vermelho sem seguro quando for comprar narcóticos no Capão Redondo, tendo um Gol 2007 preto segurado parado na garagem.

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    2. Bom, se vc sabe disso, a seguradora também sabe. Tal aspecto deve então estar refletido no preço do seguro.

      De qq forma, isso deveria trazer a proporção de carros segurados mais próxima de zero. Mas não deveria torná-la exatamente igual a zero. O que é estranho é essa solução de canto.

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  5. Na vida real dos seguros brasileiros, em geral é possível segurar de 90% a 110% do valor dos veículos. O pressuposto do artigo, que o portfolio ótimo demanda qualquer ativo com prêmio de risco não está levando em conta que a quantidade demandada pode ser infinitesimal, e o ponto ótimo pode estar, por exemplo, em fazer o seguro com 99,9% do valor do veículo.

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  6. A franquia resolve o problema, o valor dela define o quanto do carro está segurado, não? E quanto maior a franquia, menor a mensalidade, certo?

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