segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Custo de vida

Na última semana, The Economist trouxe uma reportagem especial sobre o Brasil. Entre os temas está o elevado custo de vida no país (veja matéria aqui).

Minha impressão é que o fenômeno é recente, e pode estar ligado à subida nos preços das commodities. O clássico efeito Balassa-Samuelson ajuda a entender isso.

A ideia do Balassa-Samuelson é a seguinte: há dois setores -- tradeable e non-tradeable. O primeiro tem seu preço determinado pelo mercado externo. Já no setor nontradeable, custos de transporte são elevados (caso típico de serviços), prevenindo arbitragem internacional. Isso faz com que, nesse setor, o preço seja determinado pela interação de oferta e demanda domésticas.

Se o preço internacional do tradeable sobe (como nas commodities brasileiras), esse setor terá incentivos a se expandir, pressionando a demanda por insumos escassos (como trabalho e terra). Isso eleva a remuneração desses insumos e, portanto, os custos no setor nontradeable, que são repassados para o preço final. Como parte substancial da cesta de consumo é composta por bens nontradeable, o custo de vida acaba subindo.

sábado, 28 de setembro de 2013

Star Wars in one minute

Enough of this radar BS.


Summing up the radars debate

X , you are right, but I cant understand why do you care to reply these guys...let it go man, it is not worth it...

what if we leave this blog man, and found a new one where people at least understand budget constraints and incentives? meaning it will be only the 2 of us, old pal.., u're in?

ps. here at MA, USA, my potato sales are skyrocketing !

Radares Inúteis

O Mauro acha que alterando a posição aleatoriamente dos radares, embora custoso, poderia ser eficaz, corroborando a ideia estúpida do X de que mais radares é melhor. Nem isso é verdade, e vou dar um exemplo.

Mais sobre radares

É sábado e estou com preguiça de escrever em inglês. Acho que o X está errado.

Tem uma hipótese muito forte no argumento dele: a de que é possível esconder o radar das pessoas. Meu chute é que isso dura 1 dia. É só alguém perceber (motoboys sacam muito rápido) e colocar na internet. Logo todo mundo fica sabendo que há um radar em determinada posição.

Radars are awesome, yes they are DL

This De losso guy said I dont understand incentives. This was cheap, man. He is my friends' friend, so I will try to be polite here, though I should not.

I suggest he reads "Incentives", a book from old Campbell, which I myself translated to Dannish.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Radars are awesome

I disagree with this De Losso guy (one generation my junior, boy i am getting very old). Radars are in principle a very good idea. Of course, if they cant be detected.

Otherwise they are shit, and probably increase accidents. Why are they so good?

O trânsito no Brasil: efeitos da redução de velocidade em vias rápidas e estradas

Em post anterior falei que uma das maiores mazelas do Brasil é a morte por acidente de trânsito. Uma infinidade de vidas se perdem nessa estupidez sem tamanho.

Critiquei as autoridades de trânsito por sua omissão em discutir profundamente as questões de trânsito. Em particular, critiquei a falta de dados que justifiquem suas decisões.

Why we spy on Brazil

Eu gostei da crueza:
http://www.elblogdemontaner.com/spy-brazil/

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Sobre choques de produtividade em modelos DSGE (très wonkish)

Imagine que a produtividade no nível tem um processo autoregressivo AR(1) lá.

Dê um choque na produtividade em um modelo com preços flexíveis.

O que acontece com juro?

Mais dois partidos

Solidariedade e PROS, são os dois mais novos partidos brasileiros. Agora temos 32. Talvez suba para 33 na semana que vem, com o REDE da Marina.

Temos muitos partidos? Depende.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Schwartsman na Folha

Como sempre gostei do texto, mais ainda da metáfora alimentar, mas vou discordar do Alex. Em  minha opinião:

terça-feira, 24 de setembro de 2013

A Pobreza emburrece

Sim, a pobreza reduz nossa capacidade cognitiva. Pelo menos é essa a conclusão de um estudo conduzido por economistas e psicólogos das universidades de Harvard, Princeton, Warwick e British Columbia.

Cesg and the anonymous moron and pombini

Hey, cesg, you should steel yourself man. You have always been too dovish and this partly explains why the anonymous coward feels free to atack you personally.

Que Princípio de Taylor?

Vou apanhar do Dudu e do Márcio. Estou preparado para os "rounds de porrada".

O Cochrane sempre tem razão, fato. Não é por que ele foi um de meus orientadores, é que ele é PhoDa.

A epifania do Paulo Krugman

O Paulo K, gênio acadêmico transformado em radical anti-republicano, disse que ao conhecer a historia da recessão do babysitting co-op em Washington, teve uma epifania: recessões não precisam ocorrer, são uma falha (Keynes "magneto problem") que pode ser facilmente tratada pelo governo...

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Rigidez nominal de salários na graduação e na pós-graduação (molto difficile)

Na graduação, para explicar efeitos da política monetária devido a salários nominais rigidos, conta-se uma história meio assim: uma alta dos preços não esperada, vinda do choque monetário, reduz W/P e as empresas demandam mais mão-de-obra.

Kubrick e o Dr Strangelove

O maior exemplo da historia sobre os benefícios de commitment é a do Dr. Strangelove: não me ataque pois eu não tenho como não te atacar de volta. Em equilíbrio, claro, não tem ataque.

Figuras que valem por mil palavras #2

Hoje: Intra-Household Bargaining Power

     Fonte: "Calvin and Hobbes" de Bill Watterson.

P.S. Será que o Drunkeynesian vai achar essa em seus arquivos? Duvido..

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Pisa e suicídio

Advertência: este texto é de mau gosto.

Todo mundo concorda que educação é um importante fator no desenvolvimento dos países. Um dos mais famosos testes internacionais disponíveis de desempenho em educação é o PISA organizado pela OECD. Quando se olha o ranking de países de acordo com seu desempenho no PISA sempre achei curioso que, no meio dos suspeitos usuais (Coreia do Sul, Japão, Hong Kong, Cingapura, Taiwan e Shanghai no último exame), a Finlândia aparecesse em posição de destaque.

FOMC após dormir

Duas interpretações
1)Interpretação Literal. FOMC ficou preocupado com elevação da mortgage rate e seus impactos sobre housing, e isso o fez mudar de ideia. Esse financial market tightening (este foi o único indicador que se estressou mesmo) foi tópico de vários researchs.

Velasco, sempre sharp...

http://www.project-syndicate.org/commentary/the-absence-of-structural-change-in-latin-american-economies-by-andres-velasco

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Salários de técnicos de futebol

Técnicos de futebol no Brasil ganham muito bem, pelo menos nos chamados times grandes. Chegam inclusive a rivalizar com alguns clubes médios europeus nessa dimensão. Apesar disso, observamos pouquíssimos casos de técnicos brasileiros atuando em ligas europeias, e ainda menos técnicos estrangeiros por aqui.

Aposte rápido...tapering e deságio leilão

minhas apostas: tapering = redução de 10 bi / mes

deságio BR050= 10%

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Mistérios do capitalismo brasileiro

Faz uns dois meses que estive no campus de uma das maiores universidades do Brasil. Chegou o fim do dia. Quis almoçar. O lugar que me mostraram como opção, próximo a reitoria, não era nada convidativo. Não que eu estivesse cético quanto ao sabor do que me esperava ali. Parecia comida de mãe.

Salários e juros (sehr wonkish)

Por que o salário real só cresce faz 150 anos e os juros reais estão mais ou menos parados em torno de 1,5% na média móvel de 40 anos?

Um aumento continuo da produtividade é o que explica o salário real crescente, mas esse também aumenta a rentabilidade do capital. Então por que o juro não sobe na time-series como os salários?

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

BR-262

O Mantega disse que o leilão não teve participação de ninguém por conta de questões politicas!!!

Parece piada, mas ele disse mesmo.

O empresariado pensa em lucro, Mantega, LUCRO.

domingo, 15 de setembro de 2013

Manual do acadêmico chato


Justiça: culpados, inocentes e recursos

Em razão do julgamento dos embargos infringentes no Supremo Tribunal Federal, fiquei pensando por que o legislador brasileiro permite a existência de tantos recursos no Brasil. Se os embargos forem aceitos, os mensaleiros terão direito a novo julgamento. Há argumentos bons contra e a favor dos embargos, mas não quero entrar nessa discussão.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Feitiço contra o Feiticeiro

Deve ter acontecido com todo mundo (ou pelo menos com todo mundo normal) se surpreender com uma regra desconhecida em um contrato que assinou. Uma taxa anual inesperada, um prazo de carência desconhecido, uma multa de cancelamento surpresa, algo assim. Você abre aquela fatura que veio pelo correio e nota que contratou um serviço que nem imaginava existir. E então liga para cancelar o serviço e descobre que é possível fazê-lo facilmente mediante o pagamento de uma módica quantia. E então verifica que tudo isso estava lá no contrato, nas letras miúdas que você não leu direito, logo acima de sua assinatura. Já passei por isso várias vezes, e nem por isso me considero irracional. As perdas que acumulei com este tipo de deslize são ordens de magnitude inferiores à soma das desutilidades que teria tido lendo minuciosamente todos contratos que assinei na vida. Ainda assim, toda vez que me deparo com uma “surpresa” destas dá uma enorme vontade de quebrar tudo e prometo nunca mais usar os serviços daquela empresa (promessa que invariavelmente não é cumprida).

E foi pensando nestes momentos de fúria que li com interesse uma matéria sobre o caso do Sr. Dmitri Argarkov, de Vomonezh, Russia. Ao receber uma proposta de cartão de crédito pelo correio, o Sr. Argarkov escaneou o contrato enviado pelo emissor, o Tinkoff Credit System, cuidadosamente modificou os termos em seu favor e remeteu de volta. O banco, em resposta, enviou ao Sr. Argarkov um cartão e um documento confirmando estar de acordo com os termos que constavam do contrato recebido, sem notar que ele havia sido modificado. Resultado: como não seguiu sua própria recomendação de ler as letras miúdas, comprometeu-se a oferecer crédito ilimitado, com taxa de juros zero e sem gastos adicionais.

Após usar o cartão por dois anos, o Sr. Argarkov foi processado pelo Tinkoff System, que solicitou um pagamento de 45.000,00 rublos (cerca de US$1400,00) devido à dívida mais taxas, multas e juros. Com base no contrato aprovado, a corte que julgou o caso rejeitou o pedido do banco, solicitando apenas o pagamento do saldo pendente de 19.000,00 rublos (um pouco mais que US$580). Já o Sr. Argarcov, em represália pelo não reconhecimento do contrato, agora está cobrando na justiça um valor de 24 milhões de rublos (algo como US$735K!) com base em uma regra que ele próprio adicionou ao contrato. O banco, por sua vez, está processando-o por fraude, esperando pô-lo em cana. O resultado deve sair ainda neste mês.

Há algo no ato do Sr. Argarcov que parece um manifesto contra os abusos em letras miúdas, uma resposta às nossas indignações. Enquanto uma legião de advogados se debruça por um mês sobre elas, dando conta de cada contingência imaginável, temos 5 minutos para concordar ou ficar de mãos abanando. Quando alguém perde, inevitavelmente somos nós. E seguramente há contratos que tiram uma casquinha de nossa previsível indisposição a lê-los atentamente. No entanto, ironicamente, as letras miúdas são indispensáveis. As empresas precisam delas para se proteger de riscos importantes, e ao fazê-lo são capazes de colocar no mercado produtos e preços que seriam impossíveis sem elas.

Então o que esperar do julgamento? Não entendo nada do sistema legal russo. Mas imagino que, paradoxalmente, o herói das vítimas das letras miúdas possa vencer justamente em nome delas. Imagine o que aconteceria se todos os que contestassem estar cientes de termos em contratos fossem à justiça? Azar do Tinkoff System, que não leu o contrato direito. O Sr. Argarcov, por sua vez, deu um golpe perfeito: em nome da legalidade não deve ser punido.


Aí vai um link para uma das matérias sobre o episódio:

http://www.independent.co.uk/news/world/europe/read-the-small-print-credit-card-user-sets-his-own-limit--then-sues-bank-for-closing-account-8753602.html

It is the fiscal policy, Madam!

Hey, Dilma, here your macro problems:

  1. Low investment and dismal growth because of lack of confidence
  2. A non-trivial C.Account deficit which helps putting pressure on the FX and hence on inflation
  3. True Inflation (taking administered prices out) hovering around 7,5%


There is only one cure to that combined malaise, Madam: A TIGHTER FISCAL POLICY

Figuras que valem por mil palavras #1

Hoje: A dura vida dos monopólios bilaterais.

 Fonte: "Calvin and Hobbes" de Bill Watterson (uma das tirinhas de maior sucesso no mundo).

P.S.: Por favor Andrews McMeel Publishing (detentor dos direitos autorais), não nos processe. We love ya!

Exercício de estatística

Qual a probabilidade d,e numa sequencia de 3000 Mega Senas, um numero sorteado em alguma delas aparecer de novo?

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

FOX News


Uns sujeitos do fed de dallas, uma econometria não muito convincente, mas o resultado é curioso. A polarização dos EUA é causada por media fragmentation, e não income inequality. Mais uma razão para odiar o Fox News. E como cable TV ou internet não vão desaparecer, a polarização política também não.

O argumento do Mario Mesquita e gradualismo vs. choque

Eu gostei do ponto dele hoje no Valor. Preços administrados crescem a 1% nesse ano, mas obviamente isso não é sustentável e alguma hora a bomba estoura. Se eles estivessem rodando na casa dos 4%, um valor mais "normal", o IPCA cheio estaria lá nos 7%. Bem acima do teto da meta, então.

Aí ele discute se é melhor tratamento de choque ou gradualismo na normalização desses preços, como a gasolina. Eu prefiro choque, é melhor para escancarar que a inflação real não é essa que está aí, forçando o governo a tomar vergonha na cara na area fiscal/monetária. E o choque desfaria de uma vez as distorções micro presente nos subsídios. Não vejo ganhos de retirar essas distorções apenas gradualmente, em termo micro eu quero dizer.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Rational choice na veia

Vejam a entrevista do deputado federal Izalci (PSDB-DF) ao Estadão de hoje (11/09). Izalci está empenhado em atrair deputados para o PROS (Partido Republicano da Ordem Social), nova legenda em vias de conseguir o registro definitivo no TSE.


1. Por que o sr. está ajudando o PROS e indicando deputados para irem para lá? 


Porque é hoje a única janela viável de transferência de partido que o deputado pode usar sem perder o mandato. 


2. E qual é o objetivo do partido? 

Ao partido interessa justamente ter esses federais, porque aumenta o tempo de TV e os recursos do Fundo Partidário.


3.Qual é a ideologia do PROS?

O partido nasce com uma inspiração na área social. Mas, na prática, as pessoas só querem é encontrar uma saída para ir embora (do partido atual) sem risco de perder o mandato. E não é questão ideológica nem programática. É matemática: querem se reeleger. Nenhum parlamentar me pediu para ler o estatuto. Só querem saber qual é o coeficiente eleitoral. 


A sinceridade do deputado vale mais do que qualquer paper metodológico a favor da aplicação dos princípios da rational choice à análise política.

O trânsito no Brasil: custos para obtenção da carteira de motorista

Uma das maiores mazelas no Brasil é a morte por acidente de trânsito. São mais de 40 mil por ano (dado de 2011), com especial concentração nas camadas mais jovens dos motoristas. Os custos com acidentes de trânsito são enormes. Os custos decorrentes das mortes dos seres queridos são incalculáveis.

Para fins de comparação o número de mortes por acidentes de carros nos EUA, onde a frota de veículos é cinco vezes maior que a brasileira, é de menos de 36 mil (dado de 2009) e, mais importante e impressionante, vem diminuindo desde 1990, quando eram de 47 mil.

Claramente, as políticas públicas contra essa mazela são ineficazes. Não conseguem reduzir significativamente o número de acidentes, nem o de mortes. Assim, o propósito deste post e dos seguintes é discutir esse problema, procurando entender por que as políticas públicas atuais não funcionam, e sugerir políticas que poderiam funcionar.

Entre as políticas públicas que vimos sendo aplicadas nos últimos anos, recordo-me das seguintes:

a. Aumento do custo para obter a carteiras de motorista;
b. Propagandas e políticas educacionais alertando para as consequências do desrespeito às leis de trânsito;
c. Redução da velocidade máxima em vias rápidas das grandes cidades, especialmente São Paulo;
d. Proliferação de radares eletrônicos;
e.  Endurecimento da lei para casos de embriaguez.

Este post discute rapidamente as duas primeiras políticas. No futuro, discutirei as demais.

Tirar uma carteira de motorista no Brasil é um verdadeiro inferno. É preciso fazer várias aulas práticas, inclusive noturnas com o risco de ser assaltado, afinal dirige-se devagar. Isso é tão grave, que algumas cidades proibiram aulas noturnas para evitar os assaltos. Obviamente, é preciso pagar por essas aulas. Há uma quantidade mínima de aulas teóricas, depois as provas, exame médico, psicotécnico, etc. Aos custos de tempo, adicione-se o custo pecuniário que chega a R$ 1.200 em set./2013 (+ 50% caso se desejem facilidades).

Para fins de comparação, morei em Chicago, Il. Tirar uma carteira de motorista custou-me US$ 10,00 em 1999 e uma manhã. Hoje é mais difícil por causa do Patriot Act, porém ainda mais acessível que no Brasil.

Tenho várias perguntas sobre isso.

Quantos acidentes foram evitados ou são evitados encarecendo a obtenção da carteira de motorista e prejudicando as pessoas menos favorecidas?

Por que as autoridades e especialistas de trânsito nunca mencionam que a obtenção de carteira de motorista nos EUA é muito mais barata e fácil, sendo que há mais veículos trafegando, e, ainda assim, lá há menos mortes por acidente de carros que no Brasil?

Por que as autoridades de trânsito não apresentam os fundamentos das decisões que tomam?

Por que não conseguimos acessar nenhum estudo das autoridades de trânsito mostrando o efeitos dessas políticas?

Com relação as propagandas educacionais, eu acho que são importantes. Mas, a falta de dados para avaliar sua eficácia me incomoda deveras.

Fora Renan?

Quem é o político que, até o momento, mais lucrou com as manifestações de junho? Marina Silva? Não, Renan Calheiros. Ironicamente, um dos alvos preferenciais dos manifestantes.

Marina cresceu nas pesquisas e se credenciou a ser a principal adversária da presidente Dilma na eleição de 2014. Mas o futuro de sua candidatura ainda é bastante incerto, a começar porque nem tem ainda um partido ao qual atrelar as suas aspirações presidenciais. Renan não. Este já está colhendo de maneira concreta os benefícios da ira popular contra os políticos e os poderes constituídos.

Graças aos protestos, a popularidade do governo despencou, a reeleição de Dilma se tornou mais incerta e o poder de barganha dos partidos aliados em relação ao Planalto aumentou. Em junho, no auge da agitação popular, Renan Calheiros, a pretexto de responder à voz das ruas, elaborou uma pauta de projetos calamitosos, em seu conjunto, para as contas públicas. Se todos fossem aprovados e implementados o custo para o Tesouro passaria de R$ 100 bilhões por ano. Além disso, alterou a sistemática de votações dos vetos presidenciais. Até junho, os vetos raramente eram apreciados pelo Congresso. Passaram a ser votados mensalmente. Ou seja, todo mês Renan terá em mãos farto material para barganhar com o governo, fora a pauta bomba fiscal que ele vem gerenciando com maestria. Tocou para frente os projetos menos danosos às contas públicas e segurou os que realmente quebrariam as pernas do Tesouro, como o que determina que a União aplique 10% de sua receita na área da saúde.

Como presidente do Senado e líder influente dentro do PMDB, Renan já era um político poderoso. Ficou ainda mais forte depois das manifestações. Pois é, o “Fora Renan” está saindo pela culatra.

Não entendi...

Isso: o governo está dizendo por aí que espera um deságio de 40% nas concessões...

40% !

Bom, sendo assim, parece que o preço mínimo que ele fixou não é nada binding, correto?

Ué, mas então precisava fixar preço minimo?

Não entendi


terça-feira, 10 de setembro de 2013

O preço do sucesso pode ser a mediocridade

Dizem que o segredo do sucesso é a constância do propósito; o amor genuíno pelo que se faz. Sei lá. Sucesso é um negócio meio elusivo. Uma espécie de perfume cuja fragrância não se recria mesmo que bem conhecendo seus ingredientes. Indecifrável como seja, o fato é que a vasta maioria das pessoas aspira ao sucesso. Afinal, êxito e triunfo profissional conferem prestígio e status social.

E quem não quer mais status social? Uma olhadela mais atenta ao que se passa em nossa volta logo deixa óbvio o porquê: elevado status confere uma série de recompensas sociais. Somos tratados diferentes: com deferência, com cooperação; nos transferem autoridade e até recursos. Com tantos “prêmios” – muitos simbólicos é verdade, mas escassos, logo, valiosos – é natural que a busca por status seja uma poderosa driving force do nosso comportamento.


Escolhas conflituosas

Existem no entanto dois tipos de status social: o local e o global. O status local é dado pela posição relativa do indivíduo dentro do grupo ao qual ele pertence. Dentro da seleção brasileira de futebol, por exemplo, Neymar tem mais status do que os demais. O status global, por sua vez, é dado pela posição relativa do grupo ao qual o indivíduo pertence dentro do universo de grupos. A seleção brasileira de futebol – continuando com o exemplo — teria mais status do que a seleção do Vietnã.

Nos importamos, todavia, com ambos os tipos de status. E é aqui que as coisas se complicam: a escolha entre esses tipos de status, para a vasta maioria das pessoas, encerrará um conflito: ter mais de um implicará na aceitação de menos do outro. Por exemplo: o pior jogador do melhor time de futebol da Série A provavelmente seria um dos melhores jogadores de um time da Série C. Similarmente, o melhor jogador do melhor time da Série C provavelmente não seria sequer titular do melhor time da Série A. Ou seja: mais (menos) status local implica menos (mais) status global. E não se deixe enganar pelos exemplos futebolísticos: esse conflito está presente em outros contextos – nas escolhas ocupacionais (Assistente do JP Morgan ou Chefe do Banco Cacique?), educacionais (“limão” em Harvard ou “top dog” na FGV?) e até de moradia (40m2 em Ipanema (RJ)/Jardins (SP) ou 120m2 na Tijuca (RJ)/Butantã (SP)?). Como dizem na língua da rainha, you cannot have it both ways.


Big fish in small pond or small fish in big pond?

Ok, há um conflito. Mas a escolha deveria ser óbvia, certo? Afinal, não há dúvida de que fazer parte de um grupo formado pelo “créme de la créme” em alguma dimensão deve trazer uma série de benefícios para nós (aprendizado, conhecimento, networking etc). Pode ser. Mas aparentemente, estar entre os melhores is no free lunch. Em contextos educacionais, por exemplo, os psicólogos já documentaram ampla evidência de que estar entre os melhores pode dentar a auto-estima desses indivíduos – o que eles chamam de “big-fish-little-pond effect”(BFLPE) (ver, por exemplo, esse estudo aqui em 26 países; o tal do BFLPE foi encontrado em todos! O Brasil está incluso na amostra).

O mecanismo por trás desse efeito é simples: comparamos nossa performance com a performance dos pares e usamos essa avaliação como base para formar a avaliação que fazemos de nós mesmos. Em um grupo de altíssima performance, onde a performance média é obviamente muito alta, mesmo alguém muito bom pode se ver medíocre quando compara-se com outros. A auto-estima vai ao chão. E o “self-concept” – o que achamos de nós mesmos em vários domínios – importa; e muito: já se documentou, por exemplo, que sentir e pensar positivamente sobre si mesmo é um importante previsor da performance no trabalho, no esporte e na escola.


Teoria: O caso da “Aversão à Mediocridade”

Nem todo mundo necessariamente está disposto a fazer essas trocas entre tipos de status. É o que eu chamo de “aversão à mediocridade”. No gráfico abaixo eu ilustro esse caso.


No eixo horizontal temos o status local do sujeito, que cresce quando nos movemos para a direita. No eixo vertical temos o seu status global, que cresce quando nos movemos para cima. A reta vermelha é uma restrição de status que define as combinações máximas de status global e local que o sujeito pode ter. É uma espécie de “fronteira de possibilidades”. Sua inclinação negativa captura o conflito que existe entre o status local e global. Veja que para aumentar seu status local, o sujeito precisar aceitar fazer parte de grupos com status cada vez menor.

As curvas de indiferença representam as combinações de status local e global que deixam o sujeito igualmente satisfeito. Como mais dos dois tipos de status é preferível a menos, as curvas de indiferença "mais altas" entregam ao sujeito níveis maiores de satisfação/utilidade. Notem que a inclinação de cada uma dessas curvas não é constante ao longo dela, o que procura capturar a ideia de que as "taxas" de troca entre um tipo de status pelo outro dependem da posição em que você se encontra. Notem também que as posições de status nos segmentos da curva de indiferença na área amarela retratam uma preferência por mais status global em detrimento do status local. O inverso acontece nos segmentos das curvas na área verde (estou "abusando" do gráfico aqui, pra fins de simplicação, já que esses "tipos" precisam, a rigor, ter curvas de indiferença distintas).

Veja que em relação à posição inicial, a posição final é uma improvement nas duas dimensões de status. As curvas de indiferença desse sujeito eram tais que em seu caminho rumo ao par ótimo de status local e global (o ponto da posição final), o sujeito não fez qualquer concessão dos níveis de status local e global iniciais. What a bold guy!

Mas e daí meu bem?

Uma vez aceito que há uma relação concorrente entre status local e global, há duas perguntas naturais e importantes a serem feitas. Primeiro: como é a distribuição das preferências das pessoas sobre esses tipos de status? Elas preferem ser “big fish in small pond”, “small fish in big pond” ou simplesmente são “avessas à mediocridade”? Segundo: quais as implicações dessa distribuição na alocação, em particular, de talento/inteligência entre os grupos e, consequentemente, na distribuição das variáveis influenciadas por talento/inteligência que nos interessam (por exemplo, produtividade)? Eu e David Turchick estamos a caminho de dar respostas teóricas e empíricas à essas questões – ou assim esperamos (may the force be with us!).

Meu palpite, baseado em dados de produtividade acadêmica e salário dos professores de economia das universidades de Califórnia-Berkeley e de Califórnia-Irvine (valeu Aya!), é que há mais pessoas dispostas a trocar menos status global por mais status local do que minha intuição sugeriria. Isso pode explicar, ao menos parcialmente, o que vi: professores de Irvine (63ª posição no mundo) muito mais produtivos do que seus congêneres em Berkeley (6ª posição) e no entanto com salários menores; isto é, sem que haja uma compensação monetária que justifique estarem numa instituição em uma posição relativa consideravelmente menor.

Seja lá qual for o segredo do sucesso, uma coisa é certa: ele é construído sobre a habilidade de fazer mais do que apenas “good enough”.

TCU mandou avisar

ao governo que esse negocio aí de ter uma empresa VALEC garantindo demanda para o setor privado e passando o risco para o contribuinte não pode não.

e agora?

em algum lugar sério tem isso, essa coisa de empresa do governo comprando toda demanda de infra para o setor privado não correr risco de quebrar a cara?

acho que o TCU está certo...

Mãos ao alto, consumidor

A notícia é velha, mas achei interessante discuti-la de qualquer forma. As operadoras de celulares propuseram e a Anatel aceitou: aparelhos não homologados (aka xing-lings) serão bloqueados a partir de 2014. Veja notícia aqui e aqui.

Na verdade, a união de interesses entre empresas e governo faz todo o sentido do mundo nesse caso. Uma análise de bem estar mais simples possível (com base em oferta e demanda) indica que a entrada de celulares via contrabando funciona como uma redução na proteção efetiva às firmas domésticas, levando portanto a: (i) diminuição do excedente do produtor, e (ii) redução na receita de impostos. Mas há um terceiro grupo que ganha com isso: consumidores domésticos, que podem comprar celulares a preços mais baixos. E são principalmente os consumidores mais pobres os beneficiados pelo acesso aos celulares xing-ling.

Ou seja, o bloqueio aos celulares piratas trará ganhos para operadoras e governo, e perda para os consumidores. E, na ausência de uma falha de mercado muito séria, a perda dos consumidores será superior aos ganhos combinados de firmas e governo. A não ser que haja essa baita falha de mercado (que não consigo enxergar nesse caso), a intervenção não faz sentido da perspectiva de bem estar agregado.

Além do problema da evasão de impostos, há outros argumentos usados nesse caso:

1.  Os celulares xing-ling são de baixa qualidade

Isso é problema do consumidor. Ao comprar um celular via contrabando, ele entende (ou deveria entender) que está tomando risco. Proibi-lo de fazer isso só limita suas opções de escolha e reduz seu bem estar.

2. Os celulares xing-ling geram congestão na infraestrutura

Não entendo nada do assunto, mas o argumento me parece estranho. A recomendação deveria então ser: limitação na venda de chips por parte operadoras. Além disso, a congestão só apareceria se as pessoas não precisassem pagar (ou pagassem muito barato) para usar a infraestrutura. Não me parece ser o caso aqui.

No fim das contas, acho que a boa e velha economia política provê a melhor justificativa para a restrição aos celulares xing-ling. Produtores (operadoras) são um grupo pequeno com ganhos individuais elevados, que consegue se organizar com mais facilidade. Consumidores são um grupo mais difuso, cuja perda individual não é tão grande (ainda que a perda agregada seja substancial), e que têm portanto uma dificuldade enorme em se organizar e barrar a medida. Muitos sequer ficam sabendo da restrição.


domingo, 8 de setembro de 2013

Estadão nesse Domingo

O Pastore disse que quando sobe o risco, cai a demanda por títulos no Brasil e aí o preço cai, e aí o juro sobe. Legal. Ele disse tambem que a única coisa efetiva a se fazer é ajustar o fiscal. Ele disse que aí cai a demanda agregada e ajuda na inflação, que está alta. E cai risco e aí cambio aprecia e ajuda na inflação também via esse canal. Legal.

O Mohamed El-Arian disse que os BCs fizeram muito no pós-2008 porque os Tesouros fizeram pouco e que isso gerou distorções, mas que não tinha muito jeito, mas que QE ajudou apenas pouco. Legal. Ele disse também que precisa ter crescimento pra tudo ficar em paz. Legal.

O Rogoff disse que os Emergentes nao fizeram reformas e agora que acabou a festa dos commodities ficou dificil a vida. Legal.

O Vargas Llosa disse que foi na França pra ver os locais que o Flaubert usou na confecção do Madame Bovary. Legal. Ele disse que queria reler Flaubert mas aí cruzou com um livrinho legal que falava de grandes pessoas que precisaram lutar contra a opressão de governos e do senso comum: o Oscar W., um filósofo alemão e outra pessoa que esqueci. Legal.


sábado, 7 de setembro de 2013

"Fim de Semana"

Nesse Blog, acordou-se que o fim de semana é livre.

Eu coloco aqui o que é na minha opinião o melhor desenho animado de todos os tempos:

http://www.youtube.com/watch?v=EbC_O0nqbTs

Os destaques são a mulher do tarzan e o duende fumando nas costas do cachorro. Espetacular.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

regressão do cambio (com raiz unitária!)

Eu rodei essa regressão com dados semanais de cambio em: cte; juro eua; juro bra; cds bra

Claro, tem uma raiz unitária bizarra no resíduo da regressão

Mas foda-se

Eu queria ver se nas últimas semanas o cambio tinha ido muito pra longe do que essas variáveis indicam

Foi sim



Ainda sobre o fiscal do BC

Eles disseram lá que o fiscal caminha para a neutralidade...

Ninguem entendeu. Teve gente que disse que é porque o PIB nominal vai ser menor; teve gente que disse isso meio diferente: que o BC olha pro estrutural (e ele é menor quando PIB é menor)

E teve gente que leu como: é que vai parar de piorar, vai se estabilizar...mas isso nao tem a ver com contribuir ou não para esfriar a demanda agregada certo? Ou fiquei louco? Olha, se o déficit nominal se estabilizar em 15% do PIB esse seria um caso de política fiscal neutra? Só por que nao está indo para 20%??

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Paragrafo 21 da Ata

Na ata da reunião passada do Copom, o BC puxou a orelha do Tesouro, falando que a política fiscal era expansionista.

Na ata dessa reunião, ele tirou isso de lá, falou que o fiscal caminha pra neutralidade!! Mas o fiscal vai piorar daqui pra frente...

O BC tomou uma bronca da chefe, ou o quê??

Syria?

A friend asked: If the stocks fell because of the war, Why gold and oil did not rise yesterday?
I said he had a good point.
Stocks fell because they fell is the best answer

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Pânico

Com base em uma amostra de clientes de um banco italiano, Guiso, Sapienza e Zingales documentam que a aversão ao risco média aumentou significativamente com a crise. Para medir aversão ao risco, eles propõem uma loteria hipotética aos envolvidos (10.000 euros com 50% de chance, e 0 com 50%), e perguntam a cada pessoa: qual o valor M, tal que você estaria indiferente entre ganhar M com certeza, e topar o risco da loteria? E, de fato, os autores constatam que o valor M médio diminuiu significativamente entre 2007 e 2009 para as pessoas da amostra.

Isso não parece estar ligado às explicações típicas para elevação na aversão ao risco: redução na riqueza e na renda, e aumento na incerteza. Verifica-se o efeito acima mesmo para pessoas com nenhuma grana investida em ações, ou para indivíduos com renda certa (funcionários públicos e pensionistas).

Qual a explicação para a elevação na aversão ao risco? Pânico, pura e simplesmente.

Para avaliar essa hipótese, os autores realizam o seguinte experimento: apresentaram um trecho de 5 minutos do filme de terror Hostel, para um conjunto de alunos de graduação de Northwestern. E aplicam questionário semelhante ao usado no caso dos clientes do banco italiano. O resultado: a exposição ao filme leva a uma queda média de 27% no valor de M.

Link para o paper aqui.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

L.R.N.M.N.E.P.

Via Belluzer´s piece in The Value today I learned Lara Rezende is asking not to be called an economist anymore. He said that Economics has absorbed too much of bad math, rendering the field useless.

I sense Lara Rezende cant solve a Hamiltonian, or a Bellman´s equation, and this hurts his pride as a macroeconomist. And the easiest way is to attack the whole lot of model-based theory.

I pitty you, Lara Rezende.

I propose a new prize, "Lara Rezende Non-Model Non-Economist Prize", or L.R.N.M.N.E.P.

I only will award the Prize at any time I see fit.

Ok, the first L.R.N.M.N.E.P goes to BELLUZER !!!

For criticising Lucas and Sargent even if he can´t read a single paper they published

Congrats Belluzer!

Andando de moto em São Paulo e o mecanismo de correção de erros

Considere a figura abaixo, que representa, estilizadamente, uma situação vivida diariamente por milhares de motoristas e motociclistas em grandes cidades do país, como São Paulo.




Para aqueles não familiarizados com a situação (ou que não reconheceram a arte brilhante), ela representa um motociclista (em vermelho) tentando ultrapassar veículos (em azul) pela faixa central (em pontilhado). Na figura à esquerda ocorre uma situação em que os veículos transitam mais afastados da faixa e, assim, há um espaço confortável para o motociclista fazer sua ultrapassagem. A figura à direita representa um caso em que os veículos estão muito próximos da faixa central e, portanto, há pouco espaço para o motociclista fazer sua ousada manobra.

Sendo um motoboy circulando pelas avenidas paulistanas, que situação você preferiria, a da esquerda ou a da direita? A resposta parece tão óbvia que nem mereceria um blog. É claro que o caso da esquerda representa uma ultrapassagem muito mais segura e, portanto, seria escolhida por 100% dos nossos motociclistas.

Ocorre que, em economia, há um troço que chamamos de mecanismo de correção de erros. A ideia, grosso modo, é que existe um certo caminho ou trajetória para alguma variável que as pessoas consideram como sendo ‘de equilíbrio’ e do qual os agentes procuram não se afastar muito. Por exemplo, se imagino que o preço de um ativo é governado por ‘fundamentos’ e que não existam bolhas, se o preço começa a aumentar muito relativamente a tais fundamentos, imagino que, em algum momento, ele vai cair e retornar aos fundamentos.

Imagine então nosso motorista circulando por São Paulo. Suponha que sua trajetória de equilíbrio é manter o carro o mais central possível entre as faixas (ou entre a faixa e a calçada) e que, caso ele se afaste dessa trajetória de equilíbrio, ele vai procurar corrigir e retornar ao centro. Nesse caso, os motoristas da ilustração à esquerda, percebendo que estão muito afastados da faixa, vão corrigir sua trajetória voltando para o centro e, portanto, em direção ao motociclista. Os motoristas da ilustração à direita, por sua vez, ao corrigir sua trajetória, vão também se direcionar mais ao centro da faixa e, assim, se afastar do motociclista.

Ou seja, se o motociclista levar em consideração a reação dos motoristas ao volante segundo a ideia de correção de erros, pode ser que o caso da ilustração à esquerda já não pareça mais tão seguro em relação à ultrapassagem da figura à direita.


Conclusão: Sim, eu sei. Nunca andei de moto na minha vida.

Benedictions

1:1 In the beginning, Ben Bernanke hath said, let there be liquidity.
1:2 And so didst the Federal Reserve reduce the cost of money to zero, and increase its balance sheet four-fold, buying one third
of the US Treasury market.
1:3 And for one thousand days and seven hundred, so didst the Federal Reserve keep short term interest rates at zero, depriving
the moneylenders of their profit.
1:4 The cheapness of money made all the stocks in the land, whether beast or fowl, look attractive to the people. And so didst
the equity markets rise by 100% since December 2008, bringing joy to all investors who hath owned them.
1:5 And when the people studied prior recessions and recoveries, they discovered that the stock market’s current rise could not
be fully explained by improvements in corporate profits, manufacturing surveys, interest rates and inflation, as in the past. They
believed that a higher power hath watched over them.
1:6 And so each among them sayeth the following benediction: “May the Fed bless you and keep you; may the Fed extend its
balance sheet to shine upon you; and may the Fed lift up asset prices and protect you from harm”.
(copiado, sem autorização, do Eye on the Market)

GDP & 10yr

O JPMView acha um puzzle. Pessoalmente acho que a política monetária virou função (quase) exclusiva do mercado de trabalho.

Quanto custa mentir?

Quem já mentiu sabe: faltar com a verdade pode ser custoso. Você pode sofrer algum tipo de punição externa -- que pode ser reputacional -- ou mesmo ter que lidar com o desconforto psicológico de estar fazendo algo em desalinhamento com sua identidade moral, seus valores.

Dia desses, por exemplo, a hostess de um restaurante me perguntou o que achei da comida do chef. "Muito boa", disse eu. Baita mentira. Achei sem graça. Até que bem enfeitada, mas sem alma, sem um flavor punch. Me senti mal pelo feedback insincero.
Custoso como possa ser, o fato é que as pessoas mentem. E, diz a teoria padrão, mentirão sempre que for materialmente benéfico assim agir. Isso tem de fato sido sistematicamente documentado em experimentos de laboratório sobre o tema (ver, por exemplo, Gneezy (AER 2005) e Houser et al. (EER 2012)). Johannes Abeler, Anke Becker e Armin Falk sugerem, no entanto, que a aversão a mentir é maior do que esses experimentos em laboratório sugerem. O estudo está aqui.

O experimento é simples. Eles ligam para os participantes -- uma amostra representativa da população alemã -- e pedem que joguem uma moeda e relatem o resultado: se der coroa, ganham 15 Euros (em dinheiro ou na forma de um vale-presente da Amazon). Se der cara, levam nyet, nada, zilt. Os incentivos para mentir aqui são claros: rende uns bons trocados, é impossível de ser detectado e dificilmente vai ter alguma consequência reputacional, já que o entrevistador é um completo estranho com quem o participante não espera interagir. Mesmo assim, os resultados são intrigantes: 44.4% dos participantes disseram ter observado coroa (que rendia 15 Euros), o que é ligeiramente menos do que o que seria esperado. Em um outro experimento, no qual os participantes tem agora que reportar o resultado de 4 jogadas consecutivas da moeda, os resultados são os mesmos: os números agregados seguem de perto a distribuição esperada sob a hipótese de completa honestidade. Très admirable.


Não é claro saber o que exatamente está acontecendo aqui. Preocupação com auto-reputação? Preferências sobre seu identity type (à la Benabou e Tirole)? Força de normas sociais?

É provável que essas coisas estejam todas misturadamente interagindo aqui. O fato é que tomado à luz das outras dezenas de estudos sobre deception, esse estudo sugere que o contexto parece ativar alguma norma social cujo custo de violação é não trivial.

Uma coisa é clara: Quando mentir tem custos, talk is not cheap.

Moneyball, parte 2

Salários devem refletir a produtividade do trabalhador. Mas Moneyball mostra uma falha nesse mecanismo no mercado americano de jogadores de baseball, já que a equipe do Oakland A's conseguiu montar um time bom, com pouco dinheiro (ou seja, pagou salários baixos em comparação à produtividade dos jogadores). Em outras palavras, havia uma oportunidade de arbitragem, que foi explorada pela equipe.

O artigo de Jahn Hakes and Raymond Sauer, no Journal of Economic Perspectives, traz evidências consistentes com a história acima. Basicamente, eles notam que um conjunto de estatísticas explica bem vitórias, mas não salários na liga americana de baseball. E foram justamente essas as estatísticas usadas pelos A's na montagem de seu time.

O interessante é que essa disparidade diminuiu nos últimos anos da amostra utilizada no artigo (2000-2004). Ou seja, oportunidades de arbitragem não duram para sempre.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

When FK was young (sehr wonkish)

He raised his hand when I taught him Sargent and Wallace´s result about the indeterminacy of equilibria under an interest rate target arrangement and hastily added: "but professor X, coupled with a fiscal theory of the price level, that doesn´t hold anymore. So why the fuss?".

I praised FK for the wise comment and said: "That´s correct, FK, but somewhat irrelevant". And I went on to say "True, too much fuss, but for another reason. What S-Wallace show is that a fixed nominal rate will generate multiple equilibria, but an interest rate rule that is either a simple Taylor based on endogenous variables, or a forward-looking rule based also on endogenous variables, will not lead to multiple equilibria. And that´s what CBs do; they dont fix the prime rate based on exogenous sunspots"

I realized FK, still young and willing to learn, liked this response back then. He became wiser, and humbler, studied hard and finally became the most important economist in his building.

Moneyball

Moneyball retrata a estratégia de Billy Beane, manager da equipe de baseball Oakland A's. A ideia é usar dados dos jogadores da liga, e achar os underpriced (com salário baixo relativamente à produtividade). Assim, pode-se montar um time bom com pouco dinheiro.

Essa estratégia funciona se os jogadores forem razoavelmente independentes, ou seja, se o resultado agregado do time for bem aproximado pela soma das performances individuais. Em outras palavras, a função de produção é linear (aproximadamente). Pelo pouco que conheço de baseball, isso me parece descrever razoavelmente bem o jogo.

Funciona no futebol? Difícil, pois há uma boa dose de interdependência entre os jogadores. Ou seja, a função de produção é cheia de complementaridades entre os insumos. Para estimar a probabilidade de sucesso, talvez seja necessário um modelo em que a performance seja explicada por variáveis dos jogadores, incluindo vários de termos de interação. Mas isso aumenta o número de parâmetros, provavelmente comprometendo a qualidade das estimativas. Sem falar das malditas não observáveis.

Times de futebol já estão usando "big data". A revista The Economist recentemente fez uma interessante matéria sobre o tema (link).

REGRAS

Caro leitor e caros irmãos X

Esse Blog tem regras que visam nossa proteção.

1- NÃO PODE XINGAR HETERODOXO (nem ortodoxo) AQUI (porque é desrespeitoso e porque eles mandam apagar nóis na esquina e a gente temos família).

2 - NÃO PODE XINGAR GENTE MUITO PODEROSA (porque eles foram eleitos pelo POVO, ou colocados lá por gente eleita pelo povo, e porque eles podem ficar bravos e mandar apagar nóis e a gente temos família)
 
3 - PODE BATER À VONTADE NAS IDEIAS HETERODOXAS (porque elas estão de fato sempre erradas e elas fazem mal para o Brasil)

4 - PODE FALAR PALAVRÃO, DESDE QUE ISSO NÃO IMPLIQUE EM 1 OU 2 (mas posts em que palavrões passem 45% do numero total de palavras também serão apagados)

5 - CASO  1 ou 2 OCORRAM, O COMENTÁRIO/POST SERÁ APAGADO DAQUI E ENVIADO DIRETAMENTE A ALGUEM DA AREA DE SEGURANÇA DO GOVERNO.

Exemplo do que não pode:

"O idiota do ... disse que nada mudou na condução da política fiscal do país"

Pode:

"O...afirmou que nada mudou na condução da politica fiscal. Ele só pode estar de brincadeira ou de má intenção (o que dá no mesmo), visto que: bla, bla, bla"

Atenciosamente

X, founder

Preciso avisar minha filha disso

O Giambiagi dessa vez conseguiu me assustar...li no Valor de hoje que em 2050 a razão entre população acima de 60 anos e população entre 15-60 anos será de 50%.

Em 2060 isso vai para quase 70%.

Bizarro.

Preciso avisar minha filha de 7 anos que ela só vai poder parar de trabalhar com uns 70 anos. E vou avisar a ela do calote que vai acontecer lá na frente; sugerirei que ela dolarize parte da sua renda. Preciso deixar isso tudo anotado, pois a gente sempre se esquece do calote que virá seguramente em 2059.

domingo, 1 de setembro de 2013

Teoria da conspiração

Dilma tinha um problema...

Um senador exilado na embaixada brasileira na Bolívia há mais de um ano, ameaçando se matar. O governo boliviano não dava autorização para ele sair. Ficaria lá para sempre ou se suicidaria logo.

Evo tinha um problema...

O senador é seu opositor ferrenho. Evo tinha dito para todo mundo que o cara é bandido, mas não podia fazer nada com ele, pois estava na embaixada brasileira. E não podia dar o salvo conduto, pois pareceria fraco frente à população. Se deixasse ele ir para o Brasil, basicamente aceitaria que as acusações/condenações eram para inglês ver.

Patriota tinha um problema...

Dilma. O ministro não aguentava mais as broncas fenomenais que levava da presidenta.

A solução...

Eles entram em acordo. O Brasil traz o senador para cá, e a Bolívia finge que não vê.

Patriota conhece um cara, um solucionador de problemas -- tipo o Mr. Wolf do Pulp Fiction. A descrição de seu cargo (encarregado de negócios) é bem sugestiva. Dilma dá o ok e Evo diz que não vai se envolver. E Mr. Wolf tira o senador do Bolívia com facilidade.

Daí os envolvidos vão à imprensa e se dizem surpresos e indignados. Dilma fica tão "furiosa" que "demite" seu ministro das Relações Exteriores.

Todo mundo ganha...

Dilma ganha... O senador não se mata dentro da embaixada brasileira.
Evo ganha... O inimigo debaixo do seu nariz e ele não podia fazer nada. Estava virando piada. Ele manda o problema para longe e bota a culpa na potência imperialista vizinha (sim, o Brasil). O senador não é um boliviano exilado, mas sim um fugitivo na justiça de seu país.
Patriota ganha... Vai para longe de Dilma.
O senador ganha... óbvio.

The End.