quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Salários de técnicos de futebol

Técnicos de futebol no Brasil ganham muito bem, pelo menos nos chamados times grandes. Chegam inclusive a rivalizar com alguns clubes médios europeus nessa dimensão. Apesar disso, observamos pouquíssimos casos de técnicos brasileiros atuando em ligas europeias, e ainda menos técnicos estrangeiros por aqui.

Isso evidencia um elevado grau de segmentação entre tais mercados, ou seja, a produtividade de um técnico brasileiro (estrangeiro) na Europa (Brasil) é próxima de zero. Brasileiros só funcionam no Brasil.

Essa configuração me parece paradoxal (não tenho uma boa explicação ainda, só quero levantar a questão). Afinal, o futebol jogado aqui (apesar do estilo diferente) é o mesmo de lá de fora. Além disso, vários jogadores atuando no mercado local já passaram pela Europa.

Uma possível explicação é a elevada rotatividade de técnicos no Brasil. O salário alto poderia estar compensando esse risco. Entretanto, a rotatividade está se reduzindo nos últimos anos, enquanto que os salários continuam elevados. E, se a segmentação não existisse, tais profissionais poderiam se recolocar mais facilmente em clubes estrangeiros, reduzindo o custo pessoal da rotatividade e, consequentemente, o prêmio de risco supostamente embutido no salário.

Outro fato torna a situação ainda mais paradoxal: há um número não desprezível de técnicos argentinos trabalhando (ou que trabalharam recentemente) em clubes de expressão na Europa -- Martino, Pellegrini, Bielsa, Simeone, para citar alguns. Ou seja, a segmentação não aparenta ser um problema muito grave para eles. Sim, não há muitos técnicos estrangeiros na Argentina. Mas isso me parece ser reflexo da condição financeira mais precária dos clubes argentinos, o que os impossibilita de atrair profissionais de fora (ao contrários dos clubes brasileiros).

Tem também a questão do idioma. Mas isso é facilmente superável, principalmente em países latinos.

Nossos técnicos são tão ruins assim? Então por que não contratar estrangeiros para substituí-los?

11 comentários:

  1. Eu acho que eles são ruins. Mas como não acho que essa seja uma opinião comum, pra mim a barreira é um estigma do tipo "estrangeiros não se adaptam ao nosso futebol", vide caso Guardiola na seleção. Claro que é uma pena, pq meu palmeiras tem q penar na mão desses picaretas. Os europeus, por sua vez, são mais espertos, e hj hesitam a repetir a dose depois de Luxemburgo e Felipao.

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  2. olhando rapido aparentemente os tecnicos que voce mencionou falam espanhol e no geral treinaram times da espanha. Acho a lingua de fato uma grande barreira. Felipao por exemplo teve sucesso em portugal nao somente porque é um bom treinador. Em um jogo muito rapido ou dinamico depender de tradutor ou falar mal a lingua local é um grande problema. Para o jogado isso muda um pouco, jogar futebol é que nem andar de bicicleta, ainda mais para esses jogadores bons que sao exportados.

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  3. a produtividade do joel falando ingreix cai pra menos da metade la fora..ele finge q fala e a galera finge q entende..

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  4. A língua é uma barreira importante na minha opinião.
    Outro ponto que chama a atenção é exatamente a alta rotatividade, que pode impedir que um técnico de elevado padrão ganhe títulos em sequência e seja exposto na vitrine (os únicos exemplos recentes que eu lembro são Muricy com São Paulo e Tite com o Corinthians). Via de regra, mesmo que o técnico ganhe 1 campeonato, se não ganhar os próximos já é demitido e não consegue estabelecer uma trajetória de, digamos, médio prazo na mesma equipe. A troca de equipe, e mesmo a troca constante de jogadores, traz ruídos para os seus resultados (diferentemente do jogador, cuja atuação individual pode ser observada sem tanta depêndencia - apesar de existir - da coletiva)

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  5. Tendo a achar que a língua é o principal entrave para a troca de técnicos entre Brasil e Europa.

    Por alguns motivos, os técnicos argentinos (obviamente já falam espanhol), mas também possuem conhecimentos de inglês para poder atuar na Europa. Essas duas línguas já abrem portas gigantescas no futebol Europeu (Espanha e Inglaterra), além de outras ligas (já que a maioria dos grandes clubes contam com jogadores com conhecimento da língua inglesa).
    Enquanto que a maioria dos técnicos que atuam no Brasil foram boleiros da década de 1970-80, quase nenhum deles possui conhecimento de outra língua além do português (o que o restringe ao fraco mercado de Portugal).

    A troca de técnicos Europeus ao Brasil também não ocorre pelo mesmo motivo, nossos jogadores não entendem nada de outra língua que não seja a nossa.

    Exemplos claros foram o Luxisburgui no Real Madri, a disparidade entre o Felipão de Portugal e o Felipão do Chelsea, o Leonardo que conseguiu uma vaga no Milan (depois de ser diretor e ter conhecimento claro da lingua italiana), o Mourinho que fala várias linguas. Enfim, só abriremos o mercado quando todo mundo conseguir se entender com facilidade.

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  6. É língua!
    Argentino fala espanhol, e sabe mais outras línguas.
    Brasileiro não fala nada além de brasileires

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  7. Parte desse efeito, possivelmente, se explica pelo status do treinador, ponto levantado por um post recente do blog (http://www.economistax.blogspot.com.br/2013/09/o-preco-do-sucesso-pode-ser-mediocridade.html)

    Ser um dos melhores do Brasil ou um zé ninguém na Europa?

    Daniel

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    1. Interessante ponto, Daniel!

      Mas isso não empurraria o salário do cara para baixo? O técnico brasileiro não estaria disposto a receber um salário menor aqui só por conta do status?

      Esse mecanismo explicaria por que europeus não vêm (não estariam preocupados com status e portanto pediriam muito mais dinheiro que os locais). Mas não explica por que o salário aqui é tão alto.

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  8. A meu ver há duas razões que explicam o fato de alguns técnicos brasileiros de futebol ganharem tanto. Uma delas pode ser encontrada do lado da demanda, ou, mais especificamente, na escolha dos consumidores. Muricy Ramalho é, grosso modo, tão técnico de futebol quanto Claudinei Oliveira (técnico atual do Santos), mas enquanto o primeiro fatura algo como R$500 mil por mês o segundo mal chega a R$80 mil. Isto ocorre porque milhares de pessoas estarão mais dispostas a adquirirem ingressos e camisas para verem jogos de times comandados por Muricy ,que é um técnico vencedor, do que no caso de Claudinei. Dito de outro modo, Muricy é, atualmente, mais “produtivo” que Claudinei. Suas produtividades podem ser medidas pelos campeonatos conquistados e pelo seu impacto nas bilheterias e nos patrocínios.
    A segunda razão pode ser encontrada no lado da oferta. Muricy ganha muitas vezes mais que alguns dos mais brilhantes cirurgiões cardio vasculares brasileiros. Isto ocorre não porque o futebol seja mais importante para a sociedade do que a cardiologia, mas sim porque o número de indivíduos com as necessárias aptidões para se tornarem excelentes cirurgiões cardio-vasculares excede em muito àqueles com talento para fazer o que Muricy faz. Em outras palavras, caso o contrário ocorresse e houvesse milhares de indivíduos com o talento de Muricy e apenas poucos com talento para a cirurgia cardio vascular, o quadro seria inverso.
    Quanto ao fato de haver poucos técnicos brasileiros em times europeus e nenhum europeu em times brasileiros me parece mais ligado às respectivas formações dos técnicos. Enquanto os de lá, ao trabalharem com jogadores menos técnicos que os brasileiros, são mais preparados para lidar com as táticas dos times, os nossos são reconhecidamente fracos em táticas, fiando-se mais na técnica dos jogadores. O idioma é irrelevante. Um bom tradutor resolve no início.

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  9. Um dos problemas é aquestão da adaptação do treinador no futebol brasileiro, como ele precisa conhecer seus adversários e a forma de jogar de cada um, contratar um técnico estrangeiro no meio da temporada é muito arriscado. No Brasil, as demissões são mais comuns no meio da temporada do que no final, porque, quando a diretoria do time percebe que o objetivo não vai atingido, preferem trocar o treinador imediatamente do que mantê-lo até o final.

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