Na graduação, para explicar efeitos da política monetária devido a salários nominais rigidos, conta-se uma história meio assim: uma alta dos preços não esperada, vinda do choque monetário, reduz W/P e as empresas demandam mais mão-de-obra.
De onde vem essa mão de obra adicional, ninguém explica direito aos alunos, mas tem que ter alguma coisa esquisita na oferta, para ela não cair com a queda do salário real...tem que ter alguma miopia dos trabalhadores.
De onde vem essa mão de obra adicional, ninguém explica direito aos alunos, mas tem que ter alguma coisa esquisita na oferta, para ela não cair com a queda do salário real...tem que ter alguma miopia dos trabalhadores.
Note o seguinte: precisamos, para W/P cair, que P suba, ou seja, precisamos de salários rígidos e preços não-rígidos! Guarde isso na memória.
Na pós-graduação, é assim: tem concorrência monopolística e então p > cmg para as firmas. Aí se você expande demanda agregada, as firmas aumentam produção com preço rígido porque nessa região em que p > cmg tal decisão aumenta o lucro total. Veja que se não tiver concorrência monopolística, ou seja se p = cmg e p for rígido, as firmas não aumentam quantidade porque elas perdem dinheiro na hora que cmg > p. Então não basta a rigidez de preços. Ok, e onde entram os salários rígidos nessa história? No modelo da graduação se você meter preços rígidos você mata o mecanismo que eu descrevi antes, pois aí depois da expansão monetária W/P não cai. Cacete...che confuzione.
No modelo da pós, o salário nominal rígido ajuda a dar mais efeito quando casado com o preço rígido. Pelo seguinte: quando a firma aumenta a produção, o salário estando rígido, a inclinação do custo marginal é menor, então o deslocamento da demanda agregada bate mais ainda em quantidade. Em outras palavras, o triângulo de ineficiência é mais gordo, ou dito de outro modo, a externalidade positiva da demanda agregada do Blanchard-Kyotaki é maior.
Mas ainda tem mais um item nessa brincadeira de equilíbrio geral que quase ninguém explica aos pobres alunos da pós: de onde vem esse trabalho a mais?? Por que nego oferta mais trabalho, cacete? Vem daqui: nesses modelos labor é bem específico, não uma commoditie homogênea. Por conta disso, w > marginal disutility of work. Assim, as pessoas estão dispostas a trabalhar mais quando convocadas pelas firmas porque mesmo que L maior eleve a marginal disutility of work (segunda derivada positiva), a restrição não era binding inicialmente (w > marginal disutility of work).
Deu pra entender? Dá próxima vez que seu professor de macro na pós tentar te fazer engolir apenas parte dessa história, reclame!
Hey, CESG, I liked that man.
ResponderExcluirOh, yes, I am alive. Rereading Salinger's books and MGW here at my cottage in MA, USA.
Olá Prof. Carlos Eduardo!
ResponderExcluirNa graduação (que tive com você, inclusive) achava essa lógica realmente simplória, e agora vejo que o mesmo ocorre com pressupostos aplicados na pós-graduação. A teoria é complexa e simplista ao mesmo tempo, e por isso a compreensão se torna menos efetiva em alguns casos, justamente por não se orientar decerto modo adequado essa dualidade.
Mas o que me chama mais a atenção em comentários desse tipo é o descasamento existente entre o conteúdo passado da graduação e da pós. Ora, se é tudo economia, acredito que quem faz a graduação deveria ter uma outra lógica adicional assim também, né, além do básico comentado. Acredito que a graduação (que é a base mais importante para o economista) deve ser sólida e fundamentada em conceitos críticos e amplos, de forma suficiente a permitir a análise adequada do profissional, em outras vertentes, e não restringir determinadas discussões a só quem pode passar mais alguns anos na pós-graduação, como é o que acontece.
Infelizmente a maioria não pode se dedicar mais anos à economia teórica para estudos por questões financeiras, e por isso paga caro ao ter parte do conhecimento estruturado de forma mais superficial ao que deveria ser.
Ei Economistas, algum comentário sobre Sylos Labini ?
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