sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Rigidez nominal de salários na graduação e na pós-graduação (molto difficile)

Na graduação, para explicar efeitos da política monetária devido a salários nominais rigidos, conta-se uma história meio assim: uma alta dos preços não esperada, vinda do choque monetário, reduz W/P e as empresas demandam mais mão-de-obra.
De onde vem essa mão de obra adicional, ninguém explica direito aos alunos, mas tem que ter alguma coisa esquisita na oferta, para ela não cair com a queda do salário real...tem que ter alguma miopia dos trabalhadores.

Note o seguinte: precisamos, para W/P cair, que P suba, ou seja, precisamos de salários rígidos e preços não-rígidos! Guarde isso na memória.

Na pós-graduação, é assim: tem concorrência monopolística e então p > cmg para as firmas. Aí se você expande demanda agregada, as firmas aumentam produção com preço rígido porque nessa região em que p > cmg tal decisão aumenta o lucro total. Veja que se não tiver concorrência monopolística, ou seja se p = cmg e p for rígido, as firmas não aumentam quantidade porque elas perdem dinheiro na hora que cmg > p. Então não basta a rigidez de preços. Ok, e onde entram os salários rígidos nessa história? No modelo da graduação se você meter preços rígidos você mata o mecanismo que eu descrevi antes, pois aí depois da expansão monetária W/P não cai. Cacete...che confuzione.

No modelo da pós, o salário nominal rígido ajuda a dar mais efeito quando casado com o preço rígido. Pelo seguinte: quando a firma aumenta a produção, o salário estando rígido, a inclinação do custo marginal é menor, então o deslocamento da demanda agregada bate mais ainda em quantidade. Em outras palavras, o triângulo de ineficiência é mais gordo, ou dito de outro modo, a externalidade positiva da demanda agregada do Blanchard-Kyotaki é maior.

Mas ainda tem mais um item nessa brincadeira de equilíbrio geral que quase ninguém explica aos pobres alunos da pós: de onde vem esse trabalho a mais?? Por que nego oferta mais trabalho, cacete? Vem daqui: nesses modelos labor é bem específico, não uma commoditie homogênea. Por conta disso, w > marginal disutility of work. Assim, as pessoas estão dispostas a trabalhar mais quando convocadas pelas firmas porque mesmo que L maior eleve a marginal disutility of work (segunda derivada positiva), a restrição não era binding inicialmente (w > marginal disutility of work).

Deu pra entender? Dá próxima vez que seu professor de macro na pós tentar te fazer engolir apenas parte dessa história, reclame!

3 comentários:

  1. Hey, CESG, I liked that man.

    Oh, yes, I am alive. Rereading Salinger's books and MGW here at my cottage in MA, USA.

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  2. Olá Prof. Carlos Eduardo!

    Na graduação (que tive com você, inclusive) achava essa lógica realmente simplória, e agora vejo que o mesmo ocorre com pressupostos aplicados na pós-graduação. A teoria é complexa e simplista ao mesmo tempo, e por isso a compreensão se torna menos efetiva em alguns casos, justamente por não se orientar decerto modo adequado essa dualidade.
    Mas o que me chama mais a atenção em comentários desse tipo é o descasamento existente entre o conteúdo passado da graduação e da pós. Ora, se é tudo economia, acredito que quem faz a graduação deveria ter uma outra lógica adicional assim também, né, além do básico comentado. Acredito que a graduação (que é a base mais importante para o economista) deve ser sólida e fundamentada em conceitos críticos e amplos, de forma suficiente a permitir a análise adequada do profissional, em outras vertentes, e não restringir determinadas discussões a só quem pode passar mais alguns anos na pós-graduação, como é o que acontece.
    Infelizmente a maioria não pode se dedicar mais anos à economia teórica para estudos por questões financeiras, e por isso paga caro ao ter parte do conhecimento estruturado de forma mais superficial ao que deveria ser.

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  3. Ei Economistas, algum comentário sobre Sylos Labini ?

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