Para aqueles não familiarizados
com a situação (ou que não reconheceram a arte brilhante), ela representa um
motociclista (em vermelho) tentando ultrapassar veículos (em azul) pela faixa
central (em pontilhado). Na figura à esquerda ocorre uma situação em que os
veículos transitam mais afastados da faixa e, assim, há um espaço confortável
para o motociclista fazer sua ultrapassagem. A figura à direita representa um
caso em que os veículos estão muito próximos da faixa central e, portanto, há
pouco espaço para o motociclista fazer sua ousada manobra.
Sendo um motoboy circulando pelas
avenidas paulistanas, que situação você preferiria, a da esquerda ou a da
direita? A resposta parece tão óbvia que nem mereceria um blog. É claro que o
caso da esquerda representa uma ultrapassagem muito mais segura e, portanto,
seria escolhida por 100% dos nossos motociclistas.
Ocorre que, em economia, há um
troço que chamamos de mecanismo de correção de erros. A ideia, grosso modo, é
que existe um certo caminho ou trajetória para alguma variável que as pessoas
consideram como sendo ‘de equilíbrio’ e do qual os agentes procuram não se
afastar muito. Por exemplo, se imagino que o preço de um ativo é governado por
‘fundamentos’ e que não existam bolhas, se o preço começa a aumentar muito
relativamente a tais fundamentos, imagino que, em algum momento, ele vai cair e
retornar aos fundamentos.
Imagine então nosso motorista
circulando por São Paulo. Suponha que sua trajetória de equilíbrio é manter o
carro o mais central possível entre as faixas (ou entre a faixa e a calçada) e
que, caso ele se afaste dessa trajetória de equilíbrio, ele vai procurar
corrigir e retornar ao centro. Nesse caso, os motoristas da ilustração à
esquerda, percebendo que estão muito afastados da faixa, vão corrigir sua
trajetória voltando para o centro e, portanto, em direção ao motociclista. Os
motoristas da ilustração à direita, por sua vez, ao corrigir sua trajetória,
vão também se direcionar mais ao centro da faixa e, assim, se afastar do
motociclista.
Ou seja, se o motociclista levar
em consideração a reação dos motoristas ao volante segundo a ideia de correção
de erros, pode ser que o caso da ilustração à esquerda já não pareça mais tão
seguro em relação à ultrapassagem da figura à direita.
Conclusão: Sim, eu sei. Nunca
andei de moto na minha vida.
Olá Prof., sou motociclista, ando diariamente em SP, na prática não funciona, o motorista da direita, tende a andar à sua esquerda, ele sente conforto em andar próximo a faixa, ele tem mais controle de espaço, assim como o motorista que está à esquerda. No trânsito não funciona a correção de erros, os agentes não são racionais.
ResponderExcluirValeu pelo feedback. Pela quantidade de acidentes de trânsito envolvendo motos, imagino que racionalidade dos agentes realmente seja um item escasso.
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